A Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), ONG com sede em Curitiba (PR), usa um sofisticado Sistema de Informações Geográficas (GIS – sigla em inglês) para orientar e monitorar o plantio de mudas de espécies de árvores nativas, com parte dos projetos de restauração da Floresta Atlântica e ações contra o aquecimento global em áreas devastadas em Antonina e Guaraqueçaba, no litoral do Paraná.

Em cada ponto monitorado, são sobrepostas informações sobre o tipo de solo, topografia, declividade e vegetação. A partir do cruzamento dessas informações, são estabelecidos "polígonos", áreas com características semelhantes. Em seguida, os técnicos da SPVS definem que tipo de muda será plantada, em que época, sob quais condições, usando qual técnica e ainda estabelecem, graças ao banco de dados, o espaçamento ideal entre as mudas e a periodicidade de manutenção, para evitar que a planta seja engolida pela vegetação do entorno. Outro tipo de informação agregada refere-se às estradas da região, o que permite planejar o deslocamento e a logística de plantio em função do acesso.

Definindo quantas mudas e quais espécies vão ser plantadas em cada local, é possível planejar quantas mudas se precisa produzir nos viveiros das reservas da SPVS, quanto tempo vai demorar, quanto vai custar e outras informações.

Mudas
Até dezembro de 2003, já foram plantadas 288 mil mudas de árvores nativas da região, em 126 hectares. Até 2009, está previsto o plantio de mais 1.169.000 mudas nas três reservas que a SPVS mantém no litoral do Paraná.

A restauração da floresta começou em 1996, com um projeto-piloto de plantio de mudas nativas às margens do rio Cachoeira, que corta a reserva da SPVS de mesmo nome. Naquela época, as mudas eram plantadas em saquinhos de plástico. Ao longo dos três anos seguintes,
foram plantadas 15 mil mudas de 70 espécies nativas.

A partir de 1999, com financiamento para os projetos contra o aquecimento global (seqüestro de carbono), desenvolveu-se uma metodