No Uruguai, o último voo fotogramétrico de todo o território datava de 1966 e apenas voos parciais tinham sido efetuados desde essa data.
O governo do Uruguai, através da IDEU (Infraestrutura de Dados Espaciais do Uruguai), realizou uma longa e exaustiva avaliação das melhores alternativas para a atualização da cartografia nacional e produziu as especificações para a licitação de execução do projecto.
Várias opções foram tidas em consideração, tais como a utilização de câmara aérea, LiDAR ou imagens de satélite, mas a decisão final foi para a realização de todo o projeto exclusivamente com câmara aérea digital de grande formato.
Tratando-se de um projeto de vários milhões de dólares, atraiu o interesse de muitas das mais importantes empresas de aerolevantamento da Europa, América do Norte e Sul, as quais visitaram o Uruguai e apresentaram as suas soluções.
10 empresas estrageiras participaram na licitação internacional que em 2017 decidiu atribuir o projeto à Brasileira TOPOCART, empresa com uma extensa experiência nacional e internacional, que se apresentou com a melhor proposta e o melhor equipamento existente à data para a execução do projeto: a câmara digital Vexcel UltraCam Eagle Mark 2.
A TOPOCART já possuía experiência em voar territórios de semelhante dimensão, pois foi responsável pelo voo do Estado de São Paulo, região com uma área superior à do Uruguai (178.000 km2). A experiência e conhecimento demonstrado, a tecnologia apresentada e a proximidade geográfica, foram determinantes para a TOPOCART sair como vencedora nesta importante licitação.
O projeto em si foi dividido em dois subprojetos, sendo que o primeiro passava por fotografar todo o território com uma resolução menor e as cidades mais importantes com maior resolução.
As especificações propostas pela TOPOCART e aceites para a execução do projeto foram as seguintes:
• Voo nacional (178.000 km2) :
– GSD: 32 cm
– Exactidão em XY: melhor que 1 m
– Exactidão em Z: melhor que 1.5 m
• Voos urbanos (1.298 km2)
– GSD: 10 cm
– Exactidão em XY: melhor que 0.2 m
– Exactidão em Z: melhor que 0.3 m
Com a UltraCam Eagle M2 é necessário voar a uma altitude de 24.000 ft para obter um GSD de 32 cm e a 7500 ft para obter 10 cm. A aeronave seleccionada para a execução da maioria das missões de voo foi a Carajá PT-VDT, na qual foi instalada a UltraCam Eagle M2, conjuntamente com todos os equipamentos complementares: sistema GNSS/Inercial, sistema de gestão do vos e berço giroestabilizado.
Para além das imagens, também foram entregados os seguintes produtos:
• Voo nacional:
– MDT de 2.5×2.5 m
– Ortofoto clássico em RGB e NIR
• Voos urbanos (1.298 km2)
– MDT de 1.0×1.0 m
– Ortofoto clássico em RGB e NIR
– Ortofoto verdadeiro em RGB e NIR
A produção de ortofotos verdadeiros para grandes áreas de forma automática constitui um desafio importante. Para além de as áreas urbanas terem de ser voadas com uma grande sobreposição entre fotos, entra em cena uma das componentes mais importantes da solução oferecida pela TOPOCART para a realização deste projecto: a linha de software Vexcel UltraMap.
O software UltraMap desenvolvido pela Vexcel, a mesma empresa que produz a câmara UltraCam Eagle M2, permite um grau de automatização incomparável no processamento de dados das UltraCam, gerando um MDS de altíssima qualidade que permite posteriormente a obtenção automática do orto verdadeiro.
Os resultados excederam todas as expetativas e o Uruguai pode atualmente orgulhar-se de ter uma cidade com a dimensão de Montevideo totalmente coberta por ortos verdadeiros com uma resolução de 10cm, algo ainda não disponível nas grandes cidades da região.
O projeto teve início em Janeiro de 2017 e os últimos ortofotos foram finalizados em Junho de 2019, o que totaliza 2.5 anos para voar e gerar todos os produtos, mesmo considerando os contratempos e adiamentos em áreas complicadas de voar devido à meteorologia. Em alguns casos houve mesmo que esperar semanas ou até meses pelas condições ideais de voo e assim conseguir imagens da máxima qualidade e livres de nuvens.
Só para a cobertura Nacional a 32cm foram necessárias aproximadamente 30.000 imagens, o que significa não só muitos dias de voo, mas também muitos dias de processamento, e um software com a capacidade de processar eficientemente grandes volumes de dados, como o UltraMap.
Para a IDEU o desafio maior era conseguir controlar a qualidade de um projeto com estas dimensões em todos os aspetos. Para tal, diversos especialistas de diferentes organizações foram contratados para fazer um exaustivo controlo, desde a qualidade posicional dos dados iniciais até às questões radiométricas dos ortofotos produzidos. O resultado final é um conjunto de dados que muito orgulha a IDEU e a TOPOCART e que todos esperam possa trazer muitos benefícios a todo o povo Uruguaio.
A informação produzida será em breve publicada num novo site e disponibilizadas para as diferentes áreas de governação do Uruguai, tais como o planeamento urbano e florestal, a defesa, a agricultura, a gestão de recursos hídricos e naturais em geral, etc.