*Por Sérgio Tenório dos Santos
As cidades se formam e se transformam através dos séculos buscando, a partir das suas necessidades, maneiras de se tornarem melhor habitadas, governadas e sustentadas. Uma cidade é um organismo vivo, com personalidade própria, e que desde o princípio teve dentre seus objetivos a organização urbana nas mais diversas áreas da atividade humana. Nesse espaço social, os indivíduos assumem suas características peculiares, mesmo que movidos por objetivos distintos, pois têm na cidade uma significativa forma de representação. A identidade única da cidade, sua referência perante o mundo, produz em sua população uma identidade coletiva que busca, a partir de seus valores compartilhados, uma consciência coletiva e integrada.
As cidades, que são diferentes entre si por possuírem realidades socialmente construídas e interpretadas de formas distintas, em suas múltiplas vertentes, buscam continuamente soluções para os seus problemas específicos e também mitigar desequilíbrios estruturais que representem ameaças para a organização da cidade. Nesse processo resolutivo, a rápida urbanização tem provocado um descompasso entre a infraestrutura existente e a necessária para afetar positivamente suas áreas vitais como saúde, educação, transporte, meio ambiente. Parafraseando Durkheim, o indivíduo se submete à cidade e é nessa submissão que ele deve encontrar abrigo.
Iniciativas têm sido realizadas mundo afora na transformação de cidades convencionais em cidades inteligentes para a incorporação de aspectos relativos à melhoria da habitabilidade, governança e sustentabilidade pela integração tecnológica de diferentes áreas de atuação, como energia, agricultura, água, saneamento, habitação, transporte, saúde, segurança. As cidades que se formam e se transformam através dos tempos permanecerão na busca incansável da melhor representação de sua identidade, para melhor satisfazerem suas necessidades, solucionarem seus problemas e melhor se estabelecerem sobre as circunstâncias que emergirem, o que atualmente concede protagonismo nas bases tecnológicas para a governança e a sustentabilidade.
Enquanto indivíduos integrantes das estruturas que compõem uma cidade, participantes de sua identidade coletiva e detentores das motivações e necessidades do indivíduo urbano, aponto para a urgência de melhor compreendermos a confluência da cidade com a tecnologia, para sermos parte do conhecimento e participantes da solução de seus problemas específicos.
*Sérgio Tenório dos Santos é membro do Comitê Macroeconômico do ISAE – Escola de Negócios