A Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (Inde) e o modelo de gestão da informação geoespacial da Embrapa foram os temas do seminário e workshop promovido pela Embrapa Monitoramento por Satélite em Campinas (SP), entre 24 e 26 de setembro. Instituída pelo Governo Federal (Decreto nº 6.666, de 27 de novembro de 2008), a Inde prevê a integração e disponibilização dos dados gerados por instituições federais, estaduais e municipais. Em geral, são informações que encontram-se dispersas, dificultando sua utilização e gerando redundância de esforços e investimentos. A Embrapa já deu início ao processo de adesão à Inde com o objetivo de fortalecer a gestão da informação geoespacial em toda a Empresa.
O seminário realizado no dia 24 atraiu especialistas e usuários de diferentes segmentos. Um dos aspectos abordados foi a utilização da Inde pela gestão pública. De acordo com Dênis de Moura Soares, coordenador-geral de Gestão Estratégica da Secretaria de Planejamento e Investimentos (SPI) do Ministério do Planejamento, dados de saúde, educação, entre outros, ficam disponibilizados em rede e podem ser consultados por gestores de todo o País. Ele deu como exemplo a análise dos números de óbitos por dengue nos municípios, que podem ser sobrepostos ao número de unidades de saúde e indicar aos gestores as melhores estratégias para as políticas de saúde naquelas regiões.
Outra vantagem a partir da integração dos dados é a possibilidade de evitar o desperdício e a redundância na aplicação de recursos públicos. Hoje em dia, exemplificou Dênis, construções de quadras esportivas em escolas públicas podem ter sido aprovadas por governos estaduais e, ao mesmo tempo, estarem contempladas também em programas do governo federal. “A Inde pode aperfeiçoar as sinergias entre as esferas municipal, estadual e federal, estimulando a administração pública a atuar de maneira mais lógica e evitar o desperdício de recursos”, completou.
Já o coordenador do Comitê para a Implantação da Inde, Hesley Py, da Coordenação de Desenvolvimento e Manutenção de Sistemas do IBGE, fez uma reflexão sobre o momento atual da Inde e a sua importância para o Estado brasileiro, destacando o foco no cidadão. Para ele, dar função ao dado público é o que tem de mais importante numa infraestrutura de dados espaciais. “Como é que o cidadão percebe a informação que foi disponibilizada? Como é que esse dado vai agregar valor? Quais são as relações que eu posso fazer para a geração de conhecimento que faça diferença na sociedade? É preciso evoluir nessa discussão”, ressaltou. Hesley Py também abordou o uso dos dados por parte de outros usuários além da gestão pública, como por exemplo a iniciativa privada, e deu exemplos de temas de interesse para o setor agropecuário.
Construção da IDE-Embrapa
Um grupo de trabalho designado pela Diretoria-Executiva de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa apresentou em julho o plano de adesão da Empresa ao Diretório Brasileiro de Dados Espaciais, no âmbito da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (Inde). O documento foi submetido como proposta no Sistema Embrapa de Gestão (SEG) em setembro. As iniciativas são lideradas pela Embrapa Monitoramento por Satélite, sob coordenação da analista Debora Drucker, e conta com o envolvimento de pelo menos dez outras Unidades da Empresa.
“A estratégia formulada prevê a implantação da Infraestrutura de Dados Espaciais da Embrapa (IDE-Embrapa) e o estabelecimento de um processo para organizar, preservar, qualificar e ofertar a geoinformação gerada pela Empresa de acordo com as diretrizes federais estabelecidas, de forma a ampliar o potencial de aplicação dessa informação na produção e difusão de conhecimento e inovação”, explica Drucker.
O seminário realizado na semana passada foi seguido do workshop do projeto GeoInfo, que desde 2012 já trabalha no desenvolvimento de um modelo de gestão da informação geoespacial da Embrapa. O workshop reuniu colaboradores do projeto e envolvidos na implantação da IDE-Embrapa com o objetivo de contribuir com a definição do processo de gestão da informação geoespacial da Embrapa. Foram discutidas questões como a validação do repositório de dados e metadados implementado, diretrizes para o gerenciamento de dados geoespaciais, catalogação da geoinformação e realizadas atividades práticas para a validação das ferramentas e serviços implementados no repositório.
Por Graziella Galinari – Embrapa Monitoramento por Satélite