A Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB), representada por seu presidente, Julio Shidara, participou de um dos painéis do 5º SELM (Space Economy Leaders Meeting), realizado em Foz do Iguaçu entre os dias 11 e 13 de setembro de 2024.
O evento, promovido pela Agência Espacial Brasileira (AEB), fez parte da programação oficial do G20, sob a presidência do Brasil, e teve como tema central os desafios e oportunidades da economia espacial frente às mudanças climáticas.
As empresas brasileiras associadas à AIAB — Cenic, Concert, Fibraforte e Visiona — também estiveram presentes na exposição do SELM, onde puderam apresentar suas competências e inovações tecnológicas aos líderes globais do setor espacial.
Durante o evento, os debates exploraram como o setor espacial pode oferecer soluções para os desafios climáticos globais, reforçando a necessidade de cooperação, de parcerias estratégicas e de inovação tecnológica.
Shidara integrou o painel 4 do evento, que abordou o engajamento da indústria espacial na mitigação dos efeitos da mudança climática global.
Espaço e preservação ambiental
Em sua participação, Julio Shidara destacou a oportunidade inédita que a indústria espacial brasileira vem recebendo do Governo Federal, de liderar o desenvolvimento de um satélite ótico de alta resolução (Sat-VHR), sob coordenação da Visiona, e de dois lançadores de nanossatélites, um sob liderança da Cenic e outro, da Akaer, em cooperação com Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) públicas.
Uma constelação de satélites (Sat-VHR), atualmente em desenvolvimento, não só será capaz de atender a demandas nacionais, mas também poderá contribuir para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
O presidente da AIAB também destacou a importância dos sistemas espaciais como uma ferramenta eficaz para o monitoramento de ecossistemas, combate a incêndios e ao desmatamento ilegal no Brasil, especialmente devido às dimensões continentais do país.
“Em um país como o Brasil, satélites são fundamentais para monitorar e combater incêndios florestais e desmatamentos, que afetam diretamente o clima. Além disso, tecnologias espaciais, como a hiperespectral, podem beneficiar a agricultura, aumentando a produtividade, reduzindo os desperdícios de água e de fertilizantes e diminuindo o uso de herbicidas e pesticidas, tudo em benefício do meio-ambiente”,
afirmou Shidara.
Outra preocupação compartilhada foi a recente constatação de cientistas da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), de impacto ambiental causado por mega-constelações de satélites, que geram aerossóis metálicos na estratosfera devido à reentrada de seus satélites inoperantes.
Esses aerossóis refletem a luz solar, afetando a temperatura na Terra, sendo que as consequências do aumento de suas concentrações na estratosfera ainda são desconhecidas.
“Esse pode ser um problema tão grave quanto o lixo espacial porque a vida útil de satélites de mega-constelações é curta, gerando um fluxo contínuo e elevado de reentrada de satélites inoperantes. Talvez seja momento de reavaliar o paradigma das mega-constelações em benefício da sustentabilidade de longo prazo no setor espacial”,
alertou Julio.
Parcerias e inovações tecnológicas
Após o encerramento oficial do evento, a AEB promoveu uma reunião sobre o Programa Espacial Brasileiro (PEB) com participação de representantes de instituições integrantes do Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (SINDAE), como o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial do Comando da Aeronáutica (DCTA), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), AEB, AIAB e empresas do setor espacial.
A pauta foi conhecer os atuais projetos espaciais em curso no Brasil e debater as últimas iniciativas da governança do PEB.
“A AEB está de parabéns pela iniciativa. Reuniões como essa são essenciais para construir o PEB que o Brasil necessita. A AIAB atuará para que encontros como esse ocorram periodicamente”,
finalizou Shidara.
O presidente da AEB, Marco Antonio Chamon, reforçou o compromisso do Brasil em promover o uso pacífico e sustentável do espaço, destacando a necessidade de colaboração para compartilhar dados, tecnologias e soluções inovadoras.
“Os desafios que enfrentamos são globais e exigem soluções globais. Compartilhando conhecimentos e inovações, podemos transformar a visão de uma economia espacial sustentável em realidade”,
concluiu Chamon.
O sucesso da 5ª edição do SELM, que reuniu delegações de 30 países membros do G20, além de convidados internacionais, líderes da indústria espacial e autoridades brasileiras, demonstra o crescente protagonismo do Brasil na economia espacial global.
O evento também abre caminho para futuras colaborações e inovações tecnológicas, fundamentais para enfrentar os desafios climáticos e impulsionar o desenvolvimento sustentável.
Com informações e imagens da AIAB
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