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Desafios e oportunidades para empresas no desenvolvimento de satélites

No Fórum SpaceBR Show 2024, painel demonstrou como a grande extensão territorial do Brasil e suas necessidades específicas são uma grande oportunidade para empresas gerarem e analisarem dados geoespaciais

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As grandes dimensões e as carências do território brasileiro foram a tônica do painel Desafios e oportunidades para empresas no desenvolvimento de satélites, realizado em 21 de maio passado na capital paulista como parte do 4º Fórum SpaceBR Show, que aconteceu em paralelo à feira SpaceBR Show, MundoGEO Connect, DroneShow e Expo eVTOL 2024.

O moderador foi Cristiano Vilanova, Coordenador de Licenciamento, Normas e Comercialização na Agência Espacial Brasileira (AEB), que fez uma explanação inicial com o objetivo de nivelar o assunto entre os participantes.

O primeiro convidado a falar foi João Paulo Campos, Presidente e CEO da Visiona Tecnologia Espacial, empresa dedicada ao desenvolvimento de satélites e também à prestação de serviços de sensoriamento remoto.

Ele relembrou que ano passado a empresa lançou o satélite VCUB1, que foi um marco para a indústria espacial nacional.

“Eu não tenho dúvida nenhuma de que o Brasil tem competência de Engenharia para poder desenvolver e construir satélites ao nível dos que se encontram no exterior”,

comemorou João Paulo.

Hoje, o satélite VCUB se encontra em fase de calibração dos sensores. O satélite SatVHR, muito maior, está em desenvolvimento em conjunto com outras empresas. Será o primeiro satélite de observação da Terra sub-métrico feito no Brasil.

Além dos satélites, a Visiona está trabalhando também na área de exploração de dados.

“A gente está passando por uma revolução no mundo. A IA está revolucionando a forma com que os dados de satélites são explorados. Nós estamos na fronteira desse trabalho”,

afirmou Campos.

Segundo João Paulo, é muito árduo para as empresas sobreviverem no mercado espacial sem algum apoio estatal.

“Eu não conheço nenhuma empresa que tenha conseguido evoluir nesse mercado sem ter um apoio governamental forte”,

concluiu.

Ele lembrou das grandes dimensões e das carências do Brasil, mas finalizou com uma mensagem otimista para a plateia:

“A gente ainda está distante do que precisa para conseguirmos ter uma indústria estável, mas a gente tem uma grande vantagem, que é estar no país que mais necessita de produtos baseados em satélites”.

Em seguida foi a vez de Talita Possamai, professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ela começou mostrando a experiência que tiveram dentro da UFSC, em parceria com outras instituições, desenvolvendo o satélite da Constelação Catarina.


A Constelação Catarina é um conjunto de sistemas espaciais que se baseia no uso de nanossatélites, de maneira a contribuir para a agenda de desenvolvimento socioeconômico sustentável do país


“Uma das principais oportunidades que vai aparecer para a Universidade é a gente gerar recurso humano e fico muito feliz de ver que a gente consegue gerar recursos que vão contribuir com as empresas”,

comemorou Talita.

Talita apresentou alguns desafios e oportunidades do projeto de desenvolvimento de uma frota de nanossatélites, como por exemplo: formar recursos humanos em um projeto que realmente funcione e traga resultados; a aquisição de algumas partes do satélite com fornecedores nacionais, fortalecendo a indústria local; e ter um bom planejamento de lançamentos, já que os satélites de órbita baixa decaem rapidamente e também existem preocupações quanto a lixo espacial.

Segundo Talita, é provável que a Constelação seja lançada em breve com a Innospace.

Ela lembrou que existem em torno de 10 cursos de Engenharia Aeroespacial no Brasil, mas que o foco é muito mais na parte aeronáutica do que na parte espacial, então ainda faltam para os alunos mais conteúdos nesta área.

