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Ryan Johnson

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Presidente e CEO da BlackBridge

No dia 20 de fevereiro a BlackBridge – operadora global da constelação de satélites RapidEye – aumentou seus investimentos no Brasil e anunciou a aquisição de uma participação na empresa brasileira Santiago & Cintra Consultoria (SCC).

A BlackBridge é focada em prover soluções do início ao fim da cadeia de valores geoespaciais. Isso inclui operações de satélites, serviços de estações terrestres, data center e soluções geocloud, e distribuição de imagens de satélite de todo o mundo através dos mais de 100 parceiros BlackBridge, combinados à criação de produtos de valor agregado e serviços. Já a Santiago & Cintra Consultoria é uma empresa brasileira de consultoria especializada em soluções geoespaciais e uma das maiores fornecedoras de imagens de satélite no Brasil. Tem desenvolvido soluções Web-GIS, servindo diversos mercados como meio ambiente, agricultura, governo, florestal, mineração, defesa, óleo e gás, educação ou telecomunicação.

MundoGEO: O mercado geoespacial tem sofrido muitas mudanças, aquisições e fusões nos últimos anos. Como a indústria de imagens tem reagido a estas mudanças?

Ryan Johnson: Como parte do mercado geoespacial, a indústria de imageamento não é uma exceção e também passou por mudanças nessas áreas que você menciona. Todas estas mudanças, direta ou indiretamente, são a resposta do mercado ao que os clientes precisam. É verdade que o setor de imagem tem ficado um pouco atrás de outras áreas da indústria geoespacial, e como os investimentos em plataformas de imagem são muito grandes, os prazos desde a concepção até o início das operações são muito longos em comparação com outros segmentos da cadeia de valor geoespacial. Esses fatores fazem claramente essa parte da indústria se mover de forma mais lenta. Dito isto, há sempre espaço para a inovação. Nossas soluções de nuvem geoespaciais são um bom exemplo. Enquanto ainda estamos entregando nossos produtos principais de imageamento, alavancando nosso centro de dados e infraestrutura de redes, somos capazes de oferecer aos nossos clientes um acesso muito mais fácil e rápido às suas bases de dados, bem como as capacidades de processamento. Os produtos essenciais são basicamente os mesmos, mas a solução que vem da combinação de tecnologias de imagens e nuvem cria toda uma nova gama de soluções que respondem a algumas das mudanças e novas tendências do mercado.

MG: Que razões levaram a BlackBridge a adquirir a constelação de satélites RapidEye? Além do nome e logotipo, quais foram as principais mudanças na transição da RapidEye para BlackBridge?

RJ: As características e capacidades únicas da constelação RapidEye tiveram um ajuste perfeito para a estratégia da empresa e representaram uma boa oportunidade para expandir nossa presença no mercado mundial. Em relação à transição da RapidEye para BlackBridge, muito pouco mudou para os nossos parceiros e clientes. Continuamos a oferecer os mesmos produtos e soluções que eles têm adquirido de nós todo esse tempo, a equipe que tornou isso possível também é a mesma e o foco da empresa vai continuar sendo a indústria geoespacial. Dito isto, a integração das diferentes empresas em uma única estrutura operacional, estratégia de negócios compartilhados e objetivos, amplia o mercado, traz uma nova gama de oportunidades de negócios e permite novos serviços. A combinação de capacidades e recursos cria sinergias claras que nos permitem entrar em novos mercados e conquistar novos clientes.

MG: Na sua opinião, quais são as principais tendências para o mercado de imagem nos próximos anos? Em que tipo de produtos e serviços a BlackBridge vai colocar mais esforço?

RJ: A indústria de imagens tem se transformado, de apenas um provedor de imagens de satélite em um ator mais maduro, que fornece soluções de ponta a ponta. Os clientes não só precisam de imagens de satélite sobre as suas áreas de interesse. Eles também querem produtos de valor agregado que estão prontos para usar ou que envolvam o mínimo possível de manipulação adicional, bem como os serviços de infraestrutura necessários para armazenar, acessar e gerenciar seus conjuntos de dados de grandes e crescentes fontes. Fornecer esse tipo de soluções exige recursos e conhecimentos adicionais e novos modelos de negócios para apoiá-los.

Quanto aos nossos novos produtos e soluções, estamos em processo de construção e integração de um novo banco de dados mundial de controle de solo, feito com pontos em solo de alta precisão e uma melhora significativa global de 30 metros no Modelo Digital de Superfície (DSM). Nossos testes internos preliminares têm mostrado que essas melhorias irão fornecer uma precisão sub-pixel para imagens RapidEye recolhidas ao longo de muitas áreas do mundo.

