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Estágio atual e perspectivas futuras do Programa Espacial Brasileiro

No Fórum SpaceBR Show 2024, painel apresentou o passado, presente e futuro do Brasil no espaço

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Passado, presente e futuro foram a tônica do painel Estágio atual do Programa Espacial Brasileiro (PEB), realizado em 21 de maio passado na capital paulista como parte do 4º Fórum SpaceBR Show, que aconteceu em paralelo à feira SpaceBR Show, MundoGEO Connect, DroneShow e Expo eVTOL 2024.

O moderador, Paolo Gessini, Diretor de Inteligência Estratégica e Novos Negócios da Agência Espacial Brasileira (AEB), fez uma explanação inicial com o objetivo de nivelar o assunto entre os participantes.

Paolo comentou que o PEB tem aproximadamente 60 anos e que a AEB acabou de completar 30 anos, então são relativamente “jovens”, mas já chegaram à maturidade.

Ele disse também que o painel foi muito bem estruturado pela organização do evento, com representantes do governo, academia e indústria.

Em seguida foi a fez do Brigadeiro do Ar Rodrigo Alvim de Oliveira, Chefe da Terceira Subchefia do Comando da Aeronáutica (COMAER), que apresentou um panorama do PEB sob a ótica militar.

“A gente costuma dizer que o PEB é o somatório dos esforços militar e civil. A gente vê em outros países que as estruturas espaciais variam bastante. Em alguns países há predominância das aplicações civis, em alguns há predominância das aplicações militares. Em alguns países, a Agência Espacial é vinculada ao Departamento de Defesa, e em alguns países até ao Ministério da Economia”,

comentou o Brigadeiro Alvim.

Ele relembrou que houve uma divisão tácita, na década de 70, em que o segmento militar ficou responsável pelo desenvolvimento de veículos e o segmento civil pelos satélites, e que hoje o plano é pensar de forma abrangente em todo o setor espacial, desde os lançadores, solo e usuários, bem como atuar em conformidade com a evolução de mercado, por exemplo em sistemas de órbita baixa, aumento da automação e uso de inteligência artificial e aprendizado de máquina.

“Não nos esquecemos da vocação da Força Aérea, de lançamento e fabricação de veículos lançadores, então este é um projeto ainda presente e muito forte dentro da Aeronáutica”,

afirmou.

O Brigadeiro Alvim reforçou a importância da tripla hélice da inovação, que inclui governo, indústria e academia, e sublinhou a importância do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e de outras instituições de ensino e pesquisa no desenvolvimento do PEB.

“A Força Aérea precisa ter a consciência da situação espacial e a consciência do domínio espacial para cuidar dos nossos ativos lá em cima”,

concluiu.

Finalizando, foi lembrado que o Brasil possui dois centros de lançamento prontos para operação, o de Alcântara, no Maranhão, e o Barreira do Inferno, em Natal, e que já estão em andamento editais de chamamento de empresas comerciais para fazerem uso deles.

Depois foi a fez de Jadir Nogueira Gonçalves, Vice-presidente da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB), que representou a visão do setor privado no PEB, apresentou alguns projetos em andamento e finalizou com os desafios que vêm pela frente.

“A gente está vivendo uma boa fase de participação industrial e de carga trabalho no setor espacial”,

comemorou Jadir.

Jadir apresentou um histórico da participação da indústria no setor espacial do Brasil, desde o anos 80, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) passou a contratar o desenvolvimento de produtos e tecnologias dentro do Programa do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS, na sigla em inglês). Na década de 90 e início dos anos 2000 a indústria se desenvolveu na área de satélites, com um marco importante em 2002 com a definição, pelo INPE, de uma plataforma multi-missão de satélites. Em 2005 a indústria deu mais um passo significativo com o desenvolvimento do CBERS de segunda geração, com maior participação brasileira no projeto.

Em 2013, no contexto do satélite geoestacionário SGDC, foi criada a empresa Visiona, solidificando o projeto de uma integradora de satélites. Em 2016 o mesmo aconteceu com a área de desenvolvimento de veículos lançadores, quando o DCTA deu um um passo importante de contratação de um motor para um foguete. Ainda em 2016 houve mais um passo importante, quando foi criado um programa de transferência de tecnologia no contexto da compra do SGDC, que possibilitou o upgrade tecnológico da indústria. Na mesma época, a Visiona iniciou o desenvolvimento do VCUB, que comprovou o desenvolvimento de um sistema de controle de atitude totalmente nacional.

“A situação atual que estamos vivendo hoje, é que estamos desenvolvendo um conjunto de projetos com subvenção da Finep”,

afirmou Jadir.

A Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) é um órgão federal que promove o desenvolvimento econômico e social do Brasil por meio do fomento público à Ciência, Tecnologia e Inovação em empresas, universidades, institutos tecnológicos e outras instituições públicas ou privadas.


