Uma "redescoberta da Terra". É assim que cientistas das agências espaciais americanas NASA e NIMA (Agência Nacional de Imagens e Mapeamento), aliadas ao DLR (Centro Alemão para Navegação Aérea e Espacial) e à ASI (Agência Espacial Italiana), definem seu mais novo projeto em conjunto, a Missão de Topografia por Radar (SRTM). Através de 2 grandes antenas que representam a maior estrutura sólida acoplada a um ônibus espacial já lançada ao espaço, o projeto mapeou cerca de 80% da superfície terrestre, alcançando regiões até hoje pouco ou nunca exploradas. Além desse inédito percentual de mapeamento global, chama a atenção a qualidade da imagem gerada pelo sistema, que através da técnica de interferometria capta e cruza ecos de ondas de radar para gerar mapas em três dimensões de resolução até 30 vezes superior às encontradas atualmente. O material foi coletado pelo ônibus espacial americano Endeavour no período de 11 a 22 de fevereiro último.

Primeira imagem feita pela nave Endeavour, segundo a Nasa.

Apesar de conturbada por vários contratempos mecânicos, a missão foi considerada um sucesso e terminou com um surpreendente saldo de 326 fitas digitais (o equivalente a mais de 15 mil CDs) repletas de informações. As imagens captadas pelo radar já estão sendo processadas, porém os mapas topográficos completos da Terra só devem estar concluídos dentro de 1 ou 2 anos. Algumas imagens de menor resolução e mesmo assim superiores às atuais – , inclusive de regiões brasileiras, estão disponíveis para consulta pública no site http://www.jpl.nasa.gov/srtm/image_products_list.html. Infelizmente, poucos cientistas de fora dos Estados Unidos poderão se beneficiar da totalidade do projeto. Após terminados os mapas digitais, a distribuição das informações será regulamentada pelo Pentágono, que já prevê diversas aplicações militares para esses novos dados geoespaciais. Entre as aplicações civis do SRTM, destacam-se a pesquisa de vulcões e terremotos, o controle da navegação aérea, novas políticas de urbanismo, e o estabelecimento de sítios ideais para a instalação de torres de telefonia e comunicações. Os dados de relevo obtidos pela missão podem também ser usados para aprimorar imagens coletadas por satélites ou outras missões, "colando-se" as informações.