Estou participando deste mercado há 18 anos e claramente percebo que está havendo uma mudança profunda na cultura de geotecnologias no Brasil. Não entrarei aqui nos aspectos gerais e conjunturais da nossa economia, como a alta do dólar e uma certa recessão. Muito menos quero citar discursos famosos e ainda importantes, mas que muitas vezes são utilizados como desculpa, como falta de políticas públicas para o setor e falta de cultura cartográfica, só para citar dois exemplos clássicos.

Quero sim enumerar e provocar reflexões sobre questões mais práticas que podemos sentir nas conversas e nos números do mercado, que apesar de não serem exatamente conhecidos, apontam novos rumos.

Sempre achei (e continuo afirmando) que a mola que impulsiona todo este processo técnico e econômico é a demanda provocada pelo usuário da geoinformação. Mas qual o seu perfil hoje? O que mudou nos últimos anos? Primeiro, é preciso lembrar que não se trata mais de um usuário de mapas, de simples levantamentos de dados: hoje temos um usuário de sistemas de informações. Ninguém quer mais gastar escassos recursos de forma pouco integrada, só em mapas, software, ou equipamentos. Mais do que construir um sistema completo, o usuário quer mesmo é solucionar seus problemas.

Seja ele um administrador privado ou público, seu desejo é melhorar a qualidade de seus serviços e reduzir seus custos. Se dominar a geoinformação faz com que isso aconteça, então ele investe. As empresas que sabem entender esta necessidade estão crescendo. As que ainda estão querendo vender o que sempre fizeram da maneira que estavam acostumadas a fazer, sem escutar os usuários, estão ficando para trás.

Outro fator importantíssimo é a competição entre as empresas, que aliada à infinidade de novos produtos, avanços tecnológicos e à maior abertura da legislação, tem feito prazos e custos despencarem, além de fazer a qualidade subir. Podemos hoje facilmente identificar as dezenas de empresas de grande e médio porte do setor, localizadas no eixo Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Entretanto, posso afirmar com plena certeza que são centenas as empresas pequenas, espalhadas pelo país, que vêm se somar às grandes e médias que atuam em outras áreas mas estão incorporando em seus serviços as geotecnologias.

Se me pedissem para indicar áreas emergentes deste setor, citaria sem medo de errar, monitoramento de veículos, agricultura de precisão, publicação de dados geográficos, comercialização de imagens de satélite, levantamentos cadastrais e geomarketing.

Com certeza, neste final de século, estamos virando uma página importante da história deste mercado. Conhecendo o passado, entendendo as mudanças do presente, podemos vislumbrar um futuro ainda melhor para o mercado da geoinformação.