Um novo mundo de possibilidades e aplicações está se abrindo para os brasileiros! A feira DroneShow, pioneira no país, reuniu as principais empresas de drones nos dias 28 e 29 de outubro. Em paralelo, ofereceu cursos e seminários, abordando temas relacionados à profissionalização do uso de drones
Por Deyse Delamura
O 1º evento do país dedicado especialmente para aplicações profissionais dos drones aconteceu entre os dias 28 e 29 de outubro, em São Paulo (SP), e reuniu especialistas, fabricantes, importadores, prestadores de serviços, desenvolvedores e provedores de tecnologia do Brasil e de vários outros países da América Latina. Foram mais de 2,5 mil visitantes e participantes nas 18 atividades do DroneShow Latin-America, que contou com 50 palestrantes das mais diversas áreas, seja de empresas privadas ou instituições públicas e ainda 25 marcas nacionais e internacionais.
Apesar do momento instável da economia nacional, os participantes da feira demonstraram grande interesse pelos produtos e tecnologias embarcadas nos drones. Nos corredores, estandes e rodas de conversas, era possível perceber o interesse e disposição das pessoas em ampliar seu horizonte profissional, o que favoreceu novos negócios. De acordo com a enquete realizada durante a feira, 72% do público atuava no setor privado e 28% dos participantes eram ligados a setores governamentais. Entre os presentes no DroneShow, a maioria era de presidentes, diretores e coordenadores, correspondendo a 50%, enquanto os participantes relacionados aos cargos do setor técnico corresponderam a 40%. Educadores, pesquisadores e estudantes representaram 10% dos visitantes. A organização do evento, na opinião de 87% dos participantes, foi considerada muito boa e excelente. Além disso, 97% dos participantes afirmaram que retornarão para a segunda edição do evento, que ocorrerá de 10 a 12 de maio de 2016.
A repercussão da feira foi ampla, com mais de 300 citações sobre o DroneShow em veículos de imprensa antes, durante e depois do evento. Várias emissora de televisão e programas jornalísticos cobriram o evento, tais como Estadão, Folha, UOL, Rede Glogo, SBT, Record e Rede TV. A feira também contou com a presença de mais de 75 jornalistas.
O DroneShow contou a presença de um público bastante focado, estando presente apenas pessoas realmente interessadas em drones para aplicações profissionais. Este fator foi avaliado pelos palestrantes e especialistas como o principal para corroborar que a feira representou um marco para o Brasil, pois esta foi a primeira vez que o país sediou um evento desta magnitude, no qual todas as pessoas buscavam se profissionalizar para atuar com responsabilidade. Denis Pretto, diretor da empresa Eficiente Soluções Florestais, que oferece serviços que melhoram a gestão de informação das organizações, declarou que a “feira foi bastante esclarecedora e importante para sanar as dúvidas daqueles que estão interessados nesse novo segmento, porém ainda não estão atuando diretamente com os drones. O drone, com toda a sua tecnologia embarcada, é uma ferramenta de trabalho, profissional, não é lazer. E assim, começa neste momento a separação entre o aeromodelismo e o uso profissional desta tecnologia”.
Os drones vieram para ficar!
Os drones chegaram para serem incorporados em vários segmentos de trabalho e existem muitos nichos no mercado a serem explorados. Entre os participantes da feira, estavam presentes profissionais de várias áreas que utilizam drones como ferramenta de trabalho, como agricultura e florestas, engenharia, infraestrutura e construção, meio ambiente e recursos naturais, geotecnologias, jornalismo, esporte, turismo e publicidade, filmagens aéreas, segurança e defesa, monitoramento, entre outras áreas. Portanto, o papel-chave do evento foi cumprir um caráter educativo. Para disseminar a tecnologia e seu uso profissional, o DroneShow ofereceu cursos e seminários envolvendo as diversas possibilidades de atuação profissional dos drones, os quais foram liderados por especialistas e empresas que já têm conhecimento científico e experiências de sucesso na utilização de drones.
Na feira, representantes e desenvolvedores mostraram as inúmeras opções de drones disponíveis no mercado, tanto equipamentos nacionais como importados, das mais diversas formas, tamanhos e preços, ajudando os interessados a se informar e a descobrir qual dessas opções pode ser a melhor, de acordo com as diversas necessidades de aplicação. Para que fosse possível demonstrar a capacidade de voo dos drones, uma estrutura semelhante a uma gaiola foi montada para que os equipamentos pudessem voar em segurança. O DroneShow adotou parâmetros de segurança para os voos e apenas equipamentos homologados pela Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) puderam realizar demonstrações e expor seus equipamentos.