Este ano, também estamos lançando oficialmente nossos novos serviços em nuvem geoespacial. Queremos dar um passo adiante com o lema “delivering the world”, permitindo que nossos parceiros possam descobrir, visualizar e analisar imagens RapidEye mais fácil e eficientemente. Com as nossas soluções de cloud computing, seremos capazes de hospedar as imagens adquiridas, reduzindo os custos de infraestrutura e manutenção e fornecendo ferramentas poderosas de gerenciamento de dados, diferentes opções de streaming e capacidades de processamento on- the-fly, tudo em um ambiente altamente seguro. Desta forma, os clientes serão capazes de visualizar, compartilhar, gerenciar e processar os seus produtos de imagens de qualquer lugar com uma conexão à internet.

Dentro da nossa unidade de redes de negócios, nós também criamos uma infraestrutura em nuvem básica como serviço (IaaS) para o mercado de geoinformação. Este serviço foi adaptado para o caso de uso de aplicações geoespaciais e processamento de imagens. Nós consideramos que este serviço vai ser muito interessante para os nossos clientes que possuem requisitos de computação para o trabalho baseado em projetos.

Também neste ano, depois de projetos-piloto de sucesso na América do Norte, estamos lançando nossos programas de imagem para a agricultura em todo o mundo, inclusive no Brasil. Aproveitando-se da capacidade de arrecadação extraordinária da constelação RapidEye, podemos coletar as imagens várias vezes, em áreas tão grandes quanto o Cinturão do Milho, nos EUA (1,4 milhão de quilômetros quadrados), ou em áreas menores em outras partes do mundo. Então, através de nossa infraestrutura de nuvem, concedemos aos nossos clientes o acesso a esses conjuntos de dados, e também às empresas, principalmente de agronegócio, com intervalos muito curtos de tempo entre coleta e entrega. Isto faz uma diferença real para nossos clientes em termos da quantidade de imagens multi-temporais que recebem, essencial para muitas aplicações de agricultura de precisão.

MG: Em 2013, a empresa fez doações para ajudar as pessoas desabrigadas após o furacão nas Filipinas. A BlackBridge irá continuar com esta política para os próximos anos? Como você vê o papel das empresas de imagem nesta função social?

RJ: Sim, vamos continuar este tipo de contribuição no futuro. A BlackBridge tem uma importante função social, não só na área de resposta a emergências. Nossa empresa está envolvida em muitos projetos e programas ambientais, fornecendo dados que são fundamentais para monitorar e avaliar as diferentes variáveis ambientais e tomar decisões baseadas em informação. Um usuário muito importante dos nossos produtos e serviços é o Ministério do Meio Ambiente do Brasil. Nos últimos dois anos, juntamente com Santiago & Cintra Consultoria, temos fornecido a eles uma cobertura anual completa do país. O Ministério não tinha essa fonte de informação antes, mas agora tornou-se essencial para tomar decisões que, de uma forma ou de outra, terão um impacto positivo no meio ambiente, não só a nível nacional, mas em escala global, dado o tamanho do país.

A participação de BlackBridge no programa REDD + da ONU (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), como provedor de imagens de satélite, é outro bom exemplo de como a nossa empresa está contribuindo para um ambiente melhor. Nós nos tornamos o principal fornecedor de imagens de satélite comercial no apoio a programas nacionais do REDD +.

MG: Qual é a estratégia de negócios da BlackBridge a partir de agora? Haverá investimentos em um segmento específico? Quais são os próximos passos para BlackBridge na indústria de imagens de satélite na América Latina?

RJ: Nós fundamentalmente acreditamos em relações locais, em investimento e conhecimento local para sermos bem-sucedidos em qualquer mercado, e é isso que vamos continuar fazendo através de nossa notável rede de parceiros de vendas. Nossa recente aquisição de uma participação de 50% na Santiago & Cintra Consultoria, líder de mercado no país, demonstra que o Brasil é um mercado-chave para nós, onde vemos um forte benefício a longo prazo para trabalharmos juntos. Para nós, esta é uma oportunidade muito interessante para expandirmos nossas ofertas de produtos e soluções no país, aumentando nossa base de clientes, e nós estamos realmente ansiosos para todas as novas oportunidades que vamos criar juntos.

Nossa recente aquisição de uma participação de 50% na Santiago & Cintra Consultoria, líder de mercado no país, demonstra que o Brasil é um mercado-chave para nós, onde vemos um forte benefício a longo prazo para trabalharmos juntos.

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