A Hora das Bibliotecas Digitais


Mapa da Califórnia na página http://elib.cs.berkeley.edu

Conforme citado no artigo anterior, o pesquisador do Inpe, Gilberto Câmara, considera que a nova geração de GIS serão as bibliotecas geográficas digitais ou centros de dados geográficos. Uma biblioteca geográfica digital é um banco de dados geográfico compartilhado por um conjunto de instituições. Tais bibliotecas são responsáveis pelo gerenciamento de grandes bases de dados geográficos, com acesso por redes locais e remotas, com interface via WWW.

Além de dados geográficos, estas bibliotecas devem armazenar descrições sobre metadados e documentos multimídia associados (texto, fotos, áudio e vídeo). Assim como nas bibliotecas convencionais, a informação pode ser indexada e recuperada de diversas maneiras, seja pela simples descrição de itens disponíveis, seja por métodos de recuperação somente possíveis para informações digitais.

Bibliotecas digitais precisam ser indexadas para que os usuários possam pesquisá-las por seu conteúdo. Iinterfaces de acesso deverão permitir aos usuários não só a pesquisa mas também o folheamento (browsing). O folheamento espacial (spatial browsing) é a atividade de navegar pela base de dados geográficos sem ter a noção exata do que se deseja. Um dos recursos disponíveis para pesquisa em bibliotecas geográficas digitais é o hipermapa. Em bancos de dados de hipertextos, como a WWW, cada documento pode conter vários links para outros objetos em diversos tipos de mídia. Estes links estão disponíveis para o usuário com um clique de mouse. O link pode ser um ícone de país, de uma região específica ou um bairro em uma cidade. Com um clique do mouse sobre o ícone o usuário pode obter o mapa desejado. Entre as vantagens do uso do conceito de hipermapa estão sua característica intuitiva e facilidade de compreensão por parte do usuário, e a capacidade de pesquisar e folhear pela interação direta em oposição ao preenchimento de campos de formulários. Na maioria dos casos não é necessária a precisão de um GIS. Entre as desvantagens deste tipo de metáfora, podemos citar o excesso de ícones disponíveis na tela, se a base de dados for muito rica.


Zoom do mapa da Califórnia

O folheamento geográfico terá papel-chave no futuro, permitindo o acesso efetivo às bibliotecas digitais. Segundo os professores Laurini e Thompson, (em "Fundamentals of Spatial Information Systems", Academic Press LTD, San Diego, CA, 1992), cerca de 80% de decisões de governos estaduais e municipais envolvem componente espacial, direta ou indiretamente. Assim, pesquisadores, cientistas, entidades governamentais, bibliotecas e estudantes poderão recuperar fácil e rapidamente informações de que precisam para executar tarefas que vão desde pesquisas para novos projetos urbanos até controle ambiental.
Bom exemplo de biblioteca digital em funcionamento é o projeto da Universidade da Califórnia em Berkeley. O objetivo é desenvolver tecnologias para acesso inteligente a grandes conjuntos de fotografias, imagens de satélite, imagens, mapas, textos e documentos multimídia. Estão disponíveis no site http//elib.cs.berkeley.edu documentos sobre o meio ambiente, fotografias, fotos aéreas, dados geográficos e dados sobre botânica. Escolhendo a opção dados geográficos, temos à disposição ferramentas de pesquisa geográfica, dados sobre o norte da Califórnia, represas, peixes do rio Sacramento e legislação ambiental. Escolhendo a opção costa norte da Califórnia, uma aplicação escrita em linguagem Java será carregada. A transferência de dados e da aplicação é lenta, mas vale a pena esperar. O que se vê é uma aplicação pequena e simples, mas eficiente e fácil de usar. Pode-se escolher os níveis (dados) de informação a se mostrar. Também podem ser usados recursos simples de zoom e movimento vertical do mapa. Este projeto é bom exemplo de divulgação de informações geográficas e mostra que a época das bibliotecas digitais é agora. O uso da linguagem Java permite uma grande interatividade do usuário com a aplicação facilitando a pesquisa de informações geográficas.

Frederico Fonseca é engenheiro mecânico, tecnólogo em Processamento de Dados e mestre em Administração Pública. Participa da equipe de geoprocessamento da Prodabel, responsável pela implantação do GIS da Prefeitura de Belo Horizonte. email: fred@pbh.gov.br