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Projeto Biomas consegue conter erosões na Amazônia

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Construção de barragem ajudou o crescimento da vegetação em área atingida por voçoroca

Depois de aproximadamente um ano e meio de atuação em área experimental para a recuperação de voçorocas na Amazônia, a equipe do Projeto Biomas começa agora a colher frutos, encontrando um cenário bem diferente daquele marcado pela completa degradação. O trabalho teve início em novembro de 2013, a partir da construção de pequenas barragens para reduzir a velocidade da água, mantendo-a mais tempo no terreno, e de paliçadas para conter os sólidos contidos na água de enxurrada de chuva. Além disso, a área recebeu 730 mudas de fava e 680 de ingás, espécies que ajudam na fixação biológica de nitrogênio no solo, e também foi cercada para garantir a integridade das mudas ante o pisoteio do gado.

“As estratégias para conter o processo erosivo e reduzir a velocidade de expansão da voçoroca passa pelo uso de práticas físicas para ordenamento da água na paisagem, a criação de barreiras para contenção de sedimentos e o plantio de plantas herbáceas, arbustivas e arbóreas para estabilização da voçoroca. Apesar disso, as cicatrizes ainda permanecerão por muitos anos”, diz o pesquisador da Embrapa Agrobiologia (Seropédica, RJ) Alexander Resende, líder do subrojeto Recuperação de voçorocas em áreas rurais, implantado na região.

Alexander explica que, além de reduzir a fertilidade do solo, as voçorocas provocam perda de área, assoreamento de rios e lagoas e transtornos devido à deposição do sedimento em estradas. “Em tupi, voçoroca significa ‘rasgos na terra’; e não há definição melhor para exemplificar o que acontece”, cita. Ele completa: “Essas áreas também são potenciais pontos de dispersão de espécies, uma vez que acabam recebendo sementes, água e nutrientes das áreas do entorno.”

Como observado em nota técnica produzida pelo pesquisador, em conjunto com o coordenador do Projeto Biomas na Amazônia, Alexandre Mehl Lunz, a área em questão já havia passado por práticas agrícolas equivocadas e outras ações antrópicas, como construção de estradas e vias, o que potencializou a ação da voçoroca. “As barragens foram fundamentais para a estabilização da área, que permaneceu compacta e estável desde sua instalação. As barragens dentro da área cercada e sem presença do gado estão cobertas de vegetação, o que lhes confere bastante estabilidade”, escrevem os pesquisadores.

De acordo com eles, após a construção das barragens, foi detectada a presença de capim quicuio (Brachiaria humidicola), braquiária (Brachiaria sp.) e Mimosa velloziana em diferentes áreas da voçoroca, evidenciando que a iniciativa impediu a chegada de sedimentos em seu interior e fez com que o problema não se alastrasse. Além disso, também foram encontrados musgos nas paredes da voçoroca, o que corrobora a conclusão de que os desbarrancamentos foram estabilizados.

Sobre a pesquisa

O Projeto Biomas é fruto de uma parceria entre a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Embrapa, sendo uma iniciativa inédita no Brasil. Seu objetivo é identificar formas sustentáveis de viabilizar a propriedade rural brasileira considerando o componente arbóreo. Os estudos estão sendo desenvolvidos nos seis biomas brasileiros. Na Amazônia, foi implantado em duas áreas e consiste em 22 subprojetos, envolvendo cerca de 80 pesquisadores de 11 instituições brasileiras de pesquisa e ensino.

Além da Amazônia, a Embrapa Agrobiologia também tem atuação nos biomas Cerrado e Mata Atlântica. O projeto é coordenado nacionalmente pela Embrapa Florestas.

Fonte: Embrapa

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