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Relatório da FAO com participação da Embrapa revela que 33% dos solos do mundo estão degradados

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Pesquisadora da Embrapa Solos faz parte do conselho editorial da publicação

Documento do Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) lançado na última sexta-feira (dia 04) em Roma e que será apresentado amanhã (dia 08) na Embrapa Solos (RJ), revela que 33% dos solos do mundo estão degradados. Erosão, salinização, compactação, acidificação e contaminação estão entre os principais problemas. Entre outros prejuízos, como selamento da terra – que agrava as enchentes – e perda de fertilidade, os solos degradados captam menos carbono da atmosfera, interferindo nas mudanças climáticas. Por outro lado, quando gerido de forma sustentável, o solo pode desempenhar um papel importante na diminuição das alterações climáticas, por meio do sequestro de carbono e outros gases de efeito estufa.

“Status of the World’s Soil Resources” reúne o trabalho de cerca de 200 cientistas do solo de 60 países. A pesquisadora da Embrapa Solos, Maria de Lourdes Mendonça, faz parte do conselho editorial e pesquisadores de outras unidades também participaram da publicação. O evento de lançamento do documento no País será no auditório da Embrapa Solos, a partir das 8h30, em cerimônia que contará também com a presença do ministro do TCU, Aroldo Cedraz, e do representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic.

Somente a erosão elimina 25 a 40 bilhões de toneladas de solo por ano, reduzindo significativamente a produtividade das culturas e capacidade de armazenar carbono, nutrientes e água. Perdas de produção de cereais devido à erosão foram estimadas em 7,6 milhões de toneladas por ano. Se não forem tomadas medidas para reduzir a erosão, haverá a diminuição total de mais de 253 milhões de toneladas de cereais em 2050. Essa perda de rendimento seria equivalente a retirar 1,5 milhão de quilômetros quadrados de terras na produção de culturas – ou cerca de toda a terra arável da Índia.

Na América Latina o cenário também é preocupante. “Cerca de 50% dos solos latinoamericanos estão sofrendo algum tipo de degradação. No Brasil, os principais problemas encontrados são erosão, perda de carbono orgânico, e desequilíbrio de nutrientes”, explica Maria de Lourdes.

Os solos brasileiros também sofrem com a salinização, poluição, acidificação. “A agricultura familiar retira mais nutrientes do solo do que repõe. Isso acontece porque falta conhecimento mais detalhado do solo e políticas públicas para que o pequeno produtor possa fazer o manejo adequado da terra”, aponta a pesquisadora. Segundo ela, o Brasil é o país que mais possui áreas que podem ser incorporadas à agricultura, porém precisa avançar na adoção de práticas sustentáveis na produção de alimentos e no conhecimento dos solos. “Possuímos tecnologias que promovem a agricultura sustentável, mas elas precisam ser mais adotadas pelos produtores, tais como o plantio direto, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e a fixação biológica de nitrogênio, por exemplo. No entanto, somente com o conhecimento detalhado dos solos é que será possível dar suporte ao crescimento dessa agricultura sustentável”, informa Maria de Lourdes. Até 2030 será necessário aumentar a produtividade mundial de alimentos em 60% para suprir a população que somará 8,5 bilhões de pessoas.

“A perda de solos produtivos prejudica gravemente a produção de alimentos e a segurança alimentar, amplifica a volatilidade dos preços dos alimentos e, potencialmente, mergulha milhões de pessoas à fome e à pobreza. Mas o relatório também oferece evidências de que essa degradação pode ser evitada, “disse Diretor Geral da FAO, José Graziano da Silva.

O relatório constata que as mudanças climáticas – foco da conferência das Nações Unidas COP21 em Paris – é mais um forte motor da mudança do solo. Temperaturas mais altas e eventos climáticos extremos relacionados, tais como secas, inundações e tempestades impactam diretamente na quantidade e fertilidade do solo. As alterações no clima também têm reduzido a umidade e esgotando as camadas de solo rico em nutrientes. Também têm contribuído para um aumento na taxa de erosão do solo e recuo da costa, proporcionando o avanço do mar cada vez maior.

A acumulação de sais no solo reduz o rendimento das culturas e pode eliminar completamente a produção vegetal. Salinidade induzida por humanos afeta um número estimado de 760.000 quilômetros quadrados de terra em todo o mundo – uma área maior do que toda a terra arável no Brasil. No País, a área mais afetada pelo problema é o Nordeste, geralmente provocada por irrigação em áreas impróprias.

Por fim, a acidez do solo é um grave obstáculo à produção de alimentos em todo o mundo. Os solos mais ácidos do mundo estão localizados em áreas da América do Sul que sofreram desmatamento e agricultura intensiva.

Clique aqui e acesse o relatório completo.

Fonte: Embrapa

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