A AgTech Sardrones, que utiliza drones para dispersão de agentes biológicos em lavouras, acaba de ser selecionada entre mais de 400 startups brasileiras para associar-se ao fundo de venture capital Bossa Nova Investimentos.
A Sardrones irá compor um grupo de 11 empresas inovadoras que receberão aporte de R$ 15 milhões. O resultado foi divulgado na última sexta-feira (15/10), em Florianópolis (SC) durante o Startup Invest Summit, realizado em Florianópolis (SC).
“Criamos uma solução para suprir a carência de mão de obra com a vantagem de ser mais rápida, precisa e eficiente. No caso da cana-de-açúcar, por exemplo, o acesso ao interior da lavoura, onde os agentes biológicos precisam ser liberados, é bastante insalubre e perigoso para o trabalhador”, explica o engenheiro agrônomo Gustavo Scarpari, fundador da Sardrones.
Além do setor canavieiro, onde atende gigantes como Raizen, Bunge e Jalles Machado, a Sardrones já atua em culturas como soja e abacate e também desenvolveu uma tecnologia que está sendo utilizada pelo governo do Estado São Paulo para o repovoamento da palmeira juçara, por via aérea, em 17 parques florestais.
Em três anos, sendo apenas dois de atividade no campo, a empresa já faturou mais de R$ 2 milhões e liberou agentes biológicos em mais de 150 mil hectares de lavouras.
Investimento
Da negociação com o Bossa Nova, que contou com o apoio da Valore Brasil, consultoria especializada em fusões e aquisições, a Sardrones saiu com capital suficiente para reforçar a autonomia de seus equipamentos, mas segue aberta a novas rodadas de investimento para poder dar conta da demanda por controle biológico que triplica a cada dois anos.
“Além da assessorar a operação com o Bossa Nova, seguimos apoiando a Sardrones com a busca e análises de novos investidores”, explica Jaziel Pavine de Lima, sócio consultor da Valore.”
Ele destaca que o processo completo de merger & acquisiton parte desde a busca ativa do target, conversas iniciais, passando pelo valuation, análise do term sheet (proposta) e seus ajustes até a concretização do negócio.
“No caso da entrada da Bossa Nova, apoiamos nas projeções, análises de termos do acordo e nos ajustes da proposta, mantendo maior liberdade para a Sardrones definir o perfil de um futuro parceiro”, destaca Pavine.
Outras ofertas de capital já surgiram no horizonte da Sandrones, mas o desafio é identificar parceiros que entendam tanto o potencial da empresa quanto o ritmo de crescimento do agronegócio.
“Aumentamos em oito vezes nosso faturamento em 2020. O mercado de agentes biológicos triplicou nos últimos dois anos e vai seguir triplicando nos próximos. Mas a velocidade do nosso setor, entretanto, não se compara ao de empresas de software ou fintechs”, explica Scarpari.
Inovação
A novidade da Sardrones não são os agentes biológicos, uma tecnologia que a agricultura domina há décadas. Seu sucesso está, principalmente, nos dispositivos desenvolvidos que são capazes de dispersar os agentes biológicos da forma adequada.
Para se chegar à tecnologia atual, foram necessários o apoio de órgãos de fomento, como Fapesp e Embrapii, e parcerias com instituições como Senai, ITA e Esalq/USP.
Além dos gadgets de dispersão, a Sardrones desenvolveu um aplicativo georreferenciado que monitora as liberações de agentes conforme a recomendação agronômica e registra aspectos climáticos, como temperatura, vento e umidade, que podem influenciar em sua eficiência.
Atualmente, a empresa é capaz de dispersar cotesia flavipes (vespas minúsculas que combatem a broca da cana) e trichogramma (vespas dispersadas ainda na forma de ovos), ambas para a cultura da cana-de açúcar. Também já foram realizados trabalhos com telenomos podizi (outra espécie de vespa) em lavouras de soja.