O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) acaba de atualizar o conhecimento sobre o arquipélago de Fernando de Noronha. Os dados estão disponíveis para consulta no Geobank, que reúne informações geocientíficas, no site da instituição na Internet. É a primeira vez que pesquisadores brasileiros detalham formações geológicas da parte submersa do arquipélago. O estudo inédito realizou o mapeamento a laser do relevo do fundo do oceano, gerando modelo digital do terreno, além de levantamento batimétrico, caracterização de rochas, cartas textural e geomorfológica, de declividade e de flutuação do nível do mar.
“O estudo consolidou métodos de pesquisa em áreas rasas do Atlântico e os resultados podem orientar a tomada de decisões por parte de órgãos governamentais, empresas públicas e privadas, relacionadas à gestão ambiental do arquipélago e suas unidades de conservação, como o Parque Nacional Marinho e Área de Proteção Ambiental”, explica Roberto Ventura, diretor de Geologia e Recursos Minerais do CPRM. Ele conta que o trabalho pode contribuir para locação de empreendimentos na região, como uma usina de aproveitamento da energia das ondas e ampliação e monitoramento do porto.
Tecnologia de ponta
O aerolevantamento do fundo do mar foi jeito com a aplicação da tecnologia de aerobatimetria LiDAR, técnica para aquisição de dados de profundidade da lâmina d`água, a partir de uma aeronave de baixa altitude, efetuando uma varredura do terreno com raio laser pulsado. “O primeiro registra o relevo e o segundo calcula a lâmina-d’água”, explica a geóloga Hortência Maria Barboza de Assis, responsável pela coordenação do projeto.
A geóloga destaca que a pesquisa concentrou seus esforços na caracterização e classificação dos recursos minerais da plataforma insular do Arquipélago de Fernando de Noronha, até a isobatimétrica de 50 metros, para auxiliar no manejo sustentável do assoalho marinho. Além de mapear com alta precisão, simultaneamente, o leito marinho, as praias adjacentes, as estruturas de engenharia costeira, permitindo a produção de mapas mais precisos da linha costeira, a construção de modelos digitais de elevação para uso em sistemas de informação geográfica, em obras de expansão de portos, em projetos de proteção de praias e no subsidio a gestão ambiental.
“Utilizamos a tecnologia de aerolevantamento a laser do fundo marinho, conhecida internacionalmente como Airborne Laser Bathymetry (ALB), além da aquisição de dados de sísmica rasa e imageamento sonográfico, associados a foto/filmagem e coleta de material do capeamento litológico. Os resultados agora disponibilizados representam além da batimetria, dentro dos padrões de precisão da Organização Hidrográfica Internacional, uma cartografia de estruturas morfossedimentares e hidrodinâmicas de todo o assoalho marinho, com acurácia horizontal e vertical de 2,5m e 0,25m, respectivamente, que permitem aos gestores selecionar áreas para detalhamentos geológicos, locação de empreendimentos voltados ao gerenciamento de atividades pesqueiras e ambientais e muitas outras aplicações”, explica Hortência.
A expedição, realizada em novembro de 2012, coletou amostras de rochas e sedimentos em 34 pontos, em profundidades que chegaram a 50 metros. Um barco do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apoiou a operação. O material coletado teve sua composição química e mineralógica analisada em laboratório e está sendo utilizado na compreensão da história da evolução deposicional sedimentar da Plataforma. O estudo faz parte do projeto de geologia marinha que está sendo desenvolvido pela CPRM e considerado estratégico pelo governo, porque busca mapear os recursos minerais e a biodiversidade tanto na plataforma continental jurídica brasileira, quanto em águas internacionais.
Imagens do fundo do oceano
Um dos cuidados adotados para manter o equilíbrio ecológico no arquipélago foi o uso de uma câmera acoplada ao casco da embarcação para orientar a ancoragem e a coleta realizada através de mergulhadores científicos. Também foram gravadas imagens inéditas da coleta de amostras e sedimentos no fundo do mar, que farão parte de um documentário científico.
A pesquisa no Arquipélago de Fernando de Noronha foi executada pela Superintendência Regional do Recife, com coordenação do Departamento de Recursos Minerais, da Diretoria de Geologia e Recursos Minerais.
Fonte: CPRM