publicidade

Controle da paisagem: softwares monitoram a saúde das árvores das cidades

publicidade

Árvores reduzem a poluição atmosférica e sonora, diminuem a temperatura em seu entorno, minimizam danos ao alterar a velocidade e a direção dos ventos, além de deixar as cidades mais bonitas. Se não forem bem cuidadas, podem cair, causando ferimentos e mortes, interrompendo vias e o fornecimento de eletricidade. Como exemplo, entre janeiro e maio deste ano, na cidade de São Paulo, caíram 2.192 árvores, o que dá uma média de 14,5 por dia

Softwares ajudam a monitorar a saúde das árvores das cidades (foto: Eduardo Cesar/Revista Pesquisa FAPESP)
Softwares ajudam a monitorar a saúde das árvores das cidades (foto: Eduardo Cesar/Revista Pesquisa FAPESP)

Para que os benefícios da floresta urbana superem as desvantagens, é preciso que ela seja bem cuidada. É o que pretendem três softwares desenvolvidos no Brasil para programar podas e cortes, saber qual a idade da árvore e até indicar se uma espécie pode ser plantada em determinado lugar.

O que está em estágio mais adiantado é o Arbio, criado no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) para gerenciar principalmente as árvores localizadas no sistema viário e em praças. “O programa permite fazer inventários, ao cadastrar as plantas de uma localidade, e o planejamento da arborização, ao definir os locais e as espécies mais adequadas para o plantio”, conta o biólogo Sérgio Brazolin, chefe do Laboratório de Árvores, Madeiras e Móveis do IPT, coordenador da equipe que desenvolveu o software.

Ele explica que o Arbio tem capacidade para conter as informações individualizadas de cada árvore, como localização, identificação botânica (nome científico e popular), condições de entorno, abrangendo as vias de tráfego, tipo de imóvel associado, condições da calçada, canteiro, interferências dos fios de eletricidade e telefonia na copa, situação do tronco e das raízes, dendrometria (medição da massa lenhosa) e existência de doenças ou infestação de cupins.

Em Belo Horizonte, a empresa Digicade criou, em parceria com o Google, o sistema Geosite, que também facilita o monitoramento de árvores urbanas. “Trata-se de um sistema integrado a informações geográficas, que torna mais eficiente a gestão, em uma só ferramenta, de operações de inspeção, poda e manejo de árvores em cidades”, afirma João Carlos Tavares da Silva, coordenador de Desenvolvimento da empresa.

A empresa CAA Tecnologia da Informação, de Botucatu (SP), está finalizando um software semelhante ao Arbio e ao Geosite, em termos de funcionalidades e objetivos. O projeto tem o apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP.

“O programa poderá ser usado no planejamento e na gestão das árvores, além de promover a interatividade com a população”, afirma o coordenador do projeto na empresa, o engenheiro florestal Guilherme Corrêa Sereghetti. Os três programas têm entre seus potenciais usuários prefeituras, universidades, concessionárias de energia, consultorias ambientais e condomínios e organizações não governamentais.

A coleta dos dados para alimentar os softwares pode ser realizada por técnicos treinados. A responsabilidade pela análise ou tomada de decisão de manejo, no entanto, cabe a biólogos, engenheiros florestais ou agrônomos. “O sistema móvel [software em smartphone] facilita a inspeção da árvore pelo técnico e o armazenamento das informações coletadas”, explica Brazolin.

Um diferencial do Arbio, segundo Brazolin, é a capacidade de analisar o risco de queda de uma árvore. “O software tem um modelo de cálculo probabilístico, elaborado pelo IPT”, explica. “O programa é alimentado com uma série de informações, como tamanho da planta e da sua copa, diâmetro do tronco e estado de deterioração, como apodrecimento ou cavidades no tronco. Utilizando conceitos de biomecânica, o software faz cálculos matemáticos que determinam a probabilidade de queda para 12 diferentes velocidades de vento e gera um gráfico com os resultados.”

Para chegar a ele é preciso medir a altura total da árvore utilizando um aparelho chamado de hipsômetro e a largura da copa pode ser obtida pela medida projetada no chão com fita métrica. Com isso, o Arbio calcula a área estimada da copa para os cálculos no modelo estrutural de risco de queda.

Os softwares também podem ser alimentados com dados fenológicos das plantas, como época da queda das folhas, da floração e da frutificação, além de informações sobre pragas ou doenças. “Nosso programa possibilitará a participação da população, que poderá solicitar poda ou corte de uma árvore ou a inclusão de um exemplar ainda não cadastrado, inclusive com envio de foto pelo celular”, conta Sereghetti, da CAA.

Plano diretor

Os três programas estão em fases diferentes de desenvolvimento, nenhum ainda em uso comercial. O Arbio começou a ser criado em 2013 e já está pronto para uso. A primeira cidade a implantá-lo nos próximos meses será Mauá (SP), na Região Metropolitana de São Paulo, cidade com 457 mil moradores.

“O desenvolvimento desse software resultou de um projeto de capacitação financiado pelo governo do Estado de São Paulo para aprimorar a gestão da arborização”, explica Brazolin. “O IPT está estudando disponibilizá-lo gratuitamente para os municípios do estado de São Paulo.”

Fonte: FAPESP

publicidade
Sair da versão mobile