Uma integração que pode gerar bons resultados
Do Clima Espacial, uma área da Geofísica espacial e da Aeronomia, é ainda muito pouco conhecido para aqueles envolvidos com Geodésia e Geomática. Ela diz respeito à área do conhecimento que trata dos fenômenos solares e ocorrências físicas no ambiente espacial, os quais se manifestam de forma recorrente e afetam os astros e artefatos no espaço e na superfície da Terra. Entre os artefatos do espaço, os satélites de posicionamento são alguns deles. Na superfície, são sensores de navegação. Desta forma, as duas áreas se complementam, uma vez que os sistemas GNSS são de suma importância para as duas áreas, quer sejam de ordem científica ou operacional.
No Clima Espacial, que se insere na área maior denominada Aeronomia, os dados coletados dos satélites GNSS permitem que se realizem vários estudos envolvendo a Ionosfera, a partir dos cálculos dos valores de Conteúdo Eletrônico Total (TEC, na sigla em inglês) e de suas variações. Dentre os trabalhos desenvolvidos dentro do Clima Espacial, inserem-se os mapas de TEC e suas variações, além de tentativas de previsão de seu comportamento, incluindo a ocorrência de cintilação. Por outro lado, o conhecimento e mitigação da influência da ionosfera nos sinais GNSS são de interesse para aqueles envolvidos com posicionamento e navegação.
No Brasil, atividades relacionadas com o Clima Espacial estão sendo desenvolvidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), inseridas no contexto do Estudo e Monitoramento Brasileiro do Clima Espacial (Embrace). Utilizando dados GNSS da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Satélites GNSS (RBMC), do International GNSS Service (IGS) e da Rede GNSS-SP, que envolve estações no Estado de São Paulo, mapas de TEC estão sendo produzidos com um dia de atraso (ver figura). Também, encontra-se uma plataforma para produzir o mesmo tipo de mapa, mas em tempo quase real. Para tanto, dados GNSS da rede RBMC/IP e Rede GNSS-SP são essenciais para a geração desse produto. No Embrace, encontra-se também disponível o programa Sheffield University Plasmasphere-Ionosphere Model (Supim), que visa proporcionar previsões do comportamento da ionosfera, além de outras informações e dados úteis para as atividades espaciais, dentre outras.
A missão do Embrace se coloca como: “Monitoramento, modelagem e difusão da informação do Clima Espacial com investigação dos fenômenos e previsão dos efeitos significativos no espaço próximo e na superfície do território brasileiro, incluindo impactos em sistemas tecnológicos espaciais e terrestres”.
Veja mais em http://ning.it/XBqtmv. Os leitores interessados em detalhes adicionais podem visitar a página do Clima Espacial na Internet em www.inpe.br/climaespacial. Nesta página pode-se ter acesso também aos boletins diários do Clima Espacial
É graduado em engenharia cartográfica pela Universidade Estadual Paulista, com mestrado em
ciências geodésicas pela Universidade Federal do Paraná e doutorado em engenharia de levantamentos e geodésia espacial pela Universidade de Nottingham. Professor e líder do Grupo de Estudo em Geodésia Espacial da Unesp. Autor do livro Posicionamento pelo GNSS galera@fct.unesp.br