Para comentar o futuro de qualquer tecnologia é imprescindível avaliar seu passado. Um breve retrospecto das geotecnologias será de significativo valor para prever o que acontecerá a curto e médio prazo.

Cerca de 12 anos atrás discutia-se se o micro computador seria ou não suficiente para produção e utilização de informações geográficas. Vivia-se a difícil escolha entre ambiente UNIX ou MS-DOS; entre plataforma RISC ou INTEL; devia-se avaliar quem teria maior representatividade no mercado mundial da informática: Microsoft, IBM, Digital, ou HP.

Na tecnologia GIS, apresentavam-se de um lado empresas estrangeiras com soluções proprietárias de alto custo e que exigiam técnicos altamente especializados. De outro lado, a MaxiDATA, acreditando na evolução da tecnologia através de barateamento do hardware e de valorização do software, apresentava soluções simples, de baixo custo, tecnologicamente compatíveis com o usuário.

Apostávamos num princípio simples que só recentemente passou a ser considerado por empresas de geotecnologias. Acreditávamos que a tecnologia se popularizaria e se tornaria atividade econômica rentável na medida que sistemas desenvolvidos para pequenas e médias empresas passassem a incorporar mapas digitais. Era necessário, segundo entendíamos, praticar preços compatíveis com os micros que então se tornavam acessíveis a estas empresas.

Mas havia um grande problema. Não existiam mapas digitais e as poucas instituições e empresas que os tinham sequer imaginavam como disponibilizá-los. Nesse contexto, fomos obrigados a investir na criação de mapotecas digitais. Atuamos junto a empresas de aerofotogrametria fornecendo softwares, treinamento e consultoria. Ajudamos clientes a formar bases digitais. Digitalizamos cidades por conta própria. Participamos de projetos com outras empresas de informática.

Entendíamos e praticávamos a integração entre cartografia, cadastro, redes de comunicação, equipamentos, softwares pacotes, softwares específicos e capacitação de recursos humanos. Começava a surgir um novo usuário, que enxergava a tecnologia como meio de informação e tomada de decisão. Esse novo usuário coloca em segundo plano a discussão da tecnologia usada. Sua preocupação centra-se no resultado atingido, definindo quem será atendido, com que tipo de informação e com que grau de atualização. A forma de buscar este resultado começa a ser tratada no contexto da Solução Completa, pois o usuário aprendeu que simples aquisição de tecnologia ou contratação em partes não é suficiente.

Essa nova forma de atender o usuário impõe mudanças radicais nas formas de atuação de fornecedores de geotecnologias. E a situação é irreversível, pois está vinculada ao fato da tecnologia estar ao alcance de todos, a ponto de ser tratada em alguns casos como simples comodities. Fornecedores de produtos e serviços precisam agora fundir-se em consórcios, joint ventures, e parcerias, sub-contratar e ser sub-contratados. A empresa precisa focar com precisão sua missão e torná-la clara para o mercado.

A maior dificuldade, no entanto, é a cultura do empresário brasileiro. Poucos entendem o mundo globalizado e a vinculação de seu crescimento à sobrevivência de vizinhos e até de concorrentes mais próximos. O empresário brasileiro, em particular o de geotecnologias, não se parceiriza com concorrentes. Prefere recriar soluções ou importá-las, causando proliferação de produtos sem base para sustentação. Azar do usuário incauto, que só avalia o erro tarde demais. A longo prazo, o prejuízo é de todo o setor brasileiro das geotecnologias, que não se fortalece e abre espaço para serviços e produtos de empresas estrangeiras preparadas para o mundo atual.

Atenta a essa realidade, estamos nos preparando para o mundo globalizado, em que integração é elemento fundamental para crescimento. Temos participado de projetos conjuntos que vão da produção de CD-ROMs, soluções para Prefeituras, para Internet, até conversão de dados analógicos para redes de telefonia. Nossos parceiros têm sido empresas de informática, engenharia, cartografia e cadastro. Criamos e participamos de soluções completas e já sabemos dar os primeiros passos do que apostamos ser o geoprocessamento do futuro.

Continuaremos buscando parceiros comprometidos com o princípio da integração, pois acreditamos que o futuro das geotecnologias está no entendimento de que ela é apenas parte da Tecnologia da Informação e que não será contratada pelo usuário como fim em si própria.

Eduardo Bergson Filla é diretor fundador a MaxiDATA Tecnologia e Informática Ltda
email:eduardo@maxidata.com