O uso de um eficiente sistema de informações é cada vez mais obrigatório na vida das empresas. É fato notório que uma das fases mais demoradas e caras na montagem de um bom sistema é a formação e manutenção da sua base de dados, particularmente a base cartográfica. A questão é: quanto vai custar esta despesa?

Quem já acordou para a nova realidade sabe que a palavra "despesa", neste caso, significa "investimento". Tanto na área pública como na privada, os fatos comprovam. Veja o exemplo da prefeitura de Maceió que investiu, em 1999, 6 milhões de reais para mapear a cidade e recadastrar os imóveis. Apenas no primeiro ano após o trabalho, conseguiu uma receita adicional no seu IPTU dos mesmos 6 milhões, e agora está aproveitando os dados para montar um Sistema de Informações Geográficas, que proporcionará muito mais eficiência e economia na gestão municipal.

Na cidade de São Paulo, onde se tenta bravamente conter o caos de uma explosão demográfica cada vez maior, está sendo dada uma excelente solução para a questão de uma única base de dados. Na Gazeta Mercantil (dia 21/nov – pag. A-8) foi publicada a criação de uma empresa privada chamada One Call, que irá reunir toda a base de dados das empresas de infra-estrutura, incluindo o subsolo. Alguns dados apresentados pela Abratt – Associação Brasileira de Tecnologia Não-Destrutiva, impressionam sobre a capital paulista. Veja o quadro:

* 10% a 20 % é a redução no faturamento das empresas que realizam perfurações, devido aos constantes acidentes.

* 80 % é a chance de ocorrer um acidente com os dutos, cabos ou instalações quando o método utilizado para localizar algo é o "tentativa e erro".

* 180 dias foi o tempo que a Companhia Estadual de Tráfego (CET) esperou para conseguir os dados necessários para realizar uma instalação próximo a Avenida Paulista (depois disso, a obra foi executada em apenas 3 dias).

Devem participar do "consórcio" para o mapeamento do subsolo de São Paulo, além da Telefônica, Sabesp, Vésper, Embratel, Metrô e das associadas da Abratt, as empresas de TV a cabo, as distribuidoras de gás, energia e a própria prefeitura.

Além destas soluções criativas , parece que finalmente o governo federal vai começar a investir no mapeamento nas escalas pequenas (1:25.000, 1:50.000 e 1:100.000), tão importantes para servir de base para inúmeros projetos . No momento a CONCAR – Conselho nacional de Cartografia, com apoio da comunidade cartográfica do país, particularmente da SBC- Sociedade Brasileira de Cartografia, está montando um plano de dinamização da cartografia nacional que prevê investimentos significativos na ordem de dezenas de milhões de reais na execução de mapeamento em grandes áreas para os próximos anos.

Todos esperam, empresas privadas e públicas, produtoras e usuárias de geoinformações, que o orçamento do projeto seja aprovado pelo legislativo, e que o executivo viabilize a sua realização. O melhor seria contratar empresas privadas para a execução do trabalho, utilizando os órgão responsáveis por lei pelo mapeamento sistemático (ver fórum de debates pág. 61) como o IBGE e a DSG, para especificar e acompanhar sua execução.

Além da riqueza de dados que o censo 2000 esta gerando, temos que ter uma base cartográfica de igual qualidade, e não uma pilha de mapas defasados em mais de 30 anos, como ocorre hoje.

Gis Day no Brasil
Nesta edição, a InfoGEO traz para você um levantamento do GIS DAY (ver reportagem pág. 32), uma prova concreta de como a tecnologia associada à globalização pode trazer benefícios ao planeta. Não temos ainda os números mundiais oficiais deste ano, mas, baseado nos números do ano passado, deve ter reunido mais de três milhões de pessoas espalhadas por cerca de 2.000 instituições em mais de 100 países. Todos em sintonia com a meta maior de "democratizar a geotecnologia e colocá-la a serviço do homem, atingindo o maior número de pessoas possível", segundo Angélica Nogueiri Tedesco, engenheira da Maplan e coordenadora do GIS DAY em Vitória, que reuniu mais de 1500 profissionais.

Infogeo – Investimento no Conteúdo
Os últimos meses têm sido especiais para a equipe de geração de conteúdo da revista infoGEO, que agora conta com quatro profissionais. Neste período, além da pesquisa na Internet e contatos via telefone, priorizamos a participação de eventos – Rio de Janeiro, Florianópolis, Vitória, São Paulo e Curitiba – e visitas técnicas para contato direto com nossos leitores e descobrir ainda mais suas necessidades. Tivemos a oportunidade de conversar com empresários e funcionários públicos, usuários e produtores de geoinformação. Desta forma, nossa equipe está se afiando cada vez mais com o mercado para continuar produzindo em 2001 o conteúdo da revista e do site cada vez mais rico em informação.

Emerson Zanon Granemann é engenheiro cartógrafo e
editor da infoGEO. emerson@infogeo.com.br