Uma série de acordos firmados pela Organização das Nações Unidas (ONU) possibilitará o lançamento, até o início de 2014, do Atlas do Desenvolvimento Humano da Região Metropolitana de São Paulo, que funcionará como “uma lupa” para mapear os indicadores sociais dos diferentes bairros da cidade e de 16 regiões metropolitanas. O último contrato, firmado com a prefeitura da capital, resolve um dos grandes problemas deste tipo de trabalho, que é o fornecimento de dados básicos pelo poder público.
O mapeamento criou um conceito chamado Unidade de Desenvolvimento Humano (UDH), que procura dar um recorte mais homogêneo aos problemas enfrentados em cada bairro da cidade. “O que estamos fazendo é como pegar uma lupa para olhar mais de perto, estamos aprofundando o nível (de observação). Quando fazemos isso é quase como se estivéssemos olhando para o bairro. Mas não usamos o conceito de bairro, usamos o de setor censitário”, explica Maristela Baioni, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). “Descobrimos, porém, que quando você olha o setor censitário, há dentro dele mesmo áreas que enfrentam desigualdades sociais”, diz Maristela, que é assistente do representante do Sistema ONU no Brasil, Jorge Chediek.
O trabalho de levantamento de informações está sendo feito pelo Pnud, em parceria com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O setor censitário é um conceito utilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na realização dos censos demográficos. Só na capital paulistana o IBGE enumera 101 setores censitários. As Unidades de Desenvolvimento Humano podem ou não coincidir com esses setores, segundo Maristela. “Se há uma avenida, por exemplo, no Morumbi, onde um lado é mais rico, e o outro enfrenta grave problemas de pobreza, isso será mapeado. A UDH pode parecer com o bairro, e tem coincidências, mas nem sempre. As unidades vão mostrar os indicadores em níveis locais”, explica.
Prioridades
O escritório compartilhado da ONU no Brasil funciona desde maio por meio de acordo com o governo do estado. O entendimento com a prefeitura, mais recente, busca ampliar a presença local da organização e, o estudo das Unidades de Desenvolvimento Humano, expandir a visão dos problemas urbanos.
“Conseguiremos ter um olhar mais profundo da situação do município e dos municípios metropolitanos, e propor intervenções, soluções e projetos focados nos indicadores de pobreza, saúde, renda. A partir disso será possível um maior nível de acompanhamento, e de cobranças, das políticas para o desenvolvimento daquela região. É um instrumento poderoso para o gestor e para a sociedade”, comenta a representante das Nações Unidas.
Segundo Maristela, o mapeamento demonstra que as necessidades prioritárias percebidas na capital paulistana são a mobilidade urbana, a segurança pública e a redução da pobreza. “São temas com uma exposição muito clara, que notamos ao andar pela cidade.”
Cooperação e projetos
O acordo com a prefeitura de São Paulo prevê duas formas de cooperação: uma bilateral, entre as agências específicas da ONU e os órgãos municipais, e outra, mais ampla, em que o Pnud, de acordo com o Plano de Metas da administração e com diálogos com as secretarias municipais, identifica as principais demandas da cidade para desenvolver meios de solucioná-las na prática.
“Nosso papel é apoiar. Cabe a cada órgão identificar onde há gargalos e áreas que possam ser aprimoradas, e onde vão precisar de um apoio adicional, mais técnico, mais especializado”, explica Maristela. A ideia é que essa proposta seja colocada em prática a partir do ano que vem. “Queremos atuar como solucionadores de problemas. É mais fácil estabelecer diálogos quando você tem um órgão neutro que consegue construir uma agenda de tópicos comuns.”
Exemplo coletivo
A instalação do escritório compartilhado das Nações Unidas em São Paulo facilitou o andamento de alguns projetos que são fruto da parceria entre o governo estadual, através da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), o governo federal e o Pnud. Desde 2002, por exemplo, a agência da ONU para o desenvolvimento realiza pesquisas e estudos com o objetivo de desenvolver a tecnologia do ônibus de hidrogênio, que não emite poluentes, juntamente com o Ministério de Minas e Energia.
O projeto consiste na aquisição e operação de até cinco ônibus de hidrogênio, a serem utilizados no corredor metropolitano que liga São Mateus, na zona leste da capital, ao Jabaquara, na zona sul. Alguns desses ônibus já foram testados, mas não funcionam de maneira permanente.
Com o acordo assinado pela prefeitura, o Pnud já vislumbra também uma parceria em relação a estudos sobre as condições de vida da população idosa. “Estamos com um projeto em elaboração para fazer diagnósticos da situação do idoso, para ajudar a Secretaria de Direitos Humanos, responsável pela questão, no planejamento de programas específicos, por meio da troca de experiências e da construção de metodologias”, diz Maristela.
Fonte: Rede Brasil
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