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Mobilidade Aérea para drones e eVTOLs: o futuro está próximo de se tornar realidade no Brasil

Desafios tecnológicos estão sendo vencidos ao mesmo tempo em que regulamentação de drones abre caminhos para um ecossistema seguro de veículos aéreos em baixa altitude que inclui eVTOL

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A abertura do clássico desenho animado “Os Jetsons”, com um pequeno veículo aéreo levando a família para vários pontos da cidade, com uma facilidade tremenda, já não é mais tão ficção científica ou previsão do futuro. Muito pelo contrário. É hoje algo muito próximo de se tornar realidade, inclusive no Brasil.

Para que essa Mobilidade Aérea Urbana (UAM, na sigla em inglês) saia de fato do papel, com aviões, helicópteros, drones e eVTOLs (veículos elétricos de pouso e decolagem vertical) transportando pessoas, alguns desafios precisam ser vencidos. A boa notícia é que as soluções tecnológicas já existem e a base regulatória tem conseguido acompanhar o ritmo dessa evolução.

É isso que garantem especialistas que participaram da Live preparatória para a DroneShow, “Mobilidade Aérea Urbana – Cenários do tráfego aéreo mais intenso de baixa altitude”, moderada pelo fundador e CEO da MundoGEO, Emerson Granemann.

Assista à íntegra da Live:

Mobilidade Aérea Urbana

Há benefícios evidentes em fazer com que drones e eVTOLs compartilhem o espaço aéreo de baixa altitude. E eles vêm principalmente dos problemas que ocorrem aqui no chão, como os congestionamentos, os acidentes de trânsito e a poluição do ar. E mais do que problemas, se tornam oportunidades.

“Nos grandes centros urbanos há uma tendência de as pessoas serem impactadas pelo trânsito, pela dificuldade na mobilidade. Enxergamos essa oportunidade de atuar com uma solução que pode servir de alternativa para as pessoas chegarem mais rapidamente ao destino”, diz o responsável pela estratégia de produto e negócio da EmbraerX/Eve Air Mobility, Edgar Rodrigues.

“Imaginamos que a Mobilidade Aérea Urbana vai diminuir o número de acidentes e contribuir para ter uma logística mais eficiente e para que o nosso país não perca em competitividade”, complementa o presidente e CPO da Speedbird Aero, Samuel Salomão.

A tecnologia de equipamento já existe. Do lado dos drones menores, eles já transportam alimentos, produtos, medicamentos e amostras laboratoriais. Claro, ainda em período de consolidação, mas a tecnologia está aí. E do outro lado, mais robusto, estão os eVTOLs, como o que a Eve Air Mobility, empresa que nasceu na incubadora da Embraer, está desenvolvendo para o transporte de pessoas.

Em breve o eVTOL Eve estará apto a voar. Primeiramente com piloto e em um segundo momento sem piloto. “Entendemos que o veículo começa com o piloto, mas está sendo preparado para se tornar autônomo. Isso é muito interessante. E isso vai garantir uma série de benefícios, tanto de custo operacional, como até mesmo de segurança. A escalabilidade da plataforma. Esse é o caminho para no futuro operar de forma autônoma”, esclarece Rodrigues.

Vencida a questão da tecnologia nos equipamentos, o que ainda precisa ser solucionado é como todos esses veículos, incluindo aviões e helicópteros, vão conviver no mesmo ambiente. A resposta está no UTM (Gerenciamento de Tráfego de Veículos Aéreos Não Tripulados, em português), uma estrutura de tecnologias e regulamentos para garantir uma rede de segurança para a operação de veículos aéreos nas cidades.

“Não basta simplesmente fazer um veículo ou vertiporto, tem que fazer o controle do tráfego aéreo. Essa parte também estamos desenvolvendo soluções. Entendemos que isso é um grande alavancador para permitir que o sistema funcione de forma segura e eficiente. E a eficiência vai permitir trazer o custo operacional a um patamar acessível”, opina Rodrigues.

“Aqui no Brasil temos grandes desafios para a implementação do UTM. No contexto urbano, somos o quinto país em número de helipontos no mundo. Evidentemente é um grande desafio para a implementação de um espaço aéreo entre drones e aeronaves”, complementa o cofundador da AL Drones, André Arruda.

Caminho liderado pelos drones

A presença dos eVTOLs no espaço aéreo é o que vai mudar de vez a Mobilidade Aérea Urbana. O ponto positivo é que esses veículos não vão sair do zero. Isso porque o mercado dos drones já vem abrindo caminho no sentido de uma operação bastante segura e apoiada nas atuais regulamentações.

“Toda a tecnologia que está sendo utilizada hoje nas aeronaves não tripuladas de menor porte, no sentido de testes de conceitos, tecnologias, ensaios e todo o tipo de operação dentro um contexto urbano, está permitindo ganhar maturidade tecnológica e regulamentar que, com certeza, os eVTOLs poderão trilhar e se adaptar ao conceito do voo dentro das cidades”, explica Arruda. “Em mercados aparentemente distintos, de eVTOLs e drones pequenos, as tecnologias se juntam para um avanço gradual”, completa.

Hoje existem operações com drones que precisam passar pela aprovação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), como os voos BVLOS (além da visão do piloto). E todo o processo de certificação já está consolidado, criando uma base regulatória importante para o que ainda está por vir.

“Isso cria um ecossistema de desenvolvimento no nosso país para que tenhamos uma solução de Mobilidade Aérea Urbana que seja eficiente e segura”, analisa Salomão, da Speedbird Aero.

A própria Anac está ciente dos desafios que a Mobilidade Aérea Urbana coloca. E, segundo o superintendente de Aeronavegabilidade da agência, Roberto Honorato, a regulamentação e a regulação devem apoiar o desenvolvimento da tecnologia e não impor restrições e limites.

“A coerência regulatória para essas novas soluções é algo que tem que estar em mente. Temos que lançar mão das melhores práticas de regulação, de buscar entender o que precisa ser regulado. A nossa visão é sempre de menor volume de mecanismos regulatórios. Obviamente temos que fazer um ajuste para que o excesso de regulação não gere um custo excessivo para o setor”, defende Honorato.

“A regulamentação não segue muito atrás do desenvolvimento tecnológico, e não abre novos campos. O desenvolvimento tecnológico deve acontecer naturalmente. A regulamentação segue junto e um pouco atrás”, finaliza o superintendente da Anac.

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