“Talvez a gente tenha que trabalhar no nosso currículo para deixar eles mais preparados ainda, para quando eles saírem da Universidade eles conseguirem se integrar numa empresa que trabalhe com satélites de forma melhor”,

concluiu.

Ela lembrou também das vantagens territoriais do Brasil, de ter uma base muito bem localizada, como Alcântara, e que o país está em uma inclinação ideal para o lançamento de nanossatélites.

Talita também finalizou com uma mensagem positiva para a audiência:

” O Brasil tem um potencial gigantesco. A gente tem um território muito grande. As nossas indústrias, nossos setores agropecuário, ambiental, resposta a enchentes… Tudo isso você pode trabalhar com dados de satélite”,

completou.

Fechando o painel, Juliano Mota Lazaro, Gerente Comercial da Orbital Engenharia, fez um apanhado geral sobre a empresa e uma comparação entre missões tradicionais e new space, sendo elas complementares.

“A Orbital participa destes dois cenários; não é uma transição”,

explicou Juliano.

Ele relembrou que a empresa participou da maioria de projetos de satélites já realizados no Brasil, de alguma forma, sendo produzindo baterias, sistemas de eletrificação ou painéis solares, e concordou com João Paulo sobre a dependência de apoio governamental ao setor espacial.

“O governo ainda é um grande responsável pela evolução espacial, especialmente no Brasil, mas quando a gente fala de mercados mais desenvolvidos, como o americano, também acontece o mesmo”,

comentou.

Juliano lembrou de iniciativas importantes, como a da FINEP, que ajudam a “dividir o risco” com as empresas brasileiras do setor espacial e promovem competitividade no mercado. Por outro lado, fez uma apelo ao governo para liberar as amarras do setor.

“A gente precisa também de uma mudança de perspectiva nas legislações, nas políticas públicas. E aqui eu estou dizendo numa visão política mais empreendedora, entender e estar junto com a gente nessa questão de promover comercialmente, facilitar, desburocratizar”,

disse.

Segundo ele, um compromisso estatal de aquisição dos produtos gerados a partir dos satélites ajudaria muito o setor a se desenvolver ainda mais, o que já acontece em países mais desenvolvidos.

Juliano também finalizou com uma mensagem positiva para a audiência, de que o Brasil tem muita demanda por dados geoespaciais, mas falta ainda um mindset empreendedor para que o ecossistema espacial possa acelerar mais rapidamente.

O mestre de cerimônias foi Ivan Carlos Soares de Oliveira, CEO da BTI Tecnologia & Inteligência, que conduziu as atividades nos dois dias do 4º Fórum SpaceBR Show.

As feiras DroneShow Robotics, MundoGEO Connect, SpaceBR Show e Expo eVTOL superaram as expectativas e reuniram 8.100 profissionais de 33 países, um aumento de 42% em relação à participação da edição anterior. Organizados pela MundoGEO, empresa recentemente adquirida pela Italian Exhibition Group (IEG), os eventos ocorreram de 21 a 23 de maio no Expo Center Norte – Pavilhão Amarelo, em São Paulo (SP), e se consolidaram como o maior encontro das Américas que reúne no mesmo espaço os setores de inteligência geográfica, drones, espaço e aeronaves eVTOL.

A área de exposição, que cresceu 50% em metragem na comparação com 2023, reuniu 120 expositores que representaram mais de 200 marcas. Além disso, a programação com 25 atividades, entre cursos, seminários e fóruns, contou com 180 palestrantes de vários países, permitindo o compartilhamento de conhecimento e de experiências nesses mercados.

Edição 2025

A próxima edição do DroneShow, MundoGEO Connect, SpaceBR Show e Expo eVTOL já está marcada para 3 a 5 de junho de 2025 no Expo Center Norte – Pavilhão Azul, em São Paulo (SP).

Acompanhe a evolução do evento, planta da feira e programação das atividades nos sites:


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Destaques do SpaceBR Show 2024:

2024 Feira/Exhibition SpaceBR Show
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