A solução para as freqüentes falhas de sinais entre o aparelho de GPS e os satélites que orbitam o planeta está próxima. Um grupo de cientistas brasileiros têm tentado resolver o problema que traz transtornos a muitos usuários desta tecnologia.

O uso do GPS em algumas áreas tornou-se necessidade. Um navegador num barco em alto mar que contenha esta ferramenta a bordo muito provavelmente vai conseguir voltar em segurança para casa. Isso ocorre por causa do tráfego de sinais de radiofreqüência entre aquela embarcação e os satélites de posicionamento global.

Uma vez que a precisão nesse caso não precisa ser milimétrica, os desvios físicoquímicos que ocorrem entre o satélite e o ponto no meio do oceano onde se encontra o barco nem precisam chegar ao conhecimento do usuário do GPS. Entretanto, outros tipos de aplicações, como medições meteorológicas, exigem o máximo de precisão. Nesses casos, um fenômeno como o atraso zenital troposférico passa a ter uma importância muito grande.

Os sinais sofrem constantemente influências de diversos elementos químicos que estão espalhados na troposfera, a camada mais superficial da atmosfera. São exatamente essas forças que provocarão um atraso no deslocamento das radiofreqüências, em descompasso que irá interferir nas medições aferidas pelos sistemas georeferenciados.

"Estamos desenvolvendo um modelo que poderá, entre outras funções, ser usado para corrigir medidas feitas com GPS", disse João Francisco Galera Monico, professor do Departamento de Cartografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista, no campus de Presidente Prudente.

De acordo com Monico, a partir de modelos numéricos usados na meteorologia, a geodésia, uma das especialidades da cartografia, poderá desenvolver ferramentas mais adequadas para que o atraso zenital troposférico possa ser corrigido. "Os modelos que existem hoje foram construídos com base em dados coletados apenas no Hemisfério Norte", afirma Mônico.

No caso do projeto desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em parceria com o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), um dos caminhos para solucionar o problema é obter a previsão do atraso zenital troposférico com base no modelo de previsão numérica de tempo.

O que os cientistas estão fazendo é o desenvolvimento, a partir de equações matemáticas, de rotinas que possam ser automaticamente processadas em programas de computador.

As funções de mapeamento consideram as variáveis hidrostática e úmida do atraso zenital troposférico.