“Você faz parte deste Legado”. Este foi o lema do 4º ENAPAT (Encontro Nacional de Patologia das Construções), que aconteceu de 3 a 5 de julho em São Paulo (SP).
Um Legado que Constrói o Futuro
Na abertura do Encontro, o anfitrião Felipe Lima deu as boas-vindas e fez uma introdução sobre tudo o que viria pela frente, reforçando sobre o tema desta edição ser Legado, tanto dos conhecimentos que recebemos dos especialistas que vieram antes, como o que deixaremos para os que vierem depois de nós.
A primeira palestra, com o tema “Entendendo a Segurança das Estruturas de Concreto Armado”, foi do professor Paulo Helene, uma referência no setor de Patologia das Construções.
Segundo ele, os vários coeficientes de segurança usados em projetos estruturais na verdade são “coeficientes de desconhecimento”. No caso de obras já executadas, onde pode-se medir a estrutura existente, podem-se desconsiderar, caso a caso, alguns coeficientes, sejam eles para aumentar carga ou para diminuir resistências. Em reservatórios e barragens, por exemplo, onde já sabe-se a capacidade máxima, não faz sentido majorar cargas em 1,4 vezes.
A analogia com a Medicina apareceu várias vezes ao longo do dia. O professor Helene afirmou que o concreto é como um ser humano, vivo e ativo. Sua resistência aumenta com o tempo, devido à hidratação do cimento, e diminui com a carga aplicada. Ao longo do tempo, o aumento compensa o decréscimo, com saldo positivo.

Ao final, demonstrou graficamente como o uso de insumos otimizados pode oferecer a mesma resistência do concreto e reduzir as emissões de CO2, trazendo mais sustentabilidade para as construções.
Retrofit: a geriatria das construções
Na sequência, foi a vez dos irmãos Alexandre e Carlos Britez falarem sobre o Retrofit de construções. Por serem edificações muito antigas, mais uma vez fazendo uma analogia com a Medicina, quem atua com retrofit pode ser considerado um “geriatra”.
Corroborando o que o professor Helene afirmou, Alexandre mostrou o resultado de uma pesquisa na qual 50% dos patologistas não aceitam desconsiderar coeficientes de segurança em seus projetos de reforços de estruturas. Ou seja, isto ainda não é consenso no setor.
Fatores como vento e incêndios não eram considerados em projetos mais antigos, mas no Retrofit devem ser avaliados e usadas as Normas Técnicas atuais. Já sobre fazer ensaios em obras existentes, Alexandre afirma que o projetista tem que estar em sua “zona de conforto”, ou seja, fazer tantas prospecções quantas ele achar necessário, pois ele vai assinar por isto.
Foi apresentado por Carlos o case do Edifício A Noite, no Rio de Janeiro (RJ), com mais de 100 anos. Segundo ele, algumas técnicas de construção do passado eram mais apuradas. “Hoje, tem prédio com patologia que ainda não foi nem entregue”, afirmou.
Ele fez mais uma analogia com a Medicina, afirmando que Retrofit não é amputação. Não é demolir e fazer de novo. É preciso aproveitar o máximo possível da construção original.
Pediatria das construções
Emilio Takagi, outra referência no setor, apresentou em sua palestra um conceito novo, de “pediatra” das construções. Os Engenheiros pediatras cuidam da “infância” das edificações, ou seja, até aproximadamente os 10 anos após sua entrega. Este é um período marcado por vícios ocultos e falhas de desempenho, que algumas vezes são maquiados pelos coeficientes de segurança aplicados em projeto.
Segundo ele, os primeiros 10 anos de uma construção permitem evitar que a edificação cresça doente. Para isto, existe hoje a proposta de criação de um Seguro Decenal ou Seguro de Danos Estruturais, uma espécie de “plano de saúde” que já é aplicado em outros países.
Emilio mostrou que o conceito de responsabilidade técnica de uma obra vem desde os tempos do Código de Hamurabi, por folta de 1750 a.C. Mostrou também como este seguro funciona na Inglaterra, uma inspiração para aplicação também no Brasil.
Um Seguro Decenal Estrutural (SDE) vai gerar muita demanda por inspetores com independência técnica e financeira das construtoras, contratados diretamente pelas seguradoras. Novamente fazendo uma analogia com a Medicina, as construtoras atuariam como Obstetras, antes do nascimento (entrega) da obra, e os Patologias com os Pediatras pelos primeiros 10 anos de vida.
