O New Space e a sustentabilidade econômica foram a tônica do painel Investimento de Venture Capital no setor espacial, realizado em 22 de maio passado na capital paulista como parte do 4º Fórum SpaceBR Show, que aconteceu em paralelo à feira SpaceBR Show, MundoGEO Connect, DroneShow e Expo eVTOL 2024.
O mediador foi Pedro Kaled, Executivo de TI e Inovação, que fez uma explanação inicial com o objetivo de nivelar o assunto entre os participantes.
Em seguida foi a vez de Lucas Fonseca, CEO e Fundador da Airvantis, que além de Venture Capital falou também de outros instrumentos de financiamento para empresas do setor espacial.
“O Brasil tem algumas aptidões naturais, e é aí que eu gosto de sempre frisar. Acho que as óbvias são agricultura, mineração, logística, óleo & gás, e dentro de cada uma dessas frentes você tem um pull de oportunidades para sistemas baseados em infraestrutura no espaço”,
explicou Fonseca.
No caso das imagens de satélites, ele relembrou que o maior valor está na informação, e não no dado bruto, para que o usuário final possa tomar decisões embasadas. Lembrou também que uma startup neste setor já deve pensar de forma global, já que os satélites têm órbitas que passam por várias regiões do globo.
Ele também falou sobre o conceito de New Space, que se confunde com o próprio conceito de startup, baseado em sustentabilidade econômica:
“O New Space é uma vertente de ordem econômica, então é a gente olhar para uma entidade empresarial ligada ao espaço e achar sustentabilidade nas suas ações, contracenando com Legacy Space, que é o modelo que foi feito desde a época da Guerra Fria, que era muito baseado em encomendas tecnológicas”.
Mesmo assim, ele afirmou que os subsídios públicos ainda são essenciais para que o setor espacial possa se desenvolver. Mesmo no New Space, os primeiros clientes muitas vezes são os governos, para depois a empresa buscar a venda de produtos e serviços em outras frentes e com recorrência.
“Existe, hoje em dia, uma democratização muito grande de acesso ao espaço, e se você não vive num país que tem problemas geopolíticos, você tem total capacidade de bater na porta de qualquer país lançador, contratar um lançamento e colocar seu próprio equipamento em órbita”
comemorou Lucas.
Segundo ele, vivemos hoje uma era de pós-escassez, na qual podemos pensar em obter matéria-prima fora do planeta Terra, como na Lua e em asteróides, por exemplo, e que os números que têm sido divulgados de faturamento para o setor são subestimados, se pensarmos na quantidade de possibilidades que o espaço proporciona.
Fechando o painel, Osório Coelho Guimarães Neto, Diretor do Departamento de Programas de Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), falou também sobre o fundo setorial aeroespacial, do qual é presidente, e valorizou os investimentos do setor pela parte do governo, principalmente através de encomendas tecnológicas.
“A gente percebe que o governo brasileiro ainda tem que avançar muito no sentido da alocação de recursos e de fundos para o setor espacial, mas está fazendo algumas coisas”,
explicou Osório.
Ele enumerou algumas iniciativas governamentais, como o Sistema Brasileiro de Inovação, e comentou que o principal papel do governo é dar segurança jurídica e “dividir o risco” para o setor espacial poder crescer de forma sustentável:
“Essas ferramentas, não só as políticas públicas, elas envolvem também questões de renúncia fiscal”.
Osório relembrou que a Finep tem aportado constantemente recursos para financiar iniciativas no setor espacial e que, mesmo que a diferença ainda seja muito grande entre os países desenvolvidos para os em desenvolvimento, é preciso potencializar estes investimentos.
“O setor espacial vive um momento muito interessante, que o pessoal chama um momento de inflexão, ou seja, está se barateando muito a tecnologia, ela está ficando muito mais acessível”,
comemorou.
Ele finalizou com a afirmação de que todo país que deu uma “virada tecnológica” investiu fortemente no setor espacial, pois é uma área que traz muitos impactos, diretos e indiretos, para a sociedade.
O mestre de cerimônias foi Ivan Carlos Soares de Oliveira, CEO da BTI Tecnologia & Inteligência, que conduziu as atividades nos dois dias do 4º Fórum SpaceBR Show.
As feiras DroneShow Robotics, MundoGEO Connect, SpaceBR Show e Expo eVTOL superaram as expectativas e reuniram 8.100 profissionais de 33 países, um aumento de 42% em relação à participação da edição anterior. Organizados pela MundoGEO, empresa recentemente adquirida pela Italian Exhibition Group (IEG), os eventos ocorreram de 21 a 23 de maio no Expo Center Norte – Pavilhão Amarelo, em São Paulo (SP), e se consolidaram como o maior encontro das Américas que reúne no mesmo espaço os setores de inteligência geográfica, drones, espaço e aeronaves eVTOL.
A área de exposição, que cresceu 50% em metragem na comparação com 2023, reuniu 120 expositores que representaram mais de 200 marcas. Além disso, a programação com 25 atividades, entre cursos, seminários e fóruns, contou com 180 palestrantes de vários países, permitindo o compartilhamento de conhecimento e de experiências nesses mercados.
Edição 2025
A próxima edição do DroneShow, MundoGEO Connect, SpaceBR Show e Expo eVTOL já está marcada para 3 a 5 de junho de 2025 no Expo Center Norte – Pavilhão Azul, em São Paulo (SP).
Acompanhe a evolução do evento, planta da feira e programação das atividades nos sites:
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Destaques do SpaceBR Show 2024: