No retorno para seus países, os técnicos poderão por em prática os conhecimentos adquiridos e assim aprimorar o trabalho que seus governos já realizam para contribuir à redução dos índices de desflorestamento. Ministrado em inglês, o curso atual tem como instrutores Carlos Da Costa e João Felipe Kneipp.
Uma das principais causas da derrubada de árvores no Suriname é a mineração ilegal. Já foi atestado que a mineração de ouro em pequena escala tem importância para a nação, no entanto faltam conhecimentos e habilidades no ramo para que garimpeiros possam buscar minérios sem desmatar.
A representante do governo surinamês, Ilgia Holpel, que está em Belém para a capacitação, declarou que 93% da área do país ainda é floresta, porém da área desmatada a maior parte é originada pela mineração.
“No Suriname, o que se está a fazer são projetos não para erradicar completamente o desmatamento, mas para transformar as ações madeireiras, de agricultura e a própria mineração, por exemplo, em ações mais sustentáveis. Sustentabilidade é a palavra que norteia nosso trabalho atualmente”, comentou Holpel.
De acordo com a chefe do Centro Regional da Amazônia e coordenadora do Projeto de Capacitação em Monitoramento de Florestas por Satélite (Capacitree) do INPE, Alessandra Rodrigues Gomes, o Suriname é um país tido como “caso de sucesso”.
“O sistema de monitoramento no país iniciou e continua utilizando o software TerraAmazon, além de metodologias adaptadas a partir das que foram apresentadas durante as capacitações já realizadas por nós. Esperamos que, independente do sistema utilizado, o Capacitree e as geotecnologias possam, cada vez mais, auxiliar na diminuição do desmatamento e na sustentabilidade florestal tão necessária, principalmente por se tratar da Bacia Amazônica”, disse Gomes.
Em Belém o INPE está situado no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá, onde mantém infraestrutura de ponta para realizar treinamentos como esse. As salas de aula são equipadas com recursos audiovisuais e computadores onde os participantes utilizam o software TerraAmazon, com o qual se faz mapeamento de corte raso, de uso e cobertura da terra e também se mede desmatamento.
Com o conhecimento deste software e suporte técnico do INPE, os participantes do Curso de Monitoramento de Florestas Tropicais estão aptos para implementar ou adaptar o programa brasileiro de monitoramento de florestas tropicais em seus próprios países através de salas de observação. O TerraAmazon tem disponibilização gratuita e foi desenvolvido pela Divisão de Processamento de Imagens (DPI/INPE), ligada a Coordenação de Observação da Terra (OBT/INPE), em parceria com a Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais (FUNCATE).
Os treinamentos realizados no INPE Amazônia integram o Projeto Monitoramento da Cobertura Florestal Amazônica, que a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) mantém em parceria com o INPE desde 2010, executado atualmente com financiamento do Fundo Amazônia e administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Como coordenadora do Projeto Capacitree, desde 2010 acompanhamos todas as ações dos países membros da OTCA (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela), de quem o INPE é parceiro técnico e é importante mencionar que estamos fechando um ciclo. Um ciclo de anos de cooperação técnica, de capacitações e de parceria. Nesse período centenas de técnicos foram treinados, muitos programas de monitoramento foram incentivados e o INPE fica muito satisfeito por ter colaborado na transferência de conhecimento, essa que é uma das missões do CRA”, disse Alessandra Rodrigues Gomes.
A chefe do CRA e coordenadora do Projeto Capacitree, reiterou ainda que o repasse de informações sobre o sistema brasileiro de monitoramento de florestas permitiu que outros países pudessem otimizar e buscassem melhorias para atender demandas específicas. “O suporte constante ao programa de computador TerraAmazon, as constantes discussões acerca de temas relevantes na área florestal e a significativa luta contra o desmatamento fizeram com que os países entendessem essa cooperação técnica e desfrutassem de todo o material didático que está sempre à disposição”.
A OTCA é responsável por toda logística que trás e mantém os participantes no Brasil e ao INPE, através de seu Centro Regional da Amazônia com consultores qualificados, compete a capacitação dos participantes com base em seu savoir-faire de 30 anos monitorando a floresta amazônica brasileira. A cooperação com o INPE reforça o empenho da OTCA para um monitoramento mais amplo da Amazônia, viabilizando que os demais países sulamericanos se juntem ao Brasil para um monitoramento florestal mais eficiente.