Dados coletados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) durante a primeira missão científica do Navio de Pesquisa Hidroceanográfico (NPqHo) Vital de Oliveira contribuirão para o aprimoramento dos sistemas de previsão do tempo e clima do Brasil. As informações, que impactam principalmente a região costeira e podem auxiliar na prevenção e alerta de eventos extremos, como temporais e secas, foram obtidas natravessia da embarcação entre Cape Town, na África do Sul, e Arraial do Cabo (RJ), realizada entre os dias 27 de junho e 15 de julho.
Para estudar os processos de interação oceano-atmosfera, os pesquisadores do INPE lançaram balões com radiossondas (sondas atmosféricas que medem variáveis como umidade, temperatura, velocidade e direção do vento) simultaneamente ao lançamento de sondas oceânicas. A equipe do INPE montou ainda uma torre micrometeorológica na proa do navio para o cálculo de estimativa dos fluxos de CO2, momentum, calor latente e sensível.
Os estudos sobre a interação oceano-atmosfera são coordenados por Ronald Buss de Souza, chefe do Programa Antártico do INPE, e Luciano Pezzi, pesquisador da Coordenação de Observação da Terra do INPE.
“É a primeira vez que um experimento desse tipo é realizado nessa região do Oceano Atlântico, o que permite compreender o papel dos vórtices oceânicos, que se propagam no Corredor das Agulhas em direção à costa brasileira, nos processos de troca de gases de efeito estufa (CO2, H2Og). Essas coletas foram realizadas de forma contínua entre a África do Sul e o Brasil”, explica Marcelo Santini, doutorando da UFSM que integra a equipe de pesquisadores do Programa Antártico do INPE. “Durante o cruzeiroforam lançados três perfiladores para o monitoramento da evolução da estrutura oceânica durante a migração dos vórtices”.
Os pesquisadores do INPE integraram a expedição liderada por Moacyr Araújo, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que contou ainda com participantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), da Faculdade de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
As medidas meteoceanográficas tomadas durante a travessia servirão para analisar a vizinhança e o interior de vórtices de mesoescala que se propagam dentro do Corredor das Agulhas, que se estende do sul da África para oeste, em direção ao interior do Atlântico Sul. Essas estruturas influenciam a dinâmica das correntes e do clima e características bioquímicas que afetam a distribuição de organismos marinhos (fitoplâncton, entre outros).
“Medições de diversas variáveis físicas, químicas e biológicas da água do mar foram obtidas, principalmente nas regiões oceânicas onde se localizavam os vórtices. Do lado atmosférico foram obtidas estimativas dos fluxos de CO2, quantidade de movimento, calor sensível, calor latente, além da realização de radiossondagens para observação dos perfis termodinâmicos”, conclui o pesquisador do INPE.
Fonte: INPE