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Fábio Andreotti

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Diretor do Google Maps for Business para América Latina. Engenheiro mecânico pela Unicamp e pós-graduado em gestão de projetos pela USP, há mais de 13 anos trabalha na indústria geoespacial. Anteriormente atuou como Gerente de Vendas para América do Sul na DigitalGlobe e como gerente de vendas nacional na Sisgraph.

MundoGEO: Você já trabalhou na Sisgraph/Intergraph, DigitalGlobe e agora está na Google. Como você vê a evolução no mercado de geotecnologia nos últimos anos?

Fábio Andreotti: Sem dúvida estamos presenciando um vetor de crescimento da geoinformação; um estudo encomendado pelo Google e divulgado neste ano indica que os serviços de localização movimentam entre 150 e 270 bilhões de dólares por ano em todo mundo, com crescimento de 30%; isto chega a ser quase metade da movimentação do mercado de aviação, uma das maiores indústrias no mundo.

Um fato relevante é que a capacidade de produção de dados geoespaciais cresceu muito na última década: novos satélites foram lançados por empresas e governos, temos mais sensores coletando dados e capturando a realidade física do mundo; a adoção massiva de smartphones e tablets pelos consumidores, em conjunto com os avanços das redes móveis 3G/4G, passaram a fornecer uma gigantesca quantidade de dados de localização a todo o tempo. Tecnologias capazes de tratar estes “Big Datas” com escalabilidade e fornecer informações relevantes para os negócios e governos estão sendo cada vez mais empregadas, a adoção de plataformas em nuvem está mais latente, como mostram estudos do Gartner onde todos os setores da economia já aumentaram seus investimentos de tecnologia baseados em plataformas Cloud.

O desafio agora é tornar estes dados disponíveis e acessíveis a uma quantidade cada vez maior de profissionais. Enquanto o mundo consumidor já adotou a tecnologia geoespacial no seu dia-a-dia, e o Google Maps foi um grande catalisador desta realidade, onde mais de 50% das pessoas com acesso à internet tomam decisões baseadas no uso de mapas, no ambiente corporativo, contudo, a realidade é diferente. Uma recente pesquisa da Boston Consulting Group sobre o panorama da indústria geoespacial indica que, apesar de 50% das companhias utilizarem serviços geoespaciais em alguma extensão de seus negócios, apenas 5% dos funcionários acabam tendo acesso a estas informações para realizarem seus trabalhos, ou seja, a tecnologia acaba ficando restrita nas mãos de poucos especialistas. E isto deve-se parte ao fato de que as ferramentas de geo foram criadas originalmente para estes profissionais especializados.

É necessário, portanto, tornar este conhecimento acessível a uma grande massa de profissionais que tomam decisões, e permitir que novos casos de uso de geo sejam descobertos e aplicados para aumentar a eficiência dos negócios e criar mais tecnologias e aplicativos inovadores para os clientes e consumidores.

MG: Como foi a decisão de trocar a DigitalGlobe pela Google? Quais são suas funções nesse novo cargo?

FA: O que me motivou mais a aceitar este novo desafio no Google foi a possibilidade de levar a tecnologia geoespacial a uma gama muito maior de usuários e promover a transformação dos negócios e da gestão pública através da adoção massiva da geo-informação como a próxima ferramenta de produtividade e tomada de decisões. O Google Maps democratizou a cartografia para milhões de pessoas de uma forma extremamente simples e intuitiva, e levar esta mesma plataforma simples, transformadora e confiável para o ambiente corporativo é o próximo passo da empresa. Esta é a missão do Google Maps for Business.

Sou responsável pela América Latina, e isto inclui gerenciar uma equipe de vendas, parceiros de negócios e definir a estratégia de marketing para a região. Atuamos através de canais e contamos com um programa global de parcerias, com diversas certificações e uma estrutura bem definida dos papéis e responsabilidades dos parceiros,
e todo o suporte fornecido pela empresa para o desenvolvimento dos canais.

MG: Quais os planos da Google para o setor enterprise de geotecnologia na América Latina?

