Metodologia permite a extração automática de áreas com retirada total da vegetação e que não estão incluídas em mapeamentos anteriores
Como se sabe, o monitoramento do desmatamento na Amazônia com imagens de sensores ópticos sempre foi um desafio grande dada a frequente cobertura de nuvens na região, que compromete a observação em mais da metade do ano de acordo com os dados do próprio Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A busca por “pixels limpos” através da intensificação de coleta de dados sobre a região tem sido uma alternativa para minimizar este problema, porém, além de aumentar o volume de dados a ser tratado, aumenta os custos de monitoramento e não resolve o problema, uma vez que muitas áreas continuam sem observação, o que compromete, significativamente, o monitoramento. Este cenário, contudo, pode ser modificado a partir da introdução do uso de imagens de radar, as quais não sofrem interferência das nuvens, dependendo do comprimento de onda adotado (bandas X, C ou L), provendo informação de qualquer região da Amazônia.
A Visiona Tecnologia Espacial S.A, uma empresa dos grupos Embraer e Telebras, com sua equipe especialista em Radar, desenvolveu metodologia de geração de alertas de desmatamentos cuja frequência de atualização é de 15 dias.
Por exemplo, o sistema Sentinel-1 adquire dados na banda C, disponibilizados gratuitamente pela Agência Espacial Europeia (ESA) no âmbito do Programa Copernicus, o que tem motivado muitos usuários de sensoriamento remoto a utilizarem dados de radar para diversas aplicações. No caso da Amazônia, em especial, estes dados representam importante fonte de informação sobre a cobertura vegetal, necessitando apenas de metodologia de processamento e análise adequados para a extração da informação.
No caso do desmatamento, a metodologia desenvolvida pela Visiona permite a extração automática de áreas de “corte raso”, ou seja, áreas com retirada total da vegetação e que não estão incluídas em mapeamentos anteriores. Esta detecção pode ser atualizada a cada 12 dias com imagens Sentinel-1, porém, a metodologia pode ser aplicada para quaisquer sistemas SAR comerciais que, combinados, podem aumentar a frequência de atualização. O exemplo abaixo ilustra incrementos de desmatamento (alertas) detectados em uma área de 3.740 ha, localizada em uma região de expansão agropecuária na Amazônia brasileira.
Na área da figura acima foram quantificados 165 ha de novas áreas desmatadas, além daquelas já mapeadas pelo sistema Prodes (Inpe). Para isso, foram utilizadas imagens Sentinel-1 coletadas em 23/11/2017 e 05/12/2017, ou seja, com 12 dias de intervalo entre as aquisições, demonstrando, assim, a potencialidade desses dados e da metodologia desenvolvida pela Visiona para a geração de alertas de desmatamento, independente das condições atmosféricas da região.
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