Os pilotos tiveram a autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para realizar os voos. A gaiola possuía as dimensões de 48m², com 3,80m de altura, protegida por uma rede que separava a área de voo, permitindo que os participantes da feira pudessem assistir os voos com segurança. As empresas que praticaram o voo dentro da gaiola foram: Sensormap, a DroneStore e a Família Zhang. Os voos ocorreram na parte da manhã e da tarde de forma alternada, com somente um drone voando de cada vez.
A demanda pelos cursos oferecidos no DroneShow foi intensa e todas as vagas foram esgotadas antes mesmo do evento começar. Os temas abordados foram “Drones: Tipos, Usos e Aplicações”, “Drones parara Agricultura”, “Como utilizar Drones para Mapeamento” e “Como pilotar Drones para usos profissionais”.
No seminário A, realizado no dia 28 de outubro, foram apresentados os painéis “drones em projeto de engenharia” no qual as potenciais aplicações dos drones para auxílio nos projetos e inspeções de construções foram apresentadas; “drones para mapeamento e cadastro”, no qual foi levado em conta as vantagens econômicas e a precisão dos levantamentos feitos com drones em projetos de mapeamento e cadastro urbanos e rurais; e “drones para Agricultura e Manejo Florestal” que apresentou os drones para gestão agrícola e florestal, modelagem 3D e combate às pragas.
Neste mesmo dia aconteceu o seminário B com os painéis “Inteligência embarcada nos drones”, que discutiu as tecnologias disponíveis atualmente para processamento de imagens, navegação e controle dos drones, a fim de garantir a qualidade e segurança dos projetos; “Pilotagem de drones como nova profissão” que destacou a importância do treinamento dos pilotos e como este setor promete gerar muitas novas oportunidades de empregos no país; “Mecatrônica e Robótica” que apresentou como é a linha de produção, os controles e como funcionam os drones.
Durante o dia 29 aconteceram os seminários C e D. Durante o primeiro foram exibidos os painéis “Drones em projetos de Meio Ambiente e Mineração”; “drones em projetos de Infraestrutura”, demonstrando quais as aplicações dos drones em projetos de grandes obras, como barragens, pontes, viadutos, turbinas, redes de energia, óleo e gás; “drones na Agricultura de Precisão” que apresentou as aplicações dos drones na gestão da agricultura, com soluções em tempo real que melhoram a qualidade e produtividade no campo.
O seminário D também exibiu três painéis: “Drones para Imagens aéreas” com dicas sobre segurança e melhores técnicas para obtenção de imagens aéreas de esportes, aventuras, eventos, turismo, mercado imobiliário e publicitário entre outros; “Drones no setor de Segurança” com aplicações em segurança pública e privada, no combate e na prevenção de crimes e os aspectos legais envolvidos no uso das imagens, bem como questões relacionadas a direitos de privacidade; “Drones para Jornalismo & TV” que demonstrou a utilização de drones na captação de imagens para coberturas televisivas.
No final da tarde do segundo dia do evento, 29 de Outubro, ocorreu de forma paralela ao DroneShow um evento especial sobre o projeto inovador AtlantikSolar na Amazônia, um Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) movido a energia solar com capacidade tanto para voos controlados quanto para voos autônomos. Os objetivos e aplicações desse projeto consistem em busca e salvamento, monitoramento de queimada e desmatamento, monitoramento de áreas de difícil acesso e aplicações na agricultura.
Segurança e responsabilidade
Engana-se quem acredita que os drones estão por aqui só de passagem! A primeira feira de drones do país trouxe resultados que mostraram que a era dos drones no Brasil está apenas no começo. O evento DroneShow LatinAmerica 2015 abriu suas portas no dia 28 de Outubro com um debate sobre a Nova legislação para o uso de drones no Brasil. Este momento contou com a ilustre presença de Roberto Honorato, Gerente Técnico do Processo Normativo da Agência Nacional de Aviação Cívil (ANAC). Além disso, Cyro André Cruz, Tenente-Coronel Aviador do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) também esteve presente para apresentar sobre regulamentação e debater junto à comunidade.
