O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acaba de lançar a obra A Geografia do Café, que inaugura a série Dinâmica Territorial da Produção Agropecuária
O IBGE divulgou nesta segunda-feira (5/12) o primeiro volume da série Dinâmica Territorial da Produção Agropecuária, com o tema A Geografia do Café.
A publicação contempla o deslocamento dessa cultura agrícola no espaço rural brasileiro ao longo de quatro décadas (1970 a 2010). Além disso, identifica os principais vetores de mobilidade espacial da cafeicultura, que são as condições naturais (como eventos climáticos), socioeconômicas (como períodos de superprodução e preços elevados) e políticas públicas (como as ações de renovação da cultura cafeeira).
A série Dinâmica Territorial da Produção Agropecuária tem o objetivo de acompanhar o deslocamento espacial e revelar a geografia contemporânea de produtos da agropecuária nacional. O foco é sistematizar, em uma mesma base cartográfica, um conjunto de informações que contribuam para a análise geográfica dos principais segmentos que compõem o espaço rural brasileiro na contemporaneidade. Os produtos selecionados para compor essa série são aqueles que, ao longo do tempo, alcançaram uma expressão relevante na estruturação do espaço rural brasileiro.
A obra A Geografia do Café, além de seu formato em pdf, também está disponível em um aplicativo de análise geográfica, que incorpora, em ambiente interativo, todas as informações contidas no projeto. O aplicativo permite a navegação tanto por usuários que desejam ter acesso somente ao conjunto de textos e mapas, via download, como também para aqueles que buscam informações geográficas online.
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Deslocamento da cultura cafeeira em direção a MG e ES
A obra A Geografia do Café destaca a dimensão da dinâmica territorial observada em uma produção que se deslocou de São Paulo e Paraná em direção a Minas Gerais e Espírito Santo, além de se dispersar por áreas especializadas na Bahia, em Goiás e Rondônia e de continuar a se reproduzir em áreas do Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo. A liderança de Minas Gerais e Espírito Santo na atual geografia do café foi alcançada no final da década de 1990.
A publicação identifica, ainda, os vetores da mobilidade espacial da cafeicultura no Brasil. Entre eles, estão as fortes geadas que atingiram os cafezais de São Paulo e Paraná, especialmente a de 1975. Os períodos de superprodução e preços elevados, nos quais os cafeicultores estabeleciam novas áreas de expansão, são igualmente apontados como elementos responsáveis pela dinâmica espacial da produção cafeeira, além do próprio crescimento do mercado urbano, associado ao processo de urbanização do país e, mais diretamente, do estado de São Paulo.
Dentre as profundas transformações operadas no processo produtivo dessa lavoura, estão a introdução da tecnologia, de novas variedades e de práticas agronômicas. O deslocamento espacial, resultando na mudança das regiões cafeeiras, constitui um dos traços mais significativos que acompanhou a evolução da cafeicultura no Brasil ao longo do tempo.
Capacidade de armazenagem e escoamento da produção
Associada à dinâmica territorial do café, existe uma geografia dos pontos, onde a produção é concentrada em armazéns e processada em torrefadoras, e uma geografia de fluxos, traçada entre os municípios que produzem, armazenam e processam essa produção e os portos, que direcionam parte dessa produção para o mercado.
A concentração da quantidade estocada do café em grão na Mesorregião Geográfica Sul/Sudoeste de Minas Gerais, com destaque para Guaxupé e Varginha, alcançou, em 2013, mais de 105 mil toneladas, o que confere uma posição singular a esses municípios no contexto nacional.
Uma segunda área de projeção na geografia da estocagem do café em grão em escala nacional está compreendida entre o Triângulo Mineiro e a região em torno da cidade de Anápolis, em Goiás, e da capital federal, onde se concentra grande parte dos pontos de comercialização e um conjunto de instalações de grande porte para estocagem de grãos.