FA: Nossa visão é que as pessoas possam trabalhar da mesma forma que vivem, ou seja, utilizando as mesmas tecnologias e com a mesma experiência de uso que têm na vida pessoal. Na última década houve uma inversão da oferta de tecnologia, isto é, antes éramos melhor equipados em nosso ambiente de trabalho do que em casa; hoje ocorre o contrário, temos mais tecnologias pessoais, utilizamos mapas, serviços em nuvens, emails e redes sociais, tudo num ambiente multi-dispositivos – independentemente se acessamos de um computador, celular ou tablet, aumentamos nossa produtividade e passamos a utilizar estas tecnologias pessoais em nosso ambiente de trabalho. Atualmente uma pesquisa da Deloitte mostra que 53% dos trabalhadores usam aplicativos e dispositivos pessoais para realizar seu trabalho. Os CEOs têm sentido esta pressão e, motivados pelo descompasso entre a velocidade vertiginosa de transformação no mundo consumidor e a oferta tecnológica no mundo corporativo, suas agendas têm sido crescentemente preenchidas com discussões sobre a tecnologia e como empacotar estas plataformas consumerizadas para atender as demandas do ambiente de trabalho, num mundo mais competitivo e mais exigente.

Nossa proposta é que os profissionais e funcionários possam construir mapas com a mesma experiência e facilidade de uso do Google Maps, tornando-os mais produtivos. O que queremos é introduzir o mapa como novo documento de trabalho, ou seja, da mesma forma que você trabalha com planilhas, arquivos de texto e slides, o mapa seria o mais novo elemento de produtividade do dia-a-dia, permitindo a organização de informações, análise e tomada de decisão de uma maneira muito mais intuitiva.

Neste sentido, nosso último lançamento foi o Google Maps Pro, uma ferramenta para que as empresas e governos possam otimizar equipes e ativos, construir aplicativos de mapeamento e criar mapas usando camadas de dados internas e externas para tomar decisões de negócios. O que estamos propondo é destravar a camada de conhecimento, atualmente restrita a poucos especialistas, permitindo a criação de mapas personalizados para auxiliar nas decisões rotineiras de seu trabalho e permitir o compartilhamento com pessoas próximas ou com o mundo, publicando os dados e tornando-os descobríveis através do Google.com e Maps.google.com.

MG: Já é possível adiantar algumas novidades tecnológicas da Google que serão lançadas nos próximos anos?

FA: O Google tem um ritmo muito intenso de lançamento de produtos; se considerarmos as plataforma de Enterprise, temos mais de 200 novos releases por ano. Em um ano lançamos o Google Maps Engine, nossa plataforma cloud para gestão e distribuição de dados espaciais; Google Maps Coordinate, para gestão de equipes de campo e ordens de serviço; Google Maps Pro, a ferramenta para criação de mapas a partir de seus documentos de trabalho; e o Google Maps Engine Portable, para você explorar seus mapas em dispositivos móveis.

Ou seja, em um prazo muito curto entregamos uma plataforma para o mercado que está transformando a forma de se trabalhar com a geoinformação, muito mais simples, intuitiva e acessível, capaz de fazer as empresas e governos criarem mapas para a tomada de decisão e dar transparência de seus projetos a muitos usuários que não são especialistas nem tampouco sabem o que é um sistema GIS, mas precisam desta informação para realizar seu trabalho e tomar decisões de uma maneira melhor e mais rápida.

E, sem dúvida, o que tem possibilitado esta transformação é a simplicidade e confiabilidade de uma plataforma criada para atender a centenas de milhões de consumidores e bilhões de requisições diárias. Atualmente, o Google Maps está presente em mais de 1 milhão de websites, possui 1 bilhão de usuários ativos mensalmente e é o aplicativo mais acessado em smartphones.

MG: Tendo conhecido vários países, como você vê a qualificação da mão de obra no Brasil, mais especificamente no setor de geo? Que conselho teria para os profissionais que desejam se atualizar?

FA: Sem dúvida temos muitos talentos de geo no Brasil, que não devem nada a profissionais de qualquer lugar do mundo. Nossos projetos de sistemas GIS são reconhecidos mundialmente e uma característica é extremamente marcante para o profissional brasileiro: criatividade, pois conseguimos fazer mais com menos.

O problema que vejo não está na qualidade, mas sim na escassez desta mão-de-obra, tanto de engenheiros cartógrafos para produção de dados quanto para desenvolvedores e arquitetos de sistemas, que necessitam ter uma formação híbrida de ciências da computação (ou engenharia) e geografia. Neste último caso o que acaba ocorrendo é que os especialistas em geografia (ou cartografia) desenvolvem as habilidades de programação e arquitetura de sistemas durante a vida profissional e vice-versa, o que leva tempo para se ter um profissional completo que atenda a este perfil.

Por isto é fundamental que as tecnologias de geo sejam acessíveis e permitam um alcance a um grande número de profissionais, estimulando o desenvolvimento de um ecosistema saudável, capaz de absorver a crescente demanda pela geo-informação. Creio que o Google tem caminhado nesta direção, e estimamos que atualmente temos cerca de 2 milhões de desenvolvedores para as APIs do Google Maps.

 

 

 

 

 

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