O debate contou com a presença de 700 participantes atentos aos próximos passos da ANAC e do DECEA, posto que é de interesse de todos os profissionais da área, instituições públicas, empresas e entusiastas do setor as questões ligadas a nova regulamentação do uso de drones no Brasil. O foco principal das discussões foi a segurança do espaço aéreo, da operação e da fabricação de drones. O Tenente-Coronel Aviador Cyro André Cruz fez uma abordagem sobre Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas e o Acesso ao Espaço Aéreo Brasileiro, na qual foram tratados assuntos como a responsabilidade e a estrutura do espaço aéreo pelo DECEA.
Visto que os drones estão conquistando cada vez mais espaço e sendo inseridos como novo componente da aviação mundial, o Tenente-Coronel alegou que as normas para o uso de drones serão flexibilizadas, porém sem abrir mão da segurança, que é o aspecto mais importante quando trata-se do uso civil do espaço aéreo. Os drones para usos profissionais, cada vez mais distantes de aeromodelos para entretenimento, possuem toda uma complexidade para serem remotamente pilotados. Tanto a decolagem, quanto o seu manuseio e seu plano de voo, apresentam uma sequência de riscos de acidentes que devem ser todos avaliados até que se chegue a um nível aceitável de segurança. Conforme a ANAC, independentemente do tamanho ou peso, a operação irregular desse tipo de aeronave pode acarretar risco ao espaço aéreo e às pessoas. Ao passo que o número de solicitações de reserva de espaço aéreo está cada vez maior, as alterações no regulamento serão feitas em função da popularização dos drones na sociedade, pois o interesse por esse tipo de aeronave voltou-se para pessoas que não são do ramo da aviação mas querem atuar profissionalmente em diversas áreas utilizando os drones como ferramenta de trabalho.
Segundo os órgãos regulamentadores, DECEA e a ANAC, que abriram o DroneShow, está previsto até janeiro os novos procedimentos para a utilização dos drones. ANAC encerrou a consulta pública para contribuições sobre a proposta de regulamento para utilização do drones em 3 de novembro. O DECEA efetuará uma adequação da legislação existente, a ICA-100-40, para o compartilhamento dos drones pelo espaço aéreo com as aeronaves tripuladas que foca na segurança de uso em relação a aviões e pessoas. Ainda que o Brasil enfrente uma instabilidade na economia, esta notícia deixou todos os envolvidos do setor de drones otimistas para as novas possibilidades de ampliação do mercado.
Com a liberação da Regulamentação dos drones, as empresas nacionais não precisarão mais se restringir a contratos corporativos, em segmentos como defesa, agricultura e construção, e terão a chance de concorrer no mercado para o consumidor, intensificando a produção de drones e aumentando a competitividade das fabricantes brasileiras. Conforme o idealizador do evento DroneShow, Emerson Granemann, “a estimativa para 2016 é que surjam entre três e cinco mil postos de trabalho, ligados direta ou indiretamente à cadeia produtiva do setor e gerados por fabricantes, importadores, prestadores de serviços de mapeamento, monitoramento e imagens aéreas, além dos pilotos profissionais”. De acordo com dados extra oficiais compilados por Granemann, após comparações com dados mundiais e trocas de informações com empresários brasileiros que atuam no mercado de drones, as estimativas de faturamento do mercado de drones, incluindo vendas de equipamentos, treinamentos de pilotos e prestação de serviços, é de 100 a 200 milhões de reais para o próximo ano.
Conforme Ivo Faria, Diretor de Desenvolvimento de Negócios do grupo Tekever, uma empresa portuguesa que desenvolve tecnologias inovadoras para setores Aeroespacial, Defesa e Mercados de Segurança, “o mercado de drones está bastante movimentado, tanto em demanda quanto em novidades, podendo perceber grandes interesses por partes das fabricantes brasileiras. Estou surpreso com a feira DroneShow, uma surpresa bastante agradável em ver o auditório lotado de pessoas para assistir o debate da DECEA e ANAC sobre a legislação de uma tecnologia, que a meu ver, ainda não está tão difundida.”
O diretor da MundoGEO e idealizador do evento DroneShow, ressalta que “o evento DroneShow foi concebido em um momento que temos uma janela de oportunidades se abrindo para empreendedores oferecerem soluções para inúmeras aplicações dos drones. E em paralelo estamos na iminência de receber uma regulamentação para proporcionar mais segurança as operações.”
