Integração com o GIS revolucionando a arquitetura, engenharia e construção
Começo esta coluna lembrando da primeira edição da revista InfoGEO, de 1998, na qual nós introduzimos os conceitos da automação topográfica para a comunidade usuária e produtora da geoinformação. Dezesseis anos depois, ainda atuando profissionalmente na área e participando do MundoGEO#Connect 2014, justamente no seminário de Automação Topográfica, pude perceber a evolução enorme na forma de pensar as geotecnologias que se integram em diversos setores. Claro que os avanços tecnológicos constantes têm seu papel decisivo em toda essa história, mas esta forma de pensar, evoluída e integradora, me parece primordial. É de fato impressionante como os usuários se apropriaram das formas de produção de dados e do gerenciamento das informações espaciais em seus projetos, tornando-os multidisciplinares e efetivamente mais completos. Hardware e software há muito tempo não são pensados separadamente, e assim formaram os sistemas que muitas empresas (acertadamente, ao meu ver) transformaram em soluções, pois uniram também a inteligência mercadológica na formação das pessoas e de seus colaboradores. Surgiram novas siglas – GNSS, LBS, VANT, LIDAR, BIM, entre outras – todas com sistemas desenvolvidos para coletar ou receber grandes volumes de dados espaciais que geram produtos finais extremamente detalhados e com produtividade altíssima. E o destaque da letra “I” de informações também promove o caráter de integração, inteligência e de outras dimensões, além das três do posicionamento.
Bem, mas como assunto principal a ser discutido nesta coluna: o que é BIM? Provavelmente muitos dos leitores já devem estar familiarizados com a sigla, mesmo porque não é um termo recente, mas é bastante atual. Modelagem de Informações da Construção (Building Information Modeling – BIM) é considerada a mais importante promessa de desenvolvimento na indústria de AEC (Arquitetura, Engenharia e Construção). É uma tecnologia e um conjunto de processos que permitem a construção de modelos virtuais gerados por meio de ferramentas computacionais com a geometria precisa e com as informações relevantes que darão suporte ao planejamento da construção, fabricação e aos insumos necessários para a realização de um empreendimento. Além disso, a tecnologia BIM, na visualização do que será construído por meio de simulações em ambiente virtual, é o que permite identificar problemas de projeto, construção e operação. Já ouvi depoimentos de usuários relatando a tecnologia BIM como “solucionadora de problemas”, principalmente os que atuam no cumprimento de cronogramas e análises de interferências entre as várias especialidades do projeto. Relatos mais otimistas colocam a tecnologia BIM como a integradora definitiva entre o campo e o escritório, o que perseguimos desde os primórdios dos sistemas automatizados de coleta de dados em campo usando Laser Scanner e Estações Totais, com interfaces diretas com as ferramentas computacionais no escritório.
É importante considerar também o grande potencial da tecnologia BIM quando integrada a outro sistema que privilegia as informações geoespaciais: o GIS. Essa integração pode colaborar enormemente em áreas como planejamento urbano, cadastros 3D, projetos de infraestrutura e simulações ambientais. Além disso, a integração das tecnologias GIS e BIM vem da necessidade de usar as especificações das construções num contexto espacial mais amplo para o uso em queries e análises GIS. Portanto, creio que despretensiosamente podemos eliminar o “ou” da pergunta do título da coluna e substituir pelo “e”. Achei muito feliz a pergunta colocada na seção do nosso seminário do evento: BIM e Geo: Colisão entre dois mundos ou somatório de forças? Espero conseguir responder essa e outras perguntas nas próximas colunas.
Fernando Cesar Ribeiro
Possui graduação em Engenharia Civil e mestrado em Engenharia de Transportes pela USP. Atualmente é colaborador no Laboratório de Topografia e Geodésia na Poli-USP, professor e coordenador do Curso de Edificações do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo e professor da Faculdade de Engenharia da FAAP. Ocupa o cargo de Diretor Operacional da Sigma Geomática, onde é responsável pelas aplicações especiais e Laser Scanning
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