O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atualizou na última quarta-feira (15/12) o Mapa das Redes do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) 2021, na escala 1:5.000.000. O produto é voltado a estudantes e profissionais da educação, engenharia, georreferenciamento, gestão pública e estudos científicos.

O mapa mural apresenta as cinco redes do sistema geodésico do país:

1) a gravimétrica, composta por estações gravimétricas, com informações sobre a aceleração da gravidade;
2) a altimétrica, composta pelas referências de nível, que têm altitudes de precisão obtidas por meio de nivelamento geométrico;e
3) a planialtimétrica, por sua vez, composta pelas estações SAT, cujas coordenadas geodésicas foram obtidas através do posicionamento pelo Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS).

Além dessas três, há duas redes geodésicas ativas: a Rede Maregráfica Permanente para Geodésia (RMPG) e a Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas GNSS (RBMC). A RMPG observa as variações do nível do mar para vinculação de sistemas altimétricos costeiros ao Sistema Geodésico Brasileiro e estudos climáticos. Essa observação é feita por meio de sensores instalados em cada estação.

Já os dados GNSS da RBMC são utilizados para a determinação de coordenadas de precisão, essenciais para diversas aplicações, como agricultura de precisão, estudos atmosféricos e demarcação de terras, entre outros.

De acordo com o gerente de Sistemas e Dados da Coordenação de Geodésia e Cartografia do IBGE, Aislan Ferreira, as redes geodésicas, que integram o Sistema Geodésico Brasileiro (SGB), são atualizadas de forma permanente, por meio de campanhas de medição e cálculos feitas pelo Instituto. “Parte da atualização dessas redes também é realizada pela sociedade em geral, através do processo de homologação de marcos geodésicos, cujos dados são submetidos ao IBGE e são incorporados ao SGB, se atendidos os requisitos previstos”, diz.

O mapa fornece uma visão ampla da distribuição das estações geodésicas componentes dessas redes no território brasileiro, e apresenta, individualmente, cada tipo de rede, em três mapas na escala 1:22.000.000. Nela, um centímetro equivale a 220 quilômetros. Por causa do número alto de estações geodésicas, o Estado do Rio de Janeiro, o Distrito Federal e as regiões de Florianópolis e Recife são mostradas em destaque, em escalas específicas.

Ainda conforme o analista, o conhecimento da distribuição das estações geodésicas, passivas e ativas, permite um melhor planejamento dos usuários, que necessitam de dados oficiais fornecidos por elas para aplicação em várias áreas. “[Elas] podem ser utilizadas para obter ou transportar coordenadas geográficas (latitude e longitude), altitudes ou valores de gravidade oficiais, para aplicação em obras de engenharia, como barragens, hidroelétricas, canais de irrigação e saneamento básico; em sistema de transportes; confecção de mapas; estudos demográficos e populacionais, entre diversas outras aplicações”, afirma.

O produto foi elaborado a partir das informações de setembro de 2021, obtidas no Banco de Dados Geodésicos (BDG), e de 2016, para a Base Cartográfica Contínua do Brasil ao Milionésimo (BCIM). Informações completas sobre cada estação dessas redes podem ser obtidas no Portal do BDG. O mapa está disponível em PDF e, a partir desta versão, tem um QRCode associado, facilitando o acesso às informações descritivas e às diferentes versões já produzidas. A atualização acontece a cada dois anos.

Relatório mostra 20 anos de monitoramento

Vinte anos de movimentação da crosta terrestre, registrados por meio da determinação de coordenadas e velocidades em 189 estações de monitoramento com equipamentos GNSS (Global Navigation Satellite Systems – Sistemas de Navegação Global por Satélites). É o que traz o relatório Solução Multianual das Estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas GNSS no período de 2000 a 2019, que o IBGE divulgou na última quinta-feira (16/12).

A Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC) é formada por um conjunto de estações geodésicas equipadas com receptores GNSS de alto desempenho. Uma vez por dia ou em tempo real, essas antenas de alta precisão disponibilizam observações para a determinação exata de coordenadas. “Isso permite que a gente monitore a variação da coordenada ao longo do tempo e expresse em forma de velocidade. Assim podemos observar a movimentação das placas tectônicas”, explica a gerente de geodésia do IBGE, Sonia Maria Alves da Costa.

O relatório metodológico apresenta uma avaliação da posição das estações da RBMC ao longo do tempo, levando-se em consideração a dinâmica da crosta terrestre, as movimentações locais, os efeitos ocasionados por terremotos, bem como os deslocamentos ocorridos em função de trocas de equipamentos e de eventos não identificados, além das variações na altitude, como as que ocorrem na região amazônica, decorrentes da carga hidrológica.

“O equipamento permite estimar essa variação na altitude nos períodos de secas e cheias dos rios. Quando chove, a massa da água faz com que a crosta afunde. A variação pode chegar a oito centímetros ao longo de um ano. Isso ocorre também em regiões geladas do planeta: com o degelo, a carga exercida pelo peso do gelo diminui e a crosta vai relaxando e soerguindo com o tempo”, exemplifica Sonia.

