Canoísta de São José dos Campos e recordista mundial de salto em cachoeiras, Pedro Oliva iniciou há uma semana uma expedição pelo Paraíba do Sul que une ciência, esporte e educação social e ambiental. Durante dois meses, em caiaques, a equipe do esportista percorrerá da nascente até a foz do rio coletando dados para avaliação de especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e Universidade Federal de Itajubá (Unifei).
O denominado Projeto Cachoeiras trará informações sobre a água e a faixa da atmosfera logo acima do rio que permitirão uma análise completa da atual situação do Paraíba do Sul. Será avaliado, por exemplo, o impacto causado pela construção de represas e o papel das cachoeiras e corredeiras ao longo do rio.
“É uma iniciativa inédita no Brasil. Do ponto de vista científico, esta é uma oportunidade singular de se obter dados in situ, em regiões remotas e muitas vezes de difícil acesso. É literalmente uma oportunidade para a ciência pegar carona no esporte de alto rendimento”, diz Luciano Pezzi, pesquisador da Coordenação de Observação da Terra do INPE que participa do projeto, assim como Jean Ometto, chefe do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Instituto, e Felipe Pacheco, pós-doutorando do CCST/INPE.
O desafio científico do Projeto Cachoeiras consiste no levantamento longitudinal de parâmetros hídricos e atmosféricos ao longo dos 1.136 km do curso do Paraíba do Sul.
Para isso, o caiaque de Pedro Oliva está equipado com câmeras (vídeo e fotografia) e sondas que registrarão informações da água (temperatura, oxigênio, PH, entre outras), além de recipientes para coleta de amostras em alguns pontos do rio para posterior análise em laboratório. O caiaque ainda possui uma miniestação meteorológica automática que coletará as informações sobre o ar, como temperatura, vento, umidade e pressão.
“Em alguns trechos do rio, o canoísta remará com o fio de um balão meteorológico amarrado a ele. O balão estará a aproximadamente 30 metros de altura e os sensores de umidade e temperatura amarrados pelo fio registrarão as medidas do perfil vertical da atmosfera”, explica o pesquisador do INPE.
A expedição conta ainda com dois carros que servem de base de apoio e comunicação com os centros de pesquisa.
O Projeto Cachoeiras também é voltado à educação socioambiental e visitará algumas comunidades das 39 cidades situadas às margens do Paraíba do Sul. O objetivo é conscientizar a população local sobre os cuidados com o meio ambiente, colaborando para a prevenção de desastres naturais e, ainda, promover o esporte e uma melhor qualidade de vida.
É possível acompanhar o percurso do Projeto Cachoeiras no localizador online: http://trackingsystem.nuvem.us/inpe/
Fonte: Inpe