Para Ivo Faria, “as ideias ainda não estão muito organizadas, pois está todo mundo eufórico em querer a tecnologia que está cada vez mais disponível e está na hora deste novo setor começar a se organizar”. Segundo o Diretor da Tekever, o primeiro passo foi a audiência pública da ANAC. “A partir do momento que os drones vão se popularizando e tornando-se mais acessíveis, cada um vai querer ter o seu próprio drone, portanto a necessidade da legislação se dá para evitar o uso desorganizado, conscientizando a população que o drone não é brinquedo e que há uma série de responsabilidade ao se pilotar uma aeronave não tripulada. E quanto aos fabricantes, aqueles que não tiverem em seus equipamentos como premissa a segurança, acabarão por inviabilizar seu próprio negócio.”
A legislação que logo estará em vigência para alguns se mostra, a primeira instância, de forma bastante tolerante, o que permitirá aos usuários de drones trabalhar com tranquilidade. Paulo Bomnonatti, diretor da empresa Fabris, diz estar confiante quanto a isto e que a legislação, sem dúvidas, é algo bastante positivo e contribuirá para a eclosão do mercado e da demanda por serviços e equipamentos.
Os drones civis ganham força gradativamente no mercado global e, o Brasil, que não está do lado de fora desta novidade, se encontra preparado para se profissionalizar neste setor. É nisto que Lucas Cespedes Tavolaro, da plataforma DroneAqui, acredita. “Deposito todas minhas fichas neste mercado em crescimento e em seu amadurecimento. Aqueles que buscam os serviços prestados pelo profissional do ramo pouco a pouco exigirão que o prestador de serviços esteja devidamente homologado. E a feira DroneShow está sendo o divisor de águas entre os equipamentos de aeromodelismo para entretenimento e o drone como ferramenta de trabalho de um mercado em ascensão”. Para Tavolaro, “a feira foi extraordinária, trouxe um público realmente interessado em competir neste novo mercado, mostrou que o profissional desta área terá que trabalhar com segurança, com equipamento de ponta para obtenção de bons resultados, profissionais estes que serão cada vez mais requisitados em diversas áreas. A regulamentação dos voos de drones é de competência da ANAC, já quanto à demanda pelo trabalho do profissional envolvido direta ou indiretamente com os drones é o mercado quem vai regular”, afirma.
Leandro Camboim da Silveira, Gerente de Programas de ARP da AEL Sistemas, empresa brasileira fabricante de drones, mostra-se convicto de que os drones revolucionarão o meio corporativo. “De um jeito ou de outro, diversos setores do universo empresarial serão influenciados pelos drones de forma implacável. Aqueles que não se atualizarem a essa novidade tecnológica aos poucos estarão em descompasso na competição por espaço no mercado futuro”, afirma.
E como ressalva Guilherme Y. Barbosa, Diretor da empresa Caraca Imagens, empresa especializada em imagens aéreas, “para todos os envolvidos nesse meio que estão apostando no mercado de drones, aguardando a regulamentação e investindo capital, a feira está sendo um marco histórico. Pela primeira vez vejo diversos segmentos da área de drones, que tentavam se organizar, enfim reunidos”, comemora.
O drone tem que ser reconhecido e regulamentado! Esta foi a ideologia que norteou a feira DroneShow, bem como preparar o usuário para ingressar de forma responsável neste novo mercado. “O evento foi bastante importante tanto para informar sobre o surgimento dos drones no país quanto para desmistificar o seu uso”, manifesta Leonardo Garcia, Diretor da empresa fabricante de drones XFLY, que acredita ainda nos resultados positivos da feira para a comunidade e para sua empresa. Já para Leandro Camboim, da AEL Sistemas, “a regulamentação dos drones que ainda está por vir é preliminar, entretanto ajudará muitos fabricantes brasileiros a saírem do caráter experimental, sendo vantajosa para toda a comunidade de drones”.
A partir do momento em que se estabelecer a lei que regulariza as operações de Veículos Aéreos Não Tripulados no Brasil, o mercado voltado para esse equipamento acompanhará o avanço da indústria de forma propícia, além de abater a insegurança dos usuários desse dispositivo quanto ao que é permitido e seguro e o que não é. E mesmo que o mercado de drones esteja apenas começando, o convidado Lic. Martín González, Diretor da Bayanal SA, uma distribuidora de drones do Uruguai, crê que o crescimento deste mercado para os próximos anos será de forma exponencial, ou seja, um mercado de vastas possibilidades e crescimento muitíssimo rápido. O diretor comemorou o momento experienciado no Brasil afirmando que a feira aconteceu no momento perfeito e de forma exemplar em sua organização e proposta.
Deyse Delamura
Formanda em Geografia, Assistente Editorial da Revista MundoGEO/DroneShow News, Assistente de Redes Sociais e Eventos.
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