Segundo Jadir, um conjunto de empresas está desenvolvendo hoje um microssatélite de alta resolução para Observação da Terra, fruto de um edital de subvenção econômica.

“Este projeto foi uma ‘luta’ da AIAB para conseguir orquestrar, tanto a busca de recursos financeiros e, claro, a busca por apoio”,

relatou Jadir.

Também em paralelo houve um edital para desenvolvimento de um um veículo lançador, com apoio da AIAB. De acordo com Jadir, ambos os projetos (microsatélite e veículo lançador) já estavam descritos num documento de estruturação do PEB.

Jadir finalizou afirmando que a indústria espacial brasileira está em um ótimo momento, mas que é preciso consistência, ambiente regulatório apropriado e visão de longo prazo para que tenhamos um programa espacial estruturado para a indústria e para a sociedade como um todo.

Quem fechou o painel foi Clezio Marcos De Nardin, Diretor do INPE, lembrando que o programa espacial brasileiro tem aproximadamente 60 anos e o Instituto já tem 62, então são praticamente contemporâneos. Ele fez questão de lembrar de Fernando de Mendonça, primeiro diretor do INPE, que vai completar 100 anos em 2 de dezembro

Clezio lembrou que o orçamento do INPE caiu constantemente ao longo de 10 anos, de 400 milhões de reais para 86 milhões, o que gerou “tormentas” mas mesmo assim o Instituto conseguiu cumprir metas importantes e está aos poucos aumentando as verbas.

“Nós lançamos dia 28 de fevereiro de 2021, muito bem, um satélite que foi nacionalizado 100% do ponto de vista de projeto e 80% do ponto de vista de tecnologia”,

comemorou.

Segundo Clezio, uma das metas do INPE é olhar o que está acontecendo lá fora e outra é olhar as necessidades do mercado.

“A gente viu que no mercado vinha primeiro o New Space, reduzindo o tamanho das coisas, compactando os sistemas, e assim nós fizemos um plano de desenvolvimento, transformando o INPE, de uma instituição que era bastante acadêmica e vivia com linhas de pesquisa, para uma instituição que é uma voltada para projetos”,

afirmou Clezio.

Para entender as demandas do mercado civil, o INPE ouviu 38 instituições às quais foram feitas duas perguntas: o que você precisa e no que você pode ajudar. Com os dados foi elaborado o novo Plano Diretor do Instituto.

Clezio finalizou lembrando que existem vários conflitos bélicos hoje no mundo, que impactam diretamente a área espacial, pois fica cada vez mais difícil importar tecnologia, por isso a importância do desenvolvimento interno.

“Hoje nós temos quatro satélites em construção no INPE, uma linha de satélites menores que são as plataformas de 100 quilos que vai dar a cadência que a indústria está precisando, que vai permitir que eu interaja cada vez mais com as empresas”,

comemorou.

E completou:

“Nós precisamos reorganizar e reposicionar, dar governança adequada para a Agência Espacial Brasileira, que precisa de fato ocupar o seu espaço e de fato ter a posição que precisa ter num país que tem um programa espacial sério. Precisamos entender que o setor espacial não é um setor econômico apartado, ele faz parte da infraestrutura nacional!”

O mestre de cerimônias foi Ivan Carlos Soares de Oliveira, CEO da BTI Tecnologia & Inteligência, que conduziu as atividades nos dois dias do 4º Fórum SpaceBR Show.

As feiras DroneShow Robotics, MundoGEO Connect, SpaceBR Show e Expo eVTOL superaram as expectativas e reuniram 8.100 profissionais de 33 países, um aumento de 42% em relação à participação da edição anterior. Organizados pela MundoGEO, empresa recentemente adquirida pela Italian Exhibition Group (IEG), os eventos ocorreram de 21 a 23 de maio no Expo Center Norte – Pavilhão Amarelo, em São Paulo (SP), e se consolidaram como o maior encontro das Américas que reúne no mesmo espaço os setores de inteligência geográfica, drones, espaço e aeronaves eVTOL.

A área de exposição, que cresceu 50% em metragem na comparação com 2023, reuniu 120 expositores que representaram mais de 200 marcas. Além disso, a programação com 25 atividades, entre cursos, seminários e fóruns, contou com 180 palestrantes de vários países, permitindo o compartilhamento de conhecimento e de experiências nesses mercados.

Edição 2025

A próxima edição do DroneShow, MundoGEO Connect, SpaceBR Show e Expo eVTOL já está marcada para 3 a 5 de junho de 2025 no Expo Center Norte – Pavilhão Azul, em São Paulo (SP).

Acompanhe a evolução do evento, planta da feira e programação das atividades nos sites:


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Destaques do SpaceBR Show 2024:

2024 Feira/Exhibition SpaceBR Show
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