Landsat 8 comemora um ano de vida
Desde o lançamento do Landsat 1, em 1972, os satélites da série tornaram-se parte integrante de muitas atividades direcionadas à gestão do território. O programa Landsat permitiu que os cientistas e analistas pudessem observar o mundo além do poder da visão humana, monitorando mudanças na terra e detectando tendências nas condições de recursos naturais.
A série Landsat representa a maior coleção contínua de imagens de média resolução espacial para todo o globo. Mais de quatro décadas de imagens oferecem um recurso único para aqueles que trabalham na agricultura, geologia, silvicultura, planejamento do território, educação, mapeamento e pesquisa em mudanças globais.
Todo o acervo de imagens Landsat tornou-se disponível online e sem custo, no final de 2008. O gráfico mostra o crescimento da distribuição das cenas nesses pouco mais de cinco anos de disponibilização do acervo Landsat. Até o dia 4 de janeiro, mais de 15 milhões de cenas haviam sido descarregadas.
Recentemente o Serviço Geológico dos EUA (USGS, na sigla em inglês) divulgou o relatório de uma pesquisa realizada no início de 2012 com mais de 40 mil indivíduos que acessaram e descarregaram imagens Landsat através do USGS Earth Resources Observation and Science (EROS) Center. Mais de 13 mil usuários responderam a pesquisa.
O relatório conclui que os entrevistados utilizaram as imagens em 38 diferentes aplicações. A maioria dos usuários (78%) usaram cenas obtidas por sensores do Landsat durante duas ou mais épocas de tempo de cinco anos e mais da metade (57%) usaram cenas de três ou mais épocas, indicando que a maioria dos usuários estão trabalhando em projetos de monitoramento temporal. Em torno de 60% dos usuários responderam que teriam que suspender metade de seus trabalhos se as imagens Landsat – e acervo – não estives-
sem disponíveis.
Com base nos resultados da pesquisa, os economistas estimaram que os benefícios, a partir de imagens Landsat, da distribuição direta pelo USGS em 2011, pode ser um pouco mais de 1,79 bilhão de dólares para os usuários dos Estados Unidos, e quase 400 milhões de dólares para usuários internacionais, resultando em um benefício econômico anual total de 2,19 bilhões de dólares. Essa estimativa não contempla os benefícios decorrentes da utilização de produtos de valor agregado derivados das imagens Landsat. O relatório pode ser acessado em http://pubs.usgs.gov/of/2013/1269.
Landsat 8
Construído para ampliar o registro de mais de 40 anos da série, o Landsat 8 foi projetado para uma missão de cinco anos de vida útil, com combustível suficiente para 10 anos de operação.
Ele carrega dois instrumentos, o Observational Land Imager (OLI) e o Thermal Infrared Sensor (Tirs) que, juntos, observam os mesmos comprimentos de onda de luz que os satélites Landsat anteriores, e adicionam duas novas bandas. Essas bandas observam novos recortes do espectro eletromagnético que melhoram a detecção de nuvem e a percepção de clorofila no oceano próximo à costa. A banda 1 (deep-blue) para estudos em zonas costeiras, onde há muito material em suspensão e para aerossóis como poeira e fumaça, e a banda 9 para a detecção de nuvens. Existem duas bandas térmicas para ajudar a melhorar a sensibilidade à temperatura da superfície. O Tirs coleta as imagens dessas duas bandas, e foi adicionado para continuar o acervo de imagens termais, atendendo aplicações como a modelagem da evapotranspiração para monitorar o consumo de água sobre áreas irrigadas. Também houve a melhora da qualidade radiométrica das imagens, aumentando o número de bits utilizados para representar cada valor de pixel (de 8 para 12 bits). Em testes de classificação de cobertura da terra realizados por Curtis Woodcock, da Universidade de Boston, os resultados com imagens Landsat 8 foram 19,5% mais precisos do que utilizando as do Landsat 7.
O relatório do USGS informa que os usuários das imagens irão ampliar seus trabalhos com o uso de imagens do Landsat 8. A continuidade das observações e as melhorias tecnológicas garantem que o Landsat 8 atenda às necessidades de muitos usuários por muitos anos ainda.
Muitos anos de vida para o Landsat 8!
Wilson Anderson Holler
Engenheiro Cartógrafo, Esp. (UFPR), Supervisor de equipe na Embrapa Gestão Territorial
wilson.holler@embrapa.br