O INPE-EM (Emission Model) é um sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que apresenta estimativas anuais de emissões de gases do efeito estufa (GEE) por mudanças de cobertura da terra no Brasil de modo espacialmente explícito.
A versão atual do INPE-EM disponibiliza estimativas anuais de emissões para a Amazônia Brasileira com base nos dados do sistema PRODES, também do INPE.
Desde 2012 são apresentadas estimativas de 1ª Ordem (que supõe de modo simplificado que 100% das emissões ocorram no momento da mudança de uso/cobertura)e de 2ª Ordem(que buscam representar o processo gradativo de liberação e absorção do carbono como ocorre de fato). Diversas melhorias foram introduzidas este ano. Além das estimativas anuais de CO2, o sistema passou a apresentar estimativas de emissões de CH4, N2O, CO e NOx para toda a região, e também em mapas de emissão. As tabelas e mapas estão disponíveis para downloadem formato excel e shapefile.
A maior novidade, no entanto, é a apresentação do código fonte do arcabouço que estima emissões de 1ª e 2ª ordem para o processo de desmatamento corte raso. “Decidimos disponibilizar uma versão inicial do código para download, dado o interesse na utilização e adaptação do modelo. Estamos iniciando um projeto (financiado pelo BNDES/Fundo Amazônia) que irá permitir a contratação de equipe dedicada à produção de documentação e material de treinamento, assim como suporte a usuários. Mas a versão atual está robusta o suficiente para ser compartilhada”, informa Ana Paula Aguiar, pesquisadora do Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CST) do INPE.
Além das emissões brutas relacionadas ao corte raso, o sistema também estima emissões líquidas, que consideram a dinâmica de crescimento/corte da vegetação secundária. Os resultados indicam um aumento da influência do crescimento da vegetação secundária no balanço de carbono da região, decorrente da diminuição da área de floresta primária desmatada na última década e manutenção da área de vegetação secundária.
De acordo com o Jean Ometto, chefe do CST/Inpe, “o efeito do crescimento da vegetação secundária só não é maior porque ela continua sendo cortada. Estudos recentes apontam uma meia vida de cinco anos – logo, boa parte do carbono absorvido é liberado novamente em poucos anos.”
“A Amazônia teria potencial de se tornar um sumidouro de carbono, se a tendência de queda de desmatamento da floresta primária fosse mantida e as florestas secundárias valorizadas. Os dados do PRODES de 2013 mostraram, no entanto, um aumento de 29% no desmatamento da floresta primária em relação a 2012, e consequentemente nas emissões de 1ª Ordem de CO2 e demais gases em relação a 2012”, completa a pesquisadora Ana Paula Aguiar.
Já as estimativas de emissões de 2ª Ordem apresentam uma resposta atenuada em relação a oscilações da taxa do desmatamento (aumentos e quedas), pois carregam a influência das emissões históricas, isto é, dos processos de decomposição/queima da biomassa remanescente dos desmatamentos ocorridos nos anos anteriores. Logo, o aumento observado pelo PRODES na taxa de desmatamento entre 2012 e 2013 se refletirá ao longo dos próximos anos nas estimativas de 2ª Ordem – combinado à futura trajetória (de aumento ou queda ou estabilização).
Mais informações: http://inpe-em.ccst.inpe.br/
Fonte: Inpe