A determinação de coordenadas de precisão, latitude, longitude e altitude, é essencial para a realização de obras de infraestrutura como hidroelétricas e pontes, estudos climáticos nacionais e globais, georreferenciamento de imóveis rurais e urbanos, geração e transmissão de energia, agricultura de precisão, demarcação de terras, entre outros.

Antena e receptor da Estação APMA em Macapá/AP – Foto: Écio Silva (IBGE/DGC)

No relatório também são descritos os procedimentos da combinação das soluções semanais homogêneas oriundas do reprocessamento dos dados. “As observações da RBMC são diárias, mas a solução determinada é semanal. Esse processo torna o resultado mais preciso e homogêneo, diminuindo os erros provenientes dos arquivos diários. Portanto, ao longo de 20 anos de dados, foram geradas 1.043 soluções semanais que posteriormente foram combinadas determinando uma solução multianual”, esclarece supervisor de planimetria do IBGE, Alberto Luis da Silva.

Relatório com informações da estação SMAR (Santa Maria, RS), afetada pelo
terremoto ocorrido em 2010 no Chile e por trocas de antenas em 2007 e 2013.

Essa solução multianual é representada por um conjunto de coordenadas referidas à época 01.01.2010, um conjunto de velocidades, e as séries temporais de cada estação. Os resultados obtidos foram avaliados em consonância com padrões e orientações adotados internacionalmente.

Saiba mais sobre a RBMC.

Estudo traz dados do monitoramento do nível do mar

O IBGE disponibilizou ontem (16/12) uma publicação com os resultados do monitoramento da variação do nível médio do mar nas estações da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia (RMPG), obtidos no período de julho de 2001 a dezembro de 2020. O estudo é voltado a estudantes e profissionais da educação, engenharia, gerenciamento costeiro, gestão pública e estudos científicos.

Formada por um conjunto de estações maregráficas, instaladas e operadas pelo IBGE, a RMPG monitora a relação entre o datum vertical, superfície de referência oficial formada pelo nível médio dos mares, e outros níveis de referência maregráficos utilizados na cartografia náutica e na engenharia costeira. Esses dados subsidiam estudos sobre a modernização das altitudes brasileiras e a variação do nível médio do mar.

No Brasil, as duas origens verticais (datum vertical) estão baseadas em observações maregráficas das estações do Porto de Imbituba, em Santa Catarina (1949-1957), e do Porto de Santana, no Amapá (1957-1958).

“Monitorar o nível do mar é essencial para o desenvolvimento das atividades inerentes ao gerenciamento costeiro, aos estudos ambientais, ao monitoramento e alerta a eventos extremos, entre outros aspectos relacionados ao tema”, exemplifica o gerente de Referências Verticais da Coordenação de Geodésia e Cartografia do IBGE, Salomão Soares.

As informações produzidas pelas estações da RMPG são úteis, por exemplo, para conservação e ampliação da capacidade de portos e vias navegáveis, implantação de infraestrutura em regiões litorâneas e estudo de possíveis medidas de adaptação e mitigação dos impactos da elevação global do nível do mar. No âmbito internacional, contribui para o Programa Global de Observação do Nível do Mar e para o Programa de Alerta de Tsunami do Caribe.

A publicação Monitoramento da Variação do Nível Médio do Mar nas Estações da Rede Maregráfica Permanente para a Geodésia traça um panorama atual da RMPG, detalhando suas mais recentes inovações e procedimentos para o tratamento e a análise dos dados coletados pelas estações. Esses resultados, agregados às informações do controle geodésico das estações, fornecem séries temporais consolidadas com suas respectivas fichas de correlação de níveis atualizadas.

Modernas estações que medem o nível do mar

Desde o último estudo divulgado pelo IBGE sobre o tema, em 2016, a RMPG passou por profundas transformações a fim de atender às demandas atuais de monitoramento contínuo da variação do nível do mar, com alta qualidade de informações.

Isso provocou a ampliação da rede, que hoje tem seis estações maregráficas ativas, com modernos equipamentos de coleta, instaladas em pontos estratégicos da costa brasileira: em Imbituba (SC), Arraial do Cabo (RJ), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Belém (PA) e Santana (AP). A estação de Macaé, no Rio de Janeiro, está inativa desde 2015, devido ao fim de um convênio com a Petrobras.

Além da modernização da rede, foram aplicados no período métodos de controle geodésico mais rigorosos e aderentes aos requisitos fundamentais da Geodésia moderna, conforme recomendações da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Unesco. Assim, o acompanhamento das evoluções temporal e espacial dos referenciais verticais brasileiros e suas relações com os demais níveis de referência utilizados na região costeira do país estão garantidos com informações contínuas e de longo prazo do nível médio do mar.

A publicação está disponível no portal do IBGE, que fornece também as séries históricas das estações maregráficas, publicadas anualmente, e as fichas atualizadas de correlação de níveis dessas estações, com a inclusão da conexão geocêntrica e os arquivos de suas respectivas constantes harmônicas, considerados indispensáveis para as previsões anuais.

Com informações e imagens do IBGE

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