O uso de sistema de informação geográfica é fundamental para empresas que dependem de grande banco de dados

O nível gerencial das corporações sempre dependeu do bom uso de informações de mercado e base de dados com informações do próprio negócio como instrumento de análise de cenários para definição de ações estratégias de planejamento, na definição dos planos de expansão, no planejamento das ações comerciais, no planejamento de marketing, entre outros.

Um olhar mais atento para o problema mostra que quase sempre se tem que trabalhar no mínimo com dois tipos de base de dados com peculiaridades e aplicações completamente distintas. Uma base de dados de mercado com um conjunto de variáveis que servem para conhecimento e qualificação de mercado (IBGE, RAIS, Correios, etc), e uma base de dados de negócios que contenha informações sobre as características de negócios (cadastro de clientes) que forneçam dados de endereços, gastos, categorias, padrão de consumo, etc.

A diferença básica no tratamento dos dados com bases de informações, além é claro do conteúdo que cada uma disponibiliza, está na abrangência, ou seja, no universo que cada uma dessas bases representa.

Esta diferença faz muita diferença! O caso é que para se trabalhar qualquer variável, para qualquer tipo de aplicação que requeira o uso de técnicas estatísticas (pesquisa, amostra, extrapolação, interpolação, projeção, qualificação) é muito importante que seja observado o universo que se está contemplando no estudo. Toda parametrização do trabalho depende de um conhecimento mínimo da base de dados. E os resultados dependem de modelos e parâmetros.

Quando se utiliza cadastro de clientes, seja da própria empresa ou de terceiros (assinantes de jornal, cartão de créditos, assinantes de TV paga, clientes de empresa de telecomunicações) para qualificação ou projeção de mercado é importante lembrar que o universo que está sendo tratado é clientes da empresa X, assinantes da empresa Y, etc. Neste caso, os trabalhos de extrapolação, projeção, qualificação, pesquisa e principalmente definição de amostra para pesquisa e/ou definição de perfis com a finalidade de extrapolação deverão considerar a parcela do mercado que está sendo parametrizada.

O corpo técnico das companhias que utilizam várias bases de dados e buscam a transformação desses dados em informações e conhecimento sempre lida com a dificuldade em se enxergar através de linhas e colunas as avaliações de pertinência, proximidade ou conectividade para o estabelecimento de parâmetros de análise quanto diferenças, semelhanças, padrões, tendências ou exceçõesnos dados em questão.

Contudo, o trabalho de adequação dessas várias bases para o tratamento das informações disponíveis ficou muito mais fácil com a utilização de soluções baseadas num ambiente de GIS.

A possibilidade de tratamento das bases de dados como "layers" de informações e sua transformação em "imagens" com cores, símbolos ou grafia diferenciada e ainda geograficamente desenhados em um mapa digitalizado resultam na definição de mapas inteligentes com uma apresentação da informação com muito maior poder de visualização e análise. Isto diminui custos, melhora resultados, otimiza projetos e viabiliza novas análises.

Porém, a tomada de decisão quanto à utilização de soluções baseadas em ambiente GIS sempre vem acompanhada de questões como: o que se agrega ao processo são apenas mapas coloridos; quanto tenho que pagar por isto; existe uma relação custo x benefício que justifique tal investimento?

Uma avaliação mais apressada pode sugerir que a substituição de ferramentas não seria o mais urgente para empresas que vivem um momento de crise com acirrada competitividade. Porém, eu costumo dizer que se este tipo de pensamento fosse compartilhado pela maioria, provavelmente ainda estaríamos trabalhando com enormes cadastros de clientes em fichas feitas em tipografia, os atendimentos a clientes seriam feitos ainda com base em centenas de posições de atendimento cada uma com seu fichário ao lado, gasto, encardido, porém indispensável.

As mudanças de tecnologia sempre acontecem acompanhadas desse tipo de raciocínio, o que de certa forma melhora o processo decisão. O que não pode acontecer é deixar o tempo passar e perder a hora. A melhor hora para a mudança tecnologia é após as análises de custo x benefício para sua empresa, definição dos resultados esperados, mas sobretudo antes da concorrência. A possibilidade de ganhos com o estabelecimento de um comportamento arrojado é muito maior.

Além do estabelecimento da melhor hora para a mudança, é importante a observação de que as tecnologias sempre vêm para quebrar paradigmas. No caso das ferramentas baseadas nos Sistemas GIS as modificações no ambiente de análises de informações nas empresas nunca mais será o mesmo após a utilização da primeira solução criada com o uso de uma ferramenta que possibilite a análise espacializada das informações.

Por tudo isto é que se recomenda uma análise de cenário na busca de resposta quanto ao melhor tempo para a mudança, uma vez que sabemos que a implantação de um ambiente GIS nas empresas que dependem de grande banco de dados deverá ocorrer mais cedo ou mais tarde. O que não se pode é perder a melhor hora para a quebra de paradigmas! Num mundo onde o fundamental é estar à frente nas decisões importantes pode significar muito dentro da guerra da competição pela ocupação do mercado.

Maria da Conceição Pereira é graduada em Administração de Empresas e mestre em Demografia pela UFMG, coordena a Área de Inteligência de Mercado da Brasiltelecom. pereira@brasiltelecom.com.br