Durabilidade das estruturas
Fechando a manhã do primeiro dia, foi a vez do painel sobre Durabilidade das Estruturas de Concreto Armado. Com a mediação de Anderson Couto, o painel contou com a participação dos especialistas Carlos Britez, José Eduardo Granato, Robson Gaiofato e Daniel Veras.
Dentre os temas debatidos, estiveram os problemas com impermeabilização, painéis solares não previstos, carbonatação, softwares de dimensionamento e detalhamento de armaduras, currículos das Engenharias e indicadores.
Selantes, fachadas, reforços e impressão 3D
A parte da tarde teve início com a palestra de Fernando José, da Aplicsil, que falou sobre selantes de alto desempenho. Foi uma verdadeira aula sobre a química que envolve este tipo de proteção a edificações.
Em seguida foi a vez de Djalma Júnior apresentar seu artigo técnico, um dos finalistas da competição realizada nesta edição do ENAPAT. Ele apresentou um estudo feito nos EUA sobre o desempenho de técnicas de reforço e contenção em fundações afetadas por erosão costeira, impressionando a plateia.
A palestra seguinte foi de Matheus Nascimento, que abordou a construção digital e a impressão 3D com argamassa. Foram mostrados vários tipos de robôs em ação. Segundo ele, este mercado cresce 5% ao ano e deverá chegar a 1,17 trilhão de dólares em 2030.
Diego Camara, do Grupo Hard, explanou em sua palestra sobre recuperação de fachadas, tratamento de superfícies em geral e mais especificamente de juntas. Ele desmistificou a especificação de materiais para juntas e mostrou quais fatores são mais importantes para cada escolha.
Fechando o primeiro dia do ENAPAT 2025, aconteceu o painel sobre Desempenho e Durabilidade das Fachadas. Com mediação de Felipe Lima, os painelistas foram Renato Sahade, Mairton Santos, Audrey Dias e Guilherme Castro.
Dentre os temas abordados, destaque para a importância de seguir os projetos, a falta de mão-de-obra especializada, problemas com fiscalização, paralelos entre revestimentos e fachadas em vidro, tecnologias construtivas e de inspeções. Felipe lembrou que hoje, mesmo com tecnologias como BIM e drones, nada substitui uma boa janela de inspeção, mesmo que seja um procedimento invasivo.
Várias divulgações de livros foram realizadas durante o encontro, confirmando a importância do ENAPAT para os especialistas do setor, que privilegiam o evento para seus lançamentos
Soluções para o futuro das construções
O segundo dia do ENAPAT 2025 contou com grande expectativa dos participantes, após um primeiro dia em altíssimo nível.
A palestra de Leonardo Passos, da Pi Engenharia, deu início aos trabalhos, abordando a utilização dos ensaios para auxílio na definição de reforços e recuperação. Antes de tudo, ele conceituou o Retrofit e alertou que, algumas vezes, técnicas inadequadas podem piorar a saúde de prédios antigos que ainda estão bem.
Leonardo apresentou várias tecnologias e métodos de inspeção, como drones e robôs aquáticos, além de ferramentas analíticas como a Matriz GUT para avaliar a Gravidade, Urgência e Tendência de patologias, muito usada para priorização de áreas a serem recuperadas. Para o As Built de estruturas, demonstrou as vantagens do uso de Laser Scanning para a geração de modelos 3D. Também o uso de radar para identificar onde estão as armaduras em pilares, vigas e lajes. Em relação ao BIM no Retrofit, reforçou as vantagens de ter todas as especialidades (estrutura, elétrica, hidráulica, etc) em um mesmo modelo 3D. “Aprendemos muito sobre estruturas estudando as edificações mais antigas”, afirmou ele.
Quanto à identificação de propriedades mecânicas de estruturas existentes, elencou alguns métodos, como a esclerometria, pinos e extração de testemunhos. Já para investigar fundações e estruturas enterradas ele citou o Georadar. Dentre os ensaios mais utilizados, mostrou como são usados o potencial de corrosão e a resistividade elétrica, bem como o ultrassom dinâmico para obtenção do módulo de elasticidade inicial, o nitrato de prata para ver se há cloretos e fenolftaleína para verificar se há carbonatação. Finalizou reforçando a importância do monitoramento ao longo da vida útil das edificações e mostrou alguns cases.
Empreendedorismo
Fernando Gaal, da Serpol, apresentou um “Patologia Talk” de 15 minutos com o tema: Foco não é escolha, é renúncia. Ele mostrou as dificuldades durante a pandemia e como decidiram aumentar o volume de propostas enviadas para não depender mais do acaso.
