O ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, apresentou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva as primeiras imagens produzidas pelo Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres – CBERS-2, lançado no último dia 21 de outubro, da China. No encontro, ocorrido no dia 29 de outubro, Lula disse estar satisfeito com o sucesso do programa em parceria com os chineses. O ministro Roberto Amaral destacou que o Brasil foi responsável por 30% da tecnologia utilizada para a montagem do satélite. "No CBERS-3 seremos responsáveis por 50% e esperamos lançar os próximos diretamente do Centro de Lançamento de Alcântara", disse. O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), unidade de pesquisa do Ministério, Luiz Carlos Miranda, que também participou do encontro, disse que as imagens foram mostradas ao presidente em razão do seu valor histórico. "Tratam-se dos primeiros dados do CBERS-2, o segundo satélite desenvolvido por meio de uma parceria de 15 anos entre o Brasil e a China na área espacial", ressaltou.

O CBERS-2 será útil para o monitoramento de queimadas, desmatamento e para previsão de safra. Considerado de grande porte, o CBERS-2 tem dois metros de comprimento e dois metros de largura e pesa 1,5 tonelada. O equipamento tem duas câmaras que operam na faixa do visível e uma na faixa do infravermelho, que permite a visualização de queimadas.

A Agência Espacial Brasileira (AEB) adianta que o CBERS-3 e 4 levarão câmaras mais avançadas, que permitirão maior resolução de detalhes do solo. O CBERS-3 deverá estar em órbita em 2006 e o CBERS-4, até 2007. Assim como os dois primeiros, a terceira versão do satélite sairá da China, mas o CBERS-4 será lançado da Base de Alcântara, no Maranhão. É possível, ainda, que o quarto CBERS leve um radar, o que permitirá fazer imagens à noite e em dias de nuvem. O custo total do programa CBERS, até o momento, foi de US$ 300 milhões, sendo que o Brasil pagou um terço. O montante incluiu a integração dos satélites, os testes, os gastos com infra-estrutura e pessoal e também o lançamento. A AEB prevê que os próximos satélites da série terão custo superior, cerca de US$ 200 milhões cada um, em função das câmaras mais sofisticadas que levarão.

Termo de cooperação – Os dirigentes do Programa Brasil-China para Sensoriamento Remoto assinaram memorando de entendimento com os critérios para o controle do satélite CBERS-2, que será dividido entre os dois países. O controle do satélite está relacionado com sua operação de forma direta e não com a aquisição de imagens que será feita por cada país em sua área de interesse após todos os testes iniciais. O controle é feito por telecomandos enviados dos centros de comando instalados no Brasil e na China. Desta maneira, os técnicos conseguem controlar o comportamento do satélite, sua atitude em órbita e promover uma série de testes e aferições dos equipamentos a bordo do CBERS-2. O documento foi assinado pelo chefe da delegação brasileira, Leonel Perondi, e pelo chefe da parte chinesa, Tao Youqin. Na agenda de controle do CBERS-2, os primeiros nove meses de controle do satélite ficarão sob responsabilidade dos chineses, incluindo os dois meses de testes iniciais. Na seqüência, o Brasil passa a comandar o satélite por oito meses seguidos. Terminado esse prazo, o controle, novamente, ficará por conta dos chineses por sete meses. Caso o controle do satélite se estenda além da vida útil de projeto, especificada em dois anos, como ocorreu no caso do CBERS-1, também já foi programado um cronograma de ações. Os primeiros seis meses ficarão a cargo dos técnicos do INPE. Os chineses voltam a controlar o satélite no semestre seguinte. Findo esse prazo, o controle do satélite será, então, dividido em períodos de três meses para cada um dos países, começando pelo Brasil.