Ao completar 40 anos de existência a Engefoto continua fiel a sua Visão de Negócio, que a de ser uma empresa de referência no mercado, reconhecida pela confiabilidade de seus serviços e pela sua postura ética, seja na sua área de atuação em Engenharia de Geomática, seja na de Engenharia de Transportes.
Episódios recentes na licitação e contratação de serviços de aerolevantamentos e de planos de segurança de operação de aeroportos; bem como de bases planialtimétricas e cadastrais de faixas de domínio de linhas de transmissão de energia, sugerem que estamos chegando num ponto preocupante e perigoso para a Engenharia Nacional.
Uma vez que fica caracterizado que as propostas vencedoras possuem preços muito abaixo do custo de execução de serviços idênticos realizados no passado, de duas, uma: ou o proponente não tem noção do que está oferecendo ou o que será executado não estará aderente ao Termo de Referência especificado.
Em recente seminário promovido por cliente nosso, cujo objetivo era discutir a qualidade dos projetos de engenharia que foram contratados nos últimos anos, concluiu-se que a maneira como os mesmos vinham sendo contratados não permitia agregar valor, com consequências nefastas para as obras a que se destinavam. Projetos contratados pelo critério de menor preço associado a prazos exíguos resultavam, por via de regra, em obras mais caras e demoradas, com diminuição significativa do CAPEX do empreendimento, quando privado, ou prejuízo dos objetivos a serem atingidos, quando público. Isto sem falar dos riscos associados a uma engenharia de má qualidade.
Uma análise mais pormenorizada dos principais problemas inerentes aos projetos executados apontava para erros nos levantamentos planialtimétricos; nos levantamentos geotécnicos; e falhas na gestão dos contratos. Portanto, parcela significativa inerente à coleta de dados em campo.
No que diz respeito à qualidade das bases planialtimétricas, notamos a existência de uma banalização destes serviços. Uma sub valorização imprópria e indevida. Não se nota, nem por parte de significativa parcela dos demandadores, nem por parte dos executores, o devido respeito pela boa técnica afim de atender os pré-requisitos de completude e acurácia requeridos pelos fins a que se destinam. Não vamos “lavar porco com sabonete”, mas também não sejamos irresponsáveis a ponto de relaxar nas demandas e nem no recebimento destes serviços quando estes assim o requererem. Uma vez que os dados coletados devem representar fielmente a área do projeto ou da área sobre a qual se tomará decisões estratégicas, o não atendimento dos requisitos acima podem deturpar as premissas e comprometer as ações decorrentes.
Não esqueçamos a célebre frase que dizia: “um bom mapa e um mapa mal feito possuem a mesma cara, você só vai saber a diferença quando começar a usa-lo.” Para não incorrer em falhas é necessário que o contratante possua conhecimento, se não sólido, pelo menos o suficiente para saber avaliar os procedimentos e métodos existentes para a coleta dos dados em campo, valendo-se do melhor deles, ou da associação dos mais indicados para se chegar ao resultado otimizado. Sim! Muitas vezes a melhor solução é a associação de métodos! Um bom caminho é se valer
de consultores especialistas, com visão científica, mas também prática.
No caso dos levantamentos planialtimétricos, contamos nos dias de hoje com os processos topográficos (níveis e estações totais); geodésicos (receptores de satélites GNSS e seus diversos modos de utilização e processamento); aerofotogramétricos (com a obtenção de imagens RGB e/ou Infra Vermelho para posterior estéreo compilação, geração de nuvens de pontos e de ortofotos); de Laser Scanning (aerotransportado, móvel terrestre, ou fixo).
Sabemos que a há uma nítida tendência se estruturar os empreendimentos, incluindo todas as atividades nele envolvidas, de acordo com a filosofia BIM (Building Information Modeling), o que nos levará infalivelmente ao mundo 3D, utilizando cada vez mais de modelagem digital do ambiente de interesse (seja um chão de fábrica, uma faixa de domínio de uma rodovia, ou toda uma área urbana – vide as
demandas das “Smart Cities”). Esta modelagem nos forçará ao trabalho de renderização de nuvens de pontos 3D obtidas pelos processos retro referidos, escolhendo o mais adequado em função do tamanho da área de interesse e da precisão desejada.
Portanto, senhores, mais do que nunca as especialidades e ações humanas se dão com o emprego de tecnologia e conhecimento. Não podemos e não devemos subvalorizar aqueles profissionais que se especializaram e aprenderam executar seu ofício de forma competente, achando que por se apoiarem em ciências exatas devem ser tratados como meros produtores de comodities obtidas por “receitas de bolo”.
O fato de 2+2 ser sempre 4 não diminui a importância da Engenharia de um modo geral. Isto não nos torna profissionais a serem menos valorizados. Mormente num momento em que o País está por necessitar de extraordinários investimentos em Infraestrutura (Rodoviária, Ferroviária, Portuária e Aeroviária, Saneamento, Moradias); bem como de um Estado mais eficiente focado nas questões sociais, há de se investir e valorizar as soluções que nos levem a melhoria na gestão pública, propiciando ações rápidas, assertivas e otimizadas.
*Eng° Civil Renato Asinelli Filho, Diretor da Engefoto S/A. Associada à Associação Nacional das Empresas de Aerolevantamento (ANEA)