As cartas são elaboradas por uma parceria, desde 2008, entre Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) e Marinha do Brasil, dentro do Projeto Cartografia da Amazônia, que também elabora cartas geológicas e terrestres. Ao todo, 55 mil km² já foram cartografados, correspondendo a 90 cartas produzidas ou atualizadas até 2013.
As cartas náuticas, em papel ou eletrônicas, são produzidas a partir de seis navios de pequeno porte, os avisos hidroceanográficos fluviais. Quatro deles foram construídos com recursos do Projeto Cartografia da Amazônia e entregues, em 2012 e 2013, pelo Censipam à Marinha. Os avisos possuem acoplados a si um sensor, o batímetro, capaz de emitir ondas eletromagnéticas para mensurar a profundidade dos rios. “Na Amazônia, os rios apresentam elevada dinâmica de sedimentação devido ao regime de cheias e vazantes. Os sedimentos vão sendo depositados em determinados trechos alterando a profundidade do rio, o que pode comprometer a navegação”, esclareceu Péricles Cardim, diretor de Produtos do Censipam.
“Nesse contexto de dinâmica dos rios amazônicos, as cartas náuticas assumem papel fundamental para garantir, de forma segura e eficiente, o transporte de pessoas e cargas da região”, disse o superintendente de Segurança da Navegação do Centro de Hidrografia da Marinha (CHM), Capitão-de-Fragata, Sebastião Simões Oliveira. Com as cartas é possível verificar a profundidade dos rios, existência de bancos de areia, pedras submersas, ou outros obstáculos, e altitudes e pontos notáveis à navegação. O auxílio aos navegantes pode ser feito com faróis, faroletes, boias, balizas, luzes de alinhamento e radiofaróis.
Mais de 95% de todo o transporte comercial da região ocorre por meio dos rios. Além disso, o transporte fluvial de passageiros movimenta anualmente 8,9 milhões de pessoas. “Nossa parceria com a Marinha contribui com o aumento da capacidade de coleta de dados e, portanto, produção ou atualização mais célere das cartas náuticas”, afirmou Cardim. Dessa forma evita-se a ocorrência de acidentes, com possíveis perdas econômicas, ambientais e de vidas humanas.
“As cartas náuticas assumem importante papel no planejamento de estudos de viabilidade econômica nos projetos para crescimento da região”, complementou o superintendente da CMH. A segurança de navegação interfere no cálculo do seguro do frete comercial, influenciando diretamente no preço dos produtos transportados e afetando toda a economia da região.
Em 2014 já foram produzidas seis novas cartas náuticas do Rio Tocantins, de Tucuruí até a foz do rio (junto ao Rio Pará) e atualizada a carta de Porto de Belém. Até o final do ano planeja-se a elaboração de três novas cartas do Rio Jari, uma carta náutica eletrônica do Porto de Manaus, três de áreas de atracação do Porto de Manaus e uma do Rio do Jari. Serão atualizadas uma carta de Porto de Manaus, uma de Barra Norte do Rio Amazonas e duas do Rio Pará, de Mosqueiro à Ilha da Conceição. Está prevista, ainda, para o ano de 2014, a entrega de mais um navio hidroceanográfico pelo Censipam, com recursos do Projeto da Cartografia.
O Projeto Cartografia da Amazônia, lançado em 2008, é coordenado pelo Censipam e tem como executores a Marinha, Exército, Aeronáutica e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM).
Fonte: Conexão Tocantins