Todo mundo sabe e lamenta que o Brasil tem apenas 1% de seu território mapeado na escala 1:25.000. Além disso, o mapeamento sistemático em escalas maiores, como 1:20.000, 1:10.000 ou 1:5.000, ainda é mais difícil de ser encontrado, exceto em áreas das maiores cidades ou que estejam sendo utilizadas para a construção de grandes obras de engenharia, como estradas, aeroportos, hidroelétricas, entre outras. Mapeamentos em escalas cadastrais como 1:2.000 ou 1:1.000, então, são mais raros ainda, devido a seu "alto" custo. Poucas cidades brasileiras têm este tipo de informação atualizada.

Por que a situação é assim tão precária? A resposta está na ponta do língua de qualquer administrador público: este trabalho é muito caro. Muitos, infelizmente, pensam que "este tipo de investimento não aparece para as pessoas (eleitores)". Quem trabalha para prefeituras sabe que em 2004, ano do último mandato, dificilmente serão feitos novos contratos de mapeamento.

Podemos afirmar que existe um erro estratégico na forma de abordar este problema. Explicações técnicas não funcionam, bem como afirmações genéricas como "poderemos melhorar os impostos ou planejar melhor a cidade" também são pouco eficazes. Por que não vamos então direto ao ponto?…

Quanto custa a falta deste mapeamento? Quanto uma cidade deixa de arrecadar em impostos? Quanto tempo e recursos são gastos na busca de informações para a tomada de decisão, sem falar que as informações disponíveis podem estar incorretas e desatualizadas. No caso de projetos estaduais e federais, com certeza, poderiam existir ganhos se tivéssemos uma cartografia sistemática atualizada, pois o que ocorre é que a cada novo projeto isolado sempre é necessário investir em base cartográfica.

Um exemplo claro está na construção de uma obra grande como uma hidroelétrica, que do projeto à conclusão pode demorar até 6 anos. Em geral, os recursos para mapeamento ficam na ordem de 1 a 2% do total previsto para o projeto, entretanto o prazo para execução pode ser de até 2 anos, dependendo das dimensões e características do trabalho. Logo, se uma cartografia já existisse, a economia seria de tempo e dinheiro.

Em vez de nos conformarmos com a resposta negativa; quando informamos quanto custa o mapeamento, devemos devolver a pergunta: Quanto custa não ter o mapeamento?

A sugestão óbvia que fica é que a comunidade cartográfica deve se mobilizar para ter estas respostas de forma bem convincente. Um bom caminho seria as Universidades apoiadas pelas empresas montarem projetos para buscar estas respostas, através de criação de modelos de simulações , ou até da busca dos resultados de usuários que já têm uma base atualizada.

Estes resultados deveriam ser apresentados em congressos, publicados em revistas e serem usados como fortes argumentos para que contratantes potenciais, principalmente da área governamental, se sensibilizem e invistam mais na área de mapeamento.

Nota: Estamos lançando nesta edição a Revista InfoGPS, encartada na InfoGEO. Na página 73, você poderá ler mais informações sobre esta nova publicação da Editora Espaço GEO.

Emerson Zanon Granemann é engenheiro cartógrafo e editor da infoGEO. emerson@mundogeo.com.br