Após o aumento do desmatamento em 2015-2016, o desmatamento decresceu nos dois últimos anos, apresentando os menores índices já registrados desde o início do monitoramento do Atlas
O desmatamento da Mata Atlântica entre 2017 e 2018 caiu 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), que por sua vez já tinha sido o menor registrado pela série histórica do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o bioma desde 1985.
O relatório aponta que no último ano foram destruídos 11.399 hectares (ha), ou 113 quilômetros quadrados de áreas de Mata Atlântica acima de três hectares nos 17 estados do bioma. No ano anterior, o desmatamento tinha sido de 12.562 hectares (125 quilômetros quadrados).
Dos 17 estados, nove estão no nível do desmatamento zero, com desflorestamentos abaixo de 100 hectares, ou 1 Km². São eles: Ceará (7 ha), Alagoas (8 ha), Rio Grande do Norte (13 ha), Rio de Janeiro (18 ha), Espírito Santo (19 ha), Paraíba (33 ha), Pernambuco (90 ha), São Paulo (96 ha) e Sergipe (98 ha). Outros três estados estão a caminho desse índice: Mato Grosso do Sul (140 ha), Rio Grande do Sul (171 ha) e Goiás (289 ha).
Ieda Del’Arco Sanches, pesquisadora e coordenadora técnica do estudo pelo INPE, ressalta que após o aumento do desmatamento em 2015-2016, que atingiu 29.075 ha, o desmatamento decresceu nos dois últimos anos (12.562 ha em 2016-2017 e 11.399 ha em 2017-2018), apresentando os menores índices já registrados desde o início do monitoramento do Atlas.
“Interessante notar que desde o período 2010-2011, quando o mapeamento começou a ser feito anualmente, essa é a primeira vez que o desmatamento diminuiu em dois anos consecutivos. O quadro é bastante promissor, mas é preciso manter o ritmo no combate ao desmatamento para não retroceder”, diz a pesquisadora do INPE.
Marcia Hirota, diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, destaca que o resultado positivo tem relação com ações afirmativas de monitoramento sistemático e combate ao desmatamento empenhadas por órgãos ambientais estaduais, polícia ambiental, Ministério Público e Ibama nos últimos anos.
“Esses dados comprovam como o acompanhamento da sociedade civil e investimentos dos governos no cumprimento da Lei da Mata Atlântica, por meio dos órgãos de conservação, fiscalização e controle, trazem resultados concretos. Este tipo de ação precisa ter continuidade”, observa Hirota. Vale ressaltar que a Mata Atlântica é o único bioma brasileiro com uma lei específica.
Apesar dos resultados positivos desta edição do Atlas da Mata Atlântica, cinco estados ainda mantém altos índices de desmatamento: Minas Gerais (3.379 ha), Paraná (2.049 ha), Piauí (2.100 ha), Bahia (1.985 ha) e Santa Catarina (905 ha).
O Atlas da Mata Atlântica indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de 3 hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma.
O estudo fundamenta-se na identificação de remanescentes florestais em estágios primário, médio e avançado de regeneração com ao menos 3 hectares de área contínua bem preservada, que são essenciais à conservação da biodiversidade no longo prazo. Sendo assim, florestas nativas menores de 3 hectares, áreas muito alteradas, ou em regeneração, e pequenas manchas, especialmente no espaço urbano, não são contabilizadas.
Esta área mínima de 3 hectares também justifica-se pela necessidade de manter a compatibilidade com os dados históricos que permitem a comparação e monitoramento das alterações dos fragmentos florestais ao longo do tempo. O estudo tem patrocínio de Bradesco Cartões e execução técnica da Arcplan.
Com informações do INPE
INPE confirmado no MundoGeo Connect 2019
O INPE confirmou a sua participação nos eventos MundoGEO Connect e DroneShow 2019, que acontecem de 25 a 27 de junho no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo (SP).
O INPE participará do MundoGeo Connect 2019, onde serão apresentados os projetos de monitoramento ambiental dos biomas brasileiros que estão sendo executados com apoio financeiro do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Fundo de Investimento Florestal (Banco Mundial) e Fundo Amazônia (BNDES).
Dentre os projetos executados, serão destaques os projetos Desenvolvimento de Sistemas de Prevenção de Incêndios Florestais e Monitoramento da Cobertura Vegetal do Cerrado, realizado em parceria com a Universidade Federal de Goiás e Universidade Federal de Minas Gerais, sob a responsabilidade do MCTIC e Monitoramento Ambiental dos biomas: Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e Pantanal.
No dia 26 de junho, informações e resultados dos projetos serão apresentados em uma sessão de palestras, assim como será realizada uma demonstração do portal de divulgação de dados geográficos TerraBrasilis desenvolvido pelo INPE.
Desde 1988 o INPE realiza o monitoramento do desmatamento da Amazônia, agora com o desenvolvimento destes novos projetos, até 2020 todos os biomas brasileiros serão monitorados, gerando informações estratégicas para a gestão territorial do país, da mesma forma como o INPE vem realizando na Amazônia.
O apoio do INPE ao MundoGEO Connect e DroneShow só comprova a confiança dos expositores no potencial do mercado de Geotecnologias e no sucesso do evento. Confira o vídeo oficial com os destaques da última edição do evento:
Imagens: Divulgação