Segundo ele, a partir do foco em um aspecto de um problema, o restante melhora em consequência, assim como peças de dominó. Deu como o exemplo o absenteísmo em uma empresa, que foi endereçado e, a partir da melhora neste aspecto, todas as outras questões de RH melhoraram. “Qual é o único dominó que você tem que derrubar?”, deixou como reflexão ao final.
Rehab
Helder Souza, da Quartzolit, falou na sequência sobre reabilitação de estruturas de concreto armado, mostrando cases e lições aprendidas. “Tudo começa pelo diagnóstico”, cravou.
Segundo ele, as principais causas de defeitos são corrosão de armaduras, infiltração de água, variações térmicas, reações químicas internas, erros de projeto ou execução, sobrecarga ou mudança de uso, além da falta de manutenção preventiva.
Mostrou a “Lei dos 5” ou Regra de Sitter, que diz que quanto mais se investe no projeto e/ou na manutenção preventiva, menos se gasta em correções no futuro.
Fazendo mais uma analogia com o corpo humano, afirmou que a “Terapia” no processo de recuperação de uma estrutura é o conjunto de técnicas para o projeto e execução. Ao final, mostrou vários cases de patologias e recuperação de estruturas.
Inteligência Artificial em Laudos
O segundo artigo técnico participante da competição teve como tema ferramentas computacionais (IA e algoritmos) na perícia e engenharia, abordando as potencialidades, limitações e impactos na geração assistida de laudos de vícios construtivos.
Quem apresentou o artigo foi Leonardo Santos, representando também os co-autores Vanessa Silva e Josué Junior. Segundo Leonardo, hoje está havendo muitas nomeações na justiça, o que demanda maior dinamização na entrega dos laudos. Segundo ele, a Engenharia encontra-se inserida na Indústria 5.0, na qual há intensa interação entre homem (decisor) e máquinas (assistentes).
No estudo foi usada a ferramenta de Inteligência Artificial Gemini Vision e de visão computacional ORB, na qual a IA sugere uma solução e o perito a valida. Ao final, foi apresentado um vídeo do protótipo em pleno funcionamento e os resultados alcançados.
Inspeções e Perícias
A manhã do segundo dia terminou com um painel sobre Inspeções e Perícias. Com a mediação de Jonathan Monteiro, contou com a participação dos especialistas Stella Maris, Alexandre Fontolan, Acácio Santos e Diogo Moreira. “O perito é o farol do juiz”, afirmou Acácio.
Foram abordadas questões sobre a Norma de perícias, problemas em construções do programa Minha Casa Minha Vida, diferenças e semelhanças entre inspeção predial (serviço) e perícias (ações judiciais), especificidades da linguagem do Direito, uso de outras Normas (Ibape, por exemplo), boas práticas, capacitação, etc..
Mais Empreendedorismo
A tarde iniciou com mais um Patologia Talk (novo modelo implantado este ano no ENAPAT), feito por Leo Gomes. O tema foi “Do técnico ao empresário: o mito que nos engana”. “Nem todo técnico está pronto para empreender, e o verdadeiro risco está em ignorar esta realidade”, afirmou.
Segundo ele, o caminho começa na técnica, mas o negócio exige muito mais. Ele mostrou três personagens que existem no mercado: o consultor valioso, onde ele mesmo é o negócio; o engenheiro sonhador, que quer escalar mas carrega a empresa nas costas; e o empreendedor por ilusão, que confunde liberdade com falta de direção.
Ainda usando uma tríade, explicou que deve haver um equilíbrio entre os papéis de técnico, administrador e empreendedor. Antes de apresentar o ADPAT Negócios, o braço empresarial da ADPAT, finalizou com os 5 passos para ter um negócio e não somente ser empresário, nesta ordem: aprender gestão; criar processos; documentar rotinas; formar equipes; e delegar com confiança.
Madeira Engenheirada
A professora Fabiana Oliveira fez uma das palestras mais esperadas do dia, pois apresentou um tema pouco abordado quando se fala de construções e patologias: Madeira!
O tema da apresentação foi: Madeira Engenheirada – aspectos projetuais que visam a durabilidade das estruturas. Este novo conceito aborda produtos de madeira reprocessados e reconstituídos com objetivo de melhorar suas propriedades para uso estrutural ou de vedação. Ela apresentou a Norma Brasileira NBR 7190, de 2022, que rege seu uso, bem como a Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros contra Incêndios.

