A vinda ao Brasil do administrador da NASA, Bill Nelson, em julho deste ano, reacendeu a expectativa pelo desenvolvimento de um novo satélite de Observação da Terra para ampliar o monitoramento do desmatamento da floresta Amazônica.
Na ocasião, Nelson se reuniu com diversas autoridades brasileiras, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Chamon, e o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Clezio Nardin.
O objetivo da visita do representante da NASA foi tentar ampliar a parceria no monitoramento do desmatamento da floresta Amazônica e em ações de preservação. Nos encontros, Nelson propôs o acesso brasileiro a dados de dois satélites que estão próximos de serem lançados. Um deles é o NASA-ISRO SAR (NISAR), com previsão de lançamento em janeiro de 2024, e desenvolvido em parceria com a Índia, equipado com tecnologia Synthetic Aperture Radar (SAR), que garante maior qualidade no imageamento do terreno.
“Ele será capaz de olhar através da copa da floresta para que possamos ver se alguém queimou a vegetação rasteira que acabaria matando as árvores grandes”, disse Nelson. “Leva anos e anos para desenvolver esses satélites. [No satélite que será lançado em janeiro], as informações estarão disponíveis agora”, acrescentou.
Hoje o monitoramento da Amazônia é feito pelos satélites de sensoriamento remoto CBERS — uma parceria com a China e formado por seis satélites — e o Amazonia-1, este desenvolvido com tecnologia brasileira e lançado em 2021. O Brasil disse ao representante da NASA que avaliaria a proposta do uso de dados e foi além, propondo a Nelson o desenvolvimento conjunto de um novo satélite específico para o monitoramento da região amazônica.
“Essa é uma proposta que o administrador da Nasa trouxe na visita ao presidente Lula. No caso específico, é a gente ter acesso aos dados de satélites que já estão sendo lançados. E nós estamos propondo uma outra possibilidade, que seria a gente desenvolver conjuntamente outras iniciativas”, disse a ministra Luciana Santos. “A nossa contraproposta é essa, que nós estudemos o desenvolvimento de um satélite conjunto. Mas é óbvio que nós precisamos ter a decisão política [do governo federal]”, completou o diretor do INPE, Clezio Nardin.
A construção conjunta de um satélite tornaria a missão muito mais barata, especialmente para o Brasil. Além disso, o país poderia ter acesso a tecnologias que poderiam levar muito tempo para serem desenvolvidas localmente.
Para demonstrar à NASA que o Brasil tem capacidade de trabalhar conjuntamente no setor espacial, o diretor do INPE citou as atuais missões em andamento na entidade: Missão Sabia-Mar B com a Comissão Nacional de Atividades Espaciais da Argentina (CONAE), Missão AQUAE (com participação das Agências ANA e ANEEL, além de EMBRAPA, CEMADEN e CENADE) e Missão AMAZÔNIA (com participação do IBAMA e CENSIPAM).
O desenvolvimento de um novo satélite também seria uma oportunidade de engajar a indústria espacial brasileira, gerando tecnologia e empregos em toda a cadeia produtiva do setor. “Temos empresas com capacidade de produção para fornecer à NASA equipamentos na indústria aeroespacial. É um pouco essa troca que queremos estabelecer nessa visita ao INPE”, acrescentou a ministra Luciana Santos.
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