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Artigo: O que cabe ao Brasil na nova corrida espacial?

Uma janela de oportunidades está se formando no setor espacial brasileiro, mas se não houver investimentos, principalmente privados, podemos perder o foguete que pode transformar o país em um protagonista desse mercado

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Tudo o que envolve o setor espacial é superlativo. Os números falam. A Euroconsult, uma empresa de consultoria que atua nesse segmento, apontou que o valor da economia espacial global em 2022 atingiu US$ 464 bilhões, o maior da história. E esse montante seguirá crescendo em uma taxa constante até chegar a US$ 737 bilhões no início da próxima década.

Isso se deve a investimentos pesados na exploração espacial – vide a missão para a Lua e futuramente para Marte -, mas também pela quantidade de empresas que se instalaram nesse setor. O acesso ao espaço ficou muito mais fácil e barato nos últimos anos por causa dessas companhias privadas e suas tecnologias disruptivas, como é o caso da SpaceX. Junto com ela vieram tantas outras que estão possibilitando que cargas de todos os tipos e tamanhos fossem lançadas no espaço a um custo impensável há poucos anos.

Para dar vazão a essa demanda, só no ano passado foram realizados 186 lançamentos em todo o mundo, segundo a Bryce Tech, consultoria que acompanha o mercado de satélites. Ou seja, a cada dois dias um foguete é lançado, levando consigo sondas, satélites, smallsats, artefatos científicos e, claro, astronautas e cientistas.

Vale destacar que os smallsats, aqueles que pesam menos de 600 kg de acordo com a definição da Bryce Tech, já têm uma representatividade significativa nos lançamentos. Ao todo foram levados ao espaço 2.304 desses equipamentos em 2022 em 108 lançamentos, atingindo 54% da massa total das cargas lançadas no período. Esses pequenos satélites, aliás, é que permitiram que mais empresas entrassem nesse setor, seja no desenvolvimento deles ou puxando companhias para lançá-los e operá-los.

Mas e qual é a fatia do Brasil nessa indústria que não para de crescer?

Hoje ela é praticamente inexistente, exceto por alguns poucos satélites desenvolvidos no país e lançados a partir dos Estados Unidos nos últimos anos. A realidade, porém, poderia ser bastante diferente se os diversos atores desse setor no Brasil trabalhassem de forma realmente integrada para gerar oportunidades de negócios. Isso quer dizer que universidades, institutos de pesquisa, governo e empresas privadas têm potencial para fomentar e criar uma indústria espacial local que de fato seja relevante em termos mundiais.

Um dos caminhos para o Brasil se inserir no mercado espacial é por meio de empresas e startups, assim como ocorreu em outros países, nos quais a iniciativa privada passou a ter um protagonismo nessa nova corrida espacial, comumente chamada de New Space. Sim, os governos seguem tendo grande participação, especialmente em termos financeiros para contratação de serviços, mas são as empresas privadas que têm suprido essa demanda pública e também criado oportunidades independentes do recurso governamental.

O setor espacial sempre dependeu de recursos públicos e ainda há uma corrente que defende que esse deve ser o caminho principal. Entretanto, ele estará sempre sujeito a marés políticas e programas de governo, e não de políticas duradouras que fomentem a indústria espacial e que a consigam manter em funcionamento constante e não dependente de alguns breves momentos de notoriedade.

Há no Brasil uma ebulição no setor privado espacial, com a criação de diversas startups, especialmente devido à vocação aeroespacial que a Embraer vem forjando desde a década de 1960 e que transformou São José dos Campos em um importante centro de pesquisa e de desenvolvimento nessa área.

Entretanto é necessário nesse momento a concretização desse cluster também no ramo espacial – e outros que se formam nas demais regiões do país. E isso só vai ocorrer quando houver recursos sendo destinados a startups espaciais. O obstáculo que essas empresas encontram é como comunicar aos investidores que o mercado espacial é um bom negócio, apesar dos riscos. Por isso, é urgente que os atores desse setor no país se unam para se aproximarem de potenciais investidores que, hoje, estão destinando recursos a outros tipos de negócios. Eventos, como o SpaceBR Show, com pitches para startups e rodadas de negócios, são fundamentais nesse processo.

A reativação e abertura do Centro Espacial de Alcântara (CEA) para a operação de empresas privadas também pode ser preponderante nesse momento. Em março, a sul-coreana Innospace se tornou a primeira companhia privada a lançar um foguete a partir da base no Maranhão, abrindo espaço para outras que já estão na fila. Por enquanto são apenas empresas estrangeiras. Mas mesmo assim, ao se instalarem aqui podem fomentar o setor e ajudar os investidores a verem os benefícios e as oportunidades que o espaço pode trazer. E, assim, o Brasil poderá entrar de vez nessa corrida.

*Emerson Granemann é CEO da MundoGEO e idealizador do SpaceBR Show 2023 – Exploração espacial e novas oportunidades de negócios.

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