Usando o conceito de centro de massa na produção agropecuária
Em análises econômicas se utiliza muito a determinação do centro de massa da economia mundial, ou seja, onde está localizado o ponto médio, ponderado das economias de cada país. As análises são realizadas observando o comportamento do deslocamento do centro de massa ao longo dos anos, determinando a dinâmica espaço-temporal da economia a mundial.
Usar o conceito de centro de massa da produção agropecuária no território nacional e considerando como unidade de referência espacial os limites municipais tem quatro implicações. A primeira é que toda a produção é agregada em um único ponto do município. A segunda é que, baseando-se em uma perspectiva tridimensional, podemos abstrair todas as distorções que surgem quando a superfície da Terra é representada em um sistema de projeção. A terceira implicação é que a distância entre a localização de um centro de massa de um município e o centro de massa da produção de um produto para todo o país se torna uma alternativa visual e mensurável para analisar a participação do município na produção total do produto. A quarta implicação é a possibilidade de avaliar com que velocidade o centro de massa se desloca (em quilômetros por ano).
O relatório “Urban World: Cities And The Rise Of The Consuming Class”, publicado pela McKinsey & Company em 2012, apresenta o caminho percorrido pela economia mundial do ano 1 a 2010 e uma projeção até 2025. A figura mostra que a velocidade do deslocamento do centro de massa da economia mundial foi maior entre 2000 e 2010 do que nos anos anteriores e que a partir de 1960 o sentido mudou em relação as décadas anteriores.
A utilização da determinação do deslocamento do centro de massa de produtos agropecuários, considerando todos os municípios do país, permite identificar a dinâmica espaço-temporal das atividades agropecuárias, em nível nacional, através de vetores que mostram a velocidade em que a produção agropecuária se desloca e o sentido.
A movimentação dos centros de massa é utilizada para comparar o deslocamento espaço-temporal da agropecuária, com dados norteadores do crescimento (como modais de transporte e áreas prováveis para a evolução) podendo, com isso, mostrar quais são as áreas mais apropriadas para a expansão do agronegócio e indicar onde podem ser direcionadas ações de combate a problemas fitossanitários.
Na figura do Brasil é mostrado onde estão e como fica o vetor de deslocamento da produção da pecuária de corte. Percebe-se que houve maior deslocamento no período 2006 a 2012, com velocidade de 32 quilômetros por ano.
A determinação do centro de massa pode ser utilizada como indicador da desigualdade espacial das atividades agropecuárias, pois analisa a dinâmica espaço-temporal, contribuindo assim para a sustentabilidade do agronegócio em bases territoriais.
Engenheiro Cartógrafo, Esp. (UFPR), Supervisor de equipe na Embrapa Gestão Territorial
Rafael Mingoti,
Engenheiro Agrônomo, Dr. (USP), Analista GIS da Embrapa Gestão Territorial.