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Especialistas discutem aplicação das geotecnologias ao Pantanal

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O simpósio GeoPantanal, ocorrido em Campo Grande (MS), de 22 a 26 de novembro, reuniu cerca de 200 especialistas do País e do exterior, entre profissionais, gestores, estudantes, professores e pesquisadores, que apresentaram as mais recentes pesquisas e iniciativas voltadas a entender o bioma e propor alternativas para a sua sustentabilidade.

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Mesa-redonda debate pesquisas e aplicações dos Vants (Imagem: Embrapa)

Os veículos aéreos não tripulados (Vants), também conhecidos como drones, foram destaque de uma mesa-redonda realizada em 25 de novembro, que mostrou as várias vantagens que a tecnologia oferece para o setor agrícola, embora ainda seja necessário regulamentar o uso. Pesquisas para monitoramento de áreas degradadas, estimativas de produção, identificação de falhas no plantio e detecção de pragas e doenças são alguns exemplos de atividades que já vêm sendo realizadas com o uso dos vants. Os equipamentos oferecem uma série de possibilidades para o trabalho no campo.

“É preciso dar ao agricultor meios e tecnologias para que ele possa extrair o melhor da agricultura”, disse a pesquisadora Kalinka Castelo Branco, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP). Embora o uso ainda não esteja regulamentado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os pesquisadores acreditam que é importante discutir o tema, aperfeiçoar os estudos, desenvolver metodologias e apresentar as melhores soluções tecnológicas e aplicações.

Para o professor Normandes Matos da Silva, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), há uma grande perspectiva de que os vants possam abrir caminhos para análises e estudos relacionados à regularização ambiental. “É uma tecnologia fantástica, que vem para complementar as outras”, avalia o professor. O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) está desenvolvendo um vant, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), para fiscalização de áreas de mineração. Cristina Prando Bicho, do DNPM, abordou uma série de desafios para o uso desses equipamentos, destacando a necessidade do desenvolvimento de mais pesquisas, realização de treinamentos e elaboração de um planejamento de voo.

Entretanto, as inovações devem ser utilizadas de forma consciente. Kalinka lembra que é preciso obter o Certificado de Autorização de Voo Experimental (Cave), emitido pela Anac e uma autorização do Departamento de Controle do Espaço Aéreo chamada Notam – Notice to Airmen, que visa divulgar antecipadamente toda informação aeronáutica de interesse direto e imediato para a segurança. Além disso, é proibido o voo em áreas urbanas, devido ao risco de acidente. De qualquer forma, é importante que as pesquisas sejam realizadas em parceria. “Só a partir do momento em que tivermos várias pessoas de áreas distintas alinhadas, incluindo a indústria, é que vai funcionar”, acredita Kalinka. Presente ao evento, o diretor da startup Acrux Aerospace Technologies, Oswaldo Loureda, disse que “o interesse é justamente conhecer as tecnologias de ponta e, principalmente, as necessidades e os desafios dos pesquisadores e profissionais da área”.

Gestão

A integração de dados e imagens de satélites também ajudam no mapeamento das atividades produtivas. O Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga) foi demonstrado por Leonardo Carlotto Portalete, como uma ferramenta de gestão para a agropecuária. Representando a Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), Portalete demonstrou como a entidade está gerindo as informações sobre produtividade de soja e milho nos principais municípios do estado, as informações logísticas e sobre unidades de armazenamento, além de acompanhar o desenvolvimento e a evolução das safras dessas culturas.

O zoneamento ecológico-econômico (ZEE), ferramenta oficial de planejamento do Mato Grosso do Sul foi tema da palestra do secretário-adjunto de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia de MS, Sérgio Seiko Yanomine. Ele mostrou trabalhos que estão sendo conduzidos para criar um mosaico de biodiversidade com análise territorial, para gerar inclusive as áreas de conservação, orientando as atividades produtivas e de preservação ambiental.

Outra ação importante para a biodiversidade no estado é o programa Biota-MS, apresentado pelo professor Fábio de Oliveira Roque, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Esse programa busca aproximar o conhecimento científico e a tomada de decisão, por meio de uma grande rede de pesquisa formada por diversas instituições, incluindo a Embrapa.

O estado de Mato Grosso do Sul também realizou o monitoramento da sua cobertura vegetal, por meio do projeto Geo-MS, desenvolvido pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), em parceria com a Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP), Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS) e UFMS. O fiscal ambiental do Imasul Sergio Luis Bianchini destacou o Sistema Interativo de Suporte ao Licenciamento Ambiental (Sisla), como um dos principais resultados, que permite aos técnicos ambientais e consultores terem mais segurança com relação aos processos de licenciamento. “Tudo isso favoreceu o fortalecimento do Imasul no uso de geotecnologias”, explicou Bianchini.

Uma proposta para monitoramento do Pantanal por meio do REDD+ foi apresentada pelo pesquisador Dalton Valeriano, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O REDD+ é um incentivo desenvolvido no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima para recompensar financeiramente países em desenvolvimento por seus resultados no combate ao desmatamento e à degradação florestal e na promoção do aumento de cobertura florestal. “É uma demanda para a comunidade científica. Grande parte será feita por sensoriamento remoto”, destacou.

O 5º GeoPantanal ocorreu na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e contou com 103 artigos técnico-científicos, escritos por 363 autores de 73 instituições provenientes de 13 estados brasileiros, além de palestrantes da Argentina e dos Estados Unidos. Ainda foram oferecidos cursos práticos, que tiveram a participação de 50 estudantes e profissionais. Os melhores trabalhos foram premiados e 20 artigos foram selecionados para publicação na Revista Geografia. O evento foi organizado pela Embrapa Informática Agropecuária, Inpe, Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), UFMS e UCDB.

Fonte: Embrapa

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