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Wing (Alphabet-Google) expande operações de Drone Delivery no Texas

Valorização de 1.653% do Lítio usado em baterias não reduz otimismo do mercado de drone delivery. Na Austrália, mais de 1000 entregas foram realizadas pela Wing em um único dia. Cem mil entregas em 2021

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Você já deve ter ouvido algumas vezes sobre a entrega de pizza por drone na janela das casas. De fato, alguns exemplos práticos aqui no Brasil já ocorreram, mas tudo na ilegalidade, apesar da vontade de inovar de alguns empreendedores desinformados em relação à legislação brasileira para drones.

Mas, recentemente, uma startup se destacou no Brasil ao conseguir, após uma longa fase de desenvolvimento, certificar a aeronave (autorização de projeto) na ANAC para atuar no segmento de drone delivery sob determinadas condições operacionais: transporte em um raio de 3 km, carregando cargas de até 2,5 kg.

Esta startup é a Speedbird, que junto ao iFood, parceira, tem priorizado o ganho de eficiência para operações de “primeira milha”, reduzindo o tempo de saída da encomenda dos restaurantes até o entregador (motoboy), que muitas vezes, em caso de shoppings, perde muito tempo até chegar à loja. Mas, claro, não está limitado aos shopping centers e a Speedbird está expandindo para outros negócios, como o transporte de materiais veterinários e de laboratórios, com maior valor agregado tanto no produto quanto no tempo da entrega.

A entrega por drones, em geral, é mais rápida e com menor custo, muitas vezes mais eficiente, é mais seguro, apresenta menor impacto ambiental, reduz o tráfego de veículos e não fura o semáforo sistematicamente (sim, é uma crítica os motoboys, que muitas vezes me deixam na dúvida em solicitar um delivery de comida. Sempre deixo um recado: venha sem pressa. Não fure o semáforo!).

Existem empresas como a Wing, startup de drone delivery e subsidiária da Alphabet (Google), que já realizou mais de 200 mil entregas de “última milha” na Austrália, Finlândia e EUA, com números impressionantes de 1000 entregas em um único dia, isto é, uma média de uma entrega a cada 25 segundos. Entende-se como última milha a entrega diretamente ao destinatário final, como uma residência. Não é exatamente na janela de casa, mas no quintal.

E isso é possível, pois nas cidades selecionadas, a maioria das residências tem um quintal para receber a entrega do drone, diferentemente das selvas de pedra de cidades onde um espaço no quintal é uma exceção, como é em São Paulo, Rio de Janeiro, Nova Iorque e outras grandes metrópoles.

É claro que não é somente isso. Tem o tráfego aéreo de aeronaves tripuladas, a circulação de pessoas, interferências nos enlaces de comunicação devido às edificações, linhas de transmissão, etc, o que limita o escopo das certificações das aeronaves para estes ambientes densamente povoados.

Neste momento, é mais sensato evoluir a partir de ecossistemas onde o risco é menor e o modelo de negócio também é favorável. A última milha corresponde entre 15% e 20% do custo total da venda na forma de taxa de entrega ou tempo e custo investido pelo cliente para buscar a sua encomenda. Uma redução nestes custos potencializa a venda por um produto online.

De acordo com um estudo da Accenture, os drones podem atender cerca de 2% de todas as compras na região metropolitana de Dallas-Fort Worth, região que a Wing começou a realizar entregas comerciais desde 7 de abril. O varejo nos EUA cresceu muito, puxado pelo comércio eletrônico, dando um salto no período da pandemia, e impactou no comportamento dos consumidores que passaram a encomendar além de objetos, comida.
Na Austrália, a Wing realizou mais de 100 mil entregas em 2021 e nos primeiros dois meses de 2022, superou as 30 mil entregas. Cada base da Wing fica alocada em alguma loja parceira e o alcance médio das entregas pelo drone é de 2,5km da base.

Aliás, montar a base em um cliente parceiro é uma das estratégias da Wing em uma simbiose que beneficia tanto a loja quanto a Wing, que não precisa investir em imóveis ou terrenos. E aos poucos, vários hubs de decolagem e pouso de drones vão se formando, com cada hub atendendo um raio de até 3 km.

Apesar dos ótimos números de entregas já realizadas por grandes players do setor de drone delivery, tornar este negócio rentável é um desafio no momento, principalmente para carregar produtos de pequeno valor agregado. Os drones certificados embarcam muita tecnologia para garantir a segurança operacional.

E se pensarmos nas baterias, cuja vida útil é relativamente curta, de 200 a 300 ciclos, que custam em média 400 dólares para packs com razoável capacidade de carga, em conta simples, temos um custo por voo de 1 a 2 dólares em bateria, fora outros custos operacionais.

E pode piorar. O empreendedor e bilionário Elon Musk, CEO da Tesla, fabricante de veículos elétricos, classificou como “insana” a alta de preços do lítio, importante insumo das baterias dos drones e veículos elétricos, em retweet de uma publicação da World of Statistics, que mostra valorização de 1.653% do Lítio desde 2012. Um desafio para o drone delivery com pouco valor agregado.

Portanto, a entrega de pizza brotinho na janela do décimo quinto andar ainda não vai ocorrer, seja pelo preço da bateria seja pelo contexto de segurança operacional, principalmente.

Apesar do desafio dos custos operacionais, as projeções do mercado de drone delivery para 2027 a 2030 são animadores, superando mais de 30 bilhões em diferentes análises de mercado.

*Emílio Hoffmann – Engenheiro eletricista pela UFPR, autor do livro A Era do Hidrogênio, das Energias Renováveis e Células a Combustível, e pós-graduando em RPAs (Drones) e VANTs em Aplicações Civis e Comerciais – PUCPR. É co-fundador e diretor de operações na América Latina da H3 Dynamics, empresa com sede matriz em Cingapura e que desenvolve soluções disruptivas que convergem diversas áreas da tecnologia, tais como: células a combustível a hidrogênio ultraleves para drones de longa autonomia, plataformas robóticas para automação de missões remotas de drones, e plataformas de inteligência artificial para processamento dos dados coletados por drones. Também é diretor de desenvolvimento de negócios da H3ZOOM.AI (inteligência artificial) e da HES Energy Systems (células a combustível H2) na América Latina, ambas subsidiárias da H3 Dynamics. É fundador da Brasil H2, empresa fundada em 2003 e dedicada às tecnologias de células a combustível para diversas aplicações
emilio@mundogeo.com

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