Instrutor de cursos aeronáuticos e consultor na área de VANTs
MundoGEO: Quais os componentes necessários para se efetuar operações com VANTs com segurança?
Luiz Munaretto: Vou responder a pergunta com 4 outras perguntas: a) o VANT está regular e obedece as normas da Anac, do Decea e da Anatel? b) o VANT tem documentação operacional e segue um programa de manutenção? c) o piloto do VANT está bem treinado e tem conhecimentos de aerodinâmica, de meteorologia e de regras de tráfego aéreo? d) a empresa tem padrões de operação estabelecidos? Se as 4 respostas foram “sim”, pode-se dizer que essa operação tem padrão um mínimo aceitável de segurança.
MG: As empresas do setor de mapeamento estão prontas para atuar com VANTs?
LM: A maioria das empresas considera a operação de VANT como uma operação de aeromodelo mais sofisticado e não como uma atividade aeronáutica como deveria ser. Outro aspecto é que as empresas concentram-se na parte da coleta dos dados (razão maior da operação) e confiam demais na baixa probabilidade de falhas, em problemas de tráfego aéreo e no dano a terceiros (pessoas ou propriedades).
MG: Como estão caminhando as questões legais para uso de VANTs no Brasil?
LM: Para operações experimentais de VANT já existe regulamentação específica da Anac e do Decea. Para operações não-experimentais a Anac deverá aprovar legislação (estima-se) até o fim de 2014.
MG: Qual a importância de se ter diferentes níveis de regulamentação?
LM: Os diferentes níveis de regulamentação implicarão em que VANTs maiores terão níveis “mínimos” de segurança regulamentares mais elevados. Destaca-se a palavra mínimos, pois a própria empresa pode elevar os seus requisitos para patamares mais altos em beneficio da segurança das operações. Esses níveis irão variar, basicamente, nos requistos de projeto e de manutenção do VANT e na habilitação do piloto.
MG: Quais as possibilidades e possíveis aplicações ainda não estabelecidas para esta tecnologia?
LM: Hoje, a maior parte das operações no Brasil se concentram em coleta de dados em uma área específica, tais como: uma plantação, uma obra de engenharia civil, uma mina. Porém, existe um nicho de mercado ainda não explorado: o mercado de operações legais para atender grandes empresas governamentais e privadas, que não aceitariam operações fora da legislação da Anac e do Decea.Tais empresas demandam inspeções em grandes áreas e grandes linhas (florestas, hidrelétricas, fronteiras, linhas de transmissão de energia, oleodutos, gasodutos, estradas etc.).
MG: Qual a sua visão sobre o uso civil de VANTs no Brasil?
LM: Existe um potencial muito grande de aplicações, conforme mencionado na resposta acima. Em geral, as necessidades de aplicações serão atendidas, na sua maior parte, por operações ilegais.
MG: E para uso militar, quais as principais vantagens e como os VANTs já vêm sendo utilizados no país?
LM: As vantagens principais em uma operação militar, quando comparado com uma aeronave tripulada, são: o menor custo operacional por hora de voo, a maior autonomia e nenhuma perda de tripulação nas missões. No Brasil, as três Forças Armadas já fazem operações com VANTs, sendo que a Força Aérea e a Marinha já têm emprego operacional regular dessa tecnologia.
MG: Como você enxerga o futuro desta tecnologia em relação ao mercado brasileiro?
LM: Dada a extensão territorial do País, o emprego ainda é incipiente. O mercado de VANTs pequenos e médios ainda tem muito potencial de crescimento. Com o tempo, as empresas sentirão necessidade, por questões legais e financeiras, de se profissionalizarem e terem uma visão aeronáutica para operação dos VANTs.