Fabiana mostrou um mapa evidenciando que a madeira usada nestes casos é, em quase sua totalidade, de Eucalipto ou Pinus, que são florestas plantadas e têm que ser certificadas, ou seja, sem impacto no desmatamento. Segundo ela, o que ainda entrava o maior avanço é o desconhecimento e uma “cultura” de que a madeira é um material inferior. Finalizou mostrando estruturas e revestimentos em madeira em vários lugares do mundo.
BIM Histórico
Outra apresentação bastante esperada foi a do professor Ezequiel Mesquita, com o tema “HBIM: do escaneamento digital à modelagem da informação”. Ele iniciou apresentando o conceito de HBIM, sigla em inglês para Historic Building Information Modelling, um braço do BIM ligado ao patrimônio histórico.
Segundo ele, o HBIM muda a perspectiva, pois cria modelos 3D que representam tanto a geometria quanto os materiais existentes. A obrigatoriedade de entrega dos projetos em BIM para contratos públicos, no Brasil, tem impulsionado esta tecnologia.
O Modelo Digital é gerado a partir dos dados obtidos com Geotecnologias e complementados com os dados históricos. A aquisição destes dados geográficos geralmente é feita com Aerofotogrametria (com aviões ou drones) e varreduras a laser (terrestre, podendo ser estática ou móvel). A nuvem de pontos obtida fornece informações geométricas e também sobre níveis de degradação dos materiais. “Como mitigar efeitos das mudanças climáticas em edifícios históricos?”, questionou.
O professor Ezequiel mostrou pesquisas feitas na escala de cidade, usando drones com termografia, sensores terrestres, geoprocessamento e inteligência artificial. Em um dos estudos, chegou-se a uma previsão de 43 graus Celsius em 2100 para uma certa região, o que é alarmante pois alguns materiais de vedação, por exemplo, podem ter variações de 400% a esta temperatura.
Impermeabilização
Em seguida foi a fez do painel sobre Desempenho das Impermeabilizações. Com mediação de Bia Menezes, contou com a participação dos especialistas José Miguel Morgado, Jorge Lima, Alexandre Soncini e Flávio Camargo.
Eles abordaram a adoção de Norma de impermeabilização, problemas com mão-de-obra, déficit educacional, importância do substrato, banalização de “tutoriais” no Tiktok, produtos “milagreiros” no mercado, necessidade cada vez maior de projetos, fiscalização e conscientização.
Aqui apareceu mais uma analogia com a Medicina, onde foi afirmado que uma construção com boa impermeabilização é como um paciente com a imunidade alta.
Fechando o segundo dia do ENAPAT 2025, a professora Cirene Paulussi abordou os fundamentos da Patologia em impermeabilização para perícias de Engenharia. Ela mostrou as principais causas de patologias devido a problemas de impermeabilização, explicou em detalhes as etapas para realização de um projeto, e adiantou o que deverá mudar com a próxima revisão da Norma.
Assim como no primeiro dia, o segundo também terminou rigorosamente dentro do horário, o que traz leveza e previsibilidade para o evento, reforçando o compromisso da organização com a agenda dos palestrantes e participantes.
Do conhecimento à celebração: destaques do último dia
O terceiro e último dia do ENAPAT 2025 começou com os tradicionais sorteios, em especial da tão aguardada bolsa integral da pós-graduação em Patologia das Construções do IPOS. Em seguida, Felipe Lima e o Arquiteto Rafael Ambrósio estiveram juntos no palco para falar sobre a atuação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU-SP) e a conscientização desta classe profissional sobre o campo da Patologia das Edificações e de boas práticas para minimizar vícios construtivos. Ao final, Felipe formalizou em público um convite para o CAU-SP ter um estande na FEIPAT 2026.
Múltiplas causas de patologias nas construções
Na sequência foi a vez de uma das palestras mais esperadas, do professor Marcus Grossi, que abordou como mensurar múltiplas causas de patologias nas construções. Segundo ele, um estudo de causalidade não pode ser somente intuição do técnico. Marcus citou que a NBR 13752, de perícias na Engenharia, cita causas e responsabilidades, e enfatizou que esta área tem muitas intersecções com o Direito.
De acordo com Marcus, as causalidades podem ter vários “culpados” e várias formas:
- Linear, onde a causa 1 gera o fenômeno 2, que gera o fenômeno 3 e assim por diante;
- Múltiplos efeitos, onde a causa X pode gerar os fenômenos Y1, Y2, etc.;
- Fenômeno multicausal, onde o fenômeno Y pode ser causado por X1, X2, etc.;
- Omissiva, onde deixar de fazer algo pode gerar um fenômeno.
“Mas como provar que algo que não aconteceu, como por exemplo a falta de manutenção, pode ser uma causa?”, questionou Marcus.
Ele apresentou também algumas origens de anomalias, como o terreno, projeto, fabricante, execução, exposição ao meio, uso e operação, manutenção, fim da vida útil, demolição/reabilitação. Para finalizar, apresentou dois cases, um no qual uma parede de vedação foi removida e as respectivas culpabilidades, e um sobre uma construtora que processou um engenheiro de obra e como foi avaliada a contribuição do mesmo para um problema.
Direito e Engenharia
O próximo palestrante foi o Advogado Fábio Cascione, que falou sobre conceitos técnicos e jurídicos das garantias construtivas. Ele comentou que vícios construtivos podem envolver questões do Código Civil e também do Código de Defesa do Consumidor, podendo ser aparentes ou ocultos. “Vícios construtivos são falhas ou defeitos de sistemas de construção que comprometem sua qualidade, segurança ou funcionalidade”, conceituou Fábio.
Em seguida, deu exemplos de Responsabilidade Civil: dano (material, moral ou estético); nexo causal (ligação entre vício e prejuízo); e culpa. Fábio mostrou como funciona a Responsabilidade Civil na Engenharia: está presente nas relações de consumo; é independente da prova de culpa (basta dano e nexo causal); pode haver responsabilidade solidária entre construtora, incorporadora, etc..
Também lembrou que existe o prazo de 5 anos na garantia civil sobre obras e que há uma interpretação jurisprudencial oscilante no caso de vícios construtivos ocultos, onde algumas vezes o proprietário tem que provar dano e nexo causal, e outras vezes são os executores.
Geofone!
Fabiano Yamasaki deu um show em sua palestra e ainda sorteou um Geofone, o que causou frisson na plateia.
Ele mostrou como funciona a primeira pista de simulação de vazamentos do Brasil, que foi criada pela Yamatec com objetivo de treinar técnicos. No design e construção da pista foram criados 14 tipos diferentes de vazamentos, com medidas e profundidades variadas.
Inovação
A manhã terminou com um painel sobre Inovação na Patologia. Com mediação de Alice Feitor, o painel contou com a participação de Alexandre Britez, Lucas Cardoso, Luiz Araújo e Vinicius Camacho.
Eles abordaram capacitação, gaps nas ementas de cursos de graduação, IoT, IA, madeira engenheirada, boas práticas em outros países, estruturas mistas, light steel frame, escassez de mão-de-obra, valorização profissional, novos sistemas de manutenção de obras, entre outros temas. “Alguns temas só se vê em Congressos como este”, comemorou Alexandre Britez, sobre atualização profissional.
Neste painel apareceu mais um termo análogo à Medicina, onde foi comentado que às vezes são usados “Tratamentos Paliativos” em obras, mas que sempre é possível achar uma solução menos destrutiva possível para uma recuperação de obra. Outro termo que apareceu foi o do “Clínico Geral das Edificações”, que é o profissional responsável por conhecer todas as opções para tomar as melhores decisões. “A Patologia das Construções está na vanguarda da Engenharia”, comentou Vinícius Camacho.
Antes do intervalo para o almoço, Roberta Britto, da IEG Brasil, apresentou em detalhes a feira FEIPAT 2026, que será realizada de 9 a 12 de setembro no São Paulo Expo. “Ter um evento para chamar de seu é um upgrade para todo um setor”, cravou Roberta.
IA na Redação de Laudos
Outro aguardado painel aconteceu no início da tarde, com a participação de Marcus Grossi, Bia Menezes e Wanessa Serra, sobre o uso de Inteligência Artificial para a redação de laudos técnicos.
Wanessa fez um histórico da evolução tecnológica, desde as máquinas de escrever até o Chat GPT. Já Bia fez uma reflexão sobre todo o conhecimento compartilhado durante os três dias de ENAPAT e defendeu o uso da IA para evolução com sabedoria. Marcus, por sua vez, mostrou vários pareceres de órgãos de divulgação (Scielo, Cope, Nature e Fapesp) incentivando o uso de ferramentas de IA para suporte à escrita. Em seguida, mostrou exemplos de prompts úteis para pesquisa, escrita e até detalhamento.

“Você não será substituído pela IA, mas por quem sabe usar a IA”, foi a reflexão apresentada ao final.
Umidade em Fachadas
Fechando a sequência de Artigos Técnicos da competição, foi a vez do trabalho sobre Avaliação de Umidade em Fachadas com Revestimento Mineral – um estudo de caso em condomínio residencial. Jaqueline Corrêa apresentou o artigo, que teve como co-autores Henrique Bosco, Elier Pavon e Lia Pimentel.
Jaqueline mostrou como argamassas técnicas decorativas vêm substituindo revestimentos tradicionais. No estudo, a obra apresentou patologias graves apenas três meses após a entrega. Em seguida mostrou todos os ensaios e inspeções realizadas, e as potenciais soluções.
Trinca Patológica
A penúltima atividade do ENAPAT 2025 foi o painel “Trinca Patológica”, com uma discussão sobre o Legado do Encontro deste ano.
Com a mediação de Felipe Lima, o painel contou com a participação de Henrique Bosco, que reforçou a importância dos mentores que vieram antes, e de Marcus Grossi, que lembrou que sem Legado não haveria Sociedade.
Adpat Awards
O evento finalizou com a tão aguardada premiação Adpat Awards, na qual foram reconhecidos os profissionais e artigos do ano. “No último dia, celebramos as marcas deixadas por pessoas que fazem a patologia acontecer. O ADPAT Awards, que premia os melhores do ano, representa a força do estudo, esforço, dedicação e paixão na jornada de cada um — coroando com o Pato de Ouro (que não é de ouro, rs)”, comentou Felipe Lima.
As categorias e respectivos ganhadores foram:
- Prêmio Jovem Destaque: Junior Freitas (Paraná)
- Prêmio Fernando Cardoso: Anna Oliveira (Brasília)
- Prêmio Inovação na Patologia: Isabella Cantal (Ceará)
- Prêmio Melhor Artigo Técnico: Leonardo Santos (Rio de Janeiro)
- Prêmio Melhor Apresentação de Artigo Técnico: Jaqueline Andrade (São Paulo)
- Prêmio Aluno Expert: Ana Flávia Pinheiro (Ceará)
- Prêmio Mestre na Patologia: Marcus Grossi (São Paulo)
Legado
“Um legado de conhecimentos, valores e conquistas passados de geração em geração”: este foi o tema geral do ENAPAT 2025, seguido à risca pela organização, mediadores, palestrantes e panelistas. Foi uma imensa quantidade e qualidade de conteúdos compartilhados ao longo dos três dias do evento, que ainda estão reverberando nos grupos e redes sociais, e vão impactar no dia-a-dia dos profissionais pelos próximos dias, semanas, meses e anos.
Felipe Lima, idealizador e organizador do ENAPAT, deixou seu relato sobre os três dias de imersão:
“Superou todas as nossas expectativas. Encerramos três dias de evento com o coração grato e a certeza de que cumprimos aquilo que sonhamos realizar. Uma equipe empenhada e apaixonada certamente deixou sua marca na construção de um legado onde a técnica é o maior destaque, mas que não caminha sozinha; ela requer relacionamentos, união e comprometimento. Vivemos dias em que o propósito ADPAT foi colocado em prática: ‘todos em alto nível’”.
Ele fez um balanço final do Encontro:
“O resultado não poderia ser outro, pois estavam no ambiente mais de 300 pessoas de coração generoso, dispostas a servir, cuidar e amar uns aos outros, totalmente abertas ao aprendizado e também ao compartilhamento de suas experiências, fortalecendo o crescimento coletivo e a nossa especialidade: Patologia das Construções. Professores renomados fizeram parte, contribuindo com sua história, conhecimento técnico e braços abertos a receber a nova geração”.
E finalizou sobre o Legado que ficou e um convite especial:
“Voltamos à rotina renovados pela energia que nasce do conhecimento técnico, de novas ideias, direções e objetivos. Vivemos em família, amigos escolhidos, nossos parceiros de trabalho, certos de que é possível atuar com aquilo que nos apaixona e construir juntos um legado com a nossa autenticidade. Gratidão a todos os enapatianos de 2025 — vocês fazem parte desta história. Que venha agora a FEIPAT! Nos encontramos em 2026, de 9 a 12 de setembro, no São Paulo Expo Imigrantes, para mais um evento com a marca da família ADPAT: a Feira da Patologia das Construções”.
Saiba mais em https://feipat.com.br e https://adpat.com.br
* Eduardo Freitas – Engenheiro Cartógrafo, Técnico em Edificações, MBA em Gestão Ágil de Projetos, Gerente de Conteúdo da MundoGEO
Imagem de capa: Pixhere
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