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Mercado americano de Drones quer regras para voos BVLOS

Relatório de Comitê de Regulamentação da Aviação nos EUA quer regras que deem escalabilidade à operação BVLOS e viabilize mercado de 58,4 bilhões de dólares

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O voo de drones fora da linha de visada do piloto ou de um observador remoto, denominado pela sigla BVLOS (Beyond Visual Line of Sight – Além da Linha de Visada Visual), tem um mercado reprimido e estimado em 58,4 bilhões de dólares, somente nos EUA.

Entre as aplicações em que o modo de operação BVLOS proporciona maior produtividade estão os ativos lineares como as linhas de transmissão, oleodutos, gasodutos e ferrovias, drone delivery, mapeamento e monitoramento de grandes áreas. São aplicações onde o piloto do drone não consegue visualizar o drone diretamente, chamado de VLOS (Visual Line of Sight), nem consegue operar o drone com a ajuda de um observador remoto (EVLOS- Extended Visual Line of Sight).

Quando a operação não se encaixa nestes dois modos de voos, a operação deve ocorrer num modo de operação mais crítico, que é o BVLOS.

Porém, obter a aprovação para a operação BVLOS é um processo que demanda tempo, conhecimento, paciência e investimento. E um drone aprovado em um país não assegura que automaticamente será aprovado em outro, pois os critérios, por enquanto, são diferentes em muitos países, como o Brasil, que tem uma das legislações mais avançadas no mundo para operações com drones, incluíndo o BVLOS, e com exemplos de sucesso.

Nos EUA, o processo para aprovar um drone no modo BVLOS, chamado de Waiver (medida de flexibilização), é mais rápido do que no Brasil, pois é orientado para projetos e escopos específicos, onde se conhece ou é possível medir pontualmente os riscos para a operação. Enquanto parece ser uma vantagem, não permite a escalabilidade de modo a replicar automaticamente a operação BVLOS em outras regiões com escopo parecido. E mesmo sendo um processo mais rápido, desde 2018 somente 86 “Waivers” foram aprovados de um funil de mais de quatro mil pedidos. No Brasil, é exigido obrigatoriamente um processo de certificação (projeto autorizado – CAER) que demora muito mais tempo (em parte devido à limitação da equipe da ANAC para responder às empresas), mas pode permitir a escalabilidade para um determinado escopo de operação, principalmente para operação em áreas rurais, que é o caso de mapeamentos para agricultura e drone delivery.

Sabendo que pode melhorar o processo para a aprovação do modo de operação BVLOS nos EUA, a FAA, órgão que regulamenta a certificação de aeronaves, bem como o acesso ao espaço aéreo dos EUA, encomendou um relatório com recomendações de alterações na regulamentação existente para operação BVLOS. O Comitê de Regulamentação da Aviação (Aviation Rulemaking Committee – ARC) investiu nove meses para elaborar o relatório tão esperado pelo mercado, o Unmanned Aircraft Systems (UAS) Beyond Visual Line of Sight (BVLOS) Aviation Rulemaking Committee (ARC).

O relatório foi elaborado por diversos stakeholders, desde empresas como Airbus, Wing (Google) e Skydio, que desenvolvem tecnologias e soluções com drones, até o mercado final ou de infraestrutura de comunicação e logística, como CNN, Fedex, Verizon e AT&T, que desejam muito os benefícios dos drones em operação BVLOS.

O relatório de 400 páginas possui 70 recomendações. Entre as recomendações, está a atualização do processo de certificação dos pilotos para incluir a licença para operação BVLOS. Nos EUA, diferentemente do Brasil até o momento, os operadores de drones precisam se submeter a uma prova teórica para obter a licença básica para operação de drones. No caso norte americano, haveria uma opção para obter a licença de operador de drones em modo BVLOS. No Brasil, a licença para operação BVLOS é exigida, porém são os fabricantes de drones com projeto autorizado (CAER) na ANAC que desenvolvem o conteúdo do treinamento (também avaliado pela ANAC) e aplicam a avaliação, que é orientado para o modelo de aeronave com projeto autorizado.

Em resumo, o relatório da ARC pretende sensibilizar a FAA para elaborar regras gerais que permitam a operação BVLOS com base na avaliação de risco em solo, espaço aéreo e nível de automação da operação. Ademais, deseja que sejam elaborados requisitos, como uma receita de bolo, para que um drone possa ser aprovado para operação BVLOS e, então, ser escalável.

Apesar do relatório ser animador, as atualizações nas regras para os drones costumam levar pelo menos dois anos. Certamente, com a velocidade do avanço das tecnologias embarcadas nos drones, bem como de gerenciamento do tráfego aéreo, dentro de dois anos algumas das sugestões poderão ser colocadas em prática e a operação BVLOS se tornar efetivamente escalável.

Para quem quiser ver o relatório Unmanned Aircraft Systems (UAS) Beyond Visual Line of Sight (BVLOS) Aviation Rulemaking Committee (ARC), pode acessar pelo link a seguir: www.faa.gov/regulations_policies/rulemaking/committees/documents/index.cfm/document/information/documentID/5431.

E para aqueles que desejam entender mais sobre operações VLOS, EVLOS e BVLOS, visite o link da ANAC: www.gov.br/anac/pt-br/assuntos/drones.

Visite também os projetos de designs aprovados no Brasil na ANAC: www.gov.br/anac/pt-br/assuntos/drones/projetos-autorizados.

*Emílio Hoffmann – Engenheiro eletricista pela UFPR, autor do livro A Era do Hidrogênio, das Energias Renováveis e Células a Combustível, e pós-graduando em RPAs (Drones) e VANTs em Aplicações Civis e Comerciais – PUCPR. É co-fundador e diretor de operações na América Latina da H3 Dynamics, empresa com sede matriz em Cingapura e que desenvolve soluções disruptivas que convergem diversas áreas da tecnologia, tais como: células a combustível a hidrogênio ultraleves para drones de longa autonomia, plataformas robóticas para automação de missões remotas de drones, e plataformas de inteligência artificial para processamento dos dados coletados por drones. Também é diretor de desenvolvimento de negócios da H3ZOOM.AI (inteligência artificial) e da HES Energy Systems (células a combustível H2) na América Latina, ambas subsidiárias da H3 Dynamics. É fundador da Brasil H2, empresa fundada em 2003 e dedicada às tecnologias de células a combustível para diversas aplicações
emilio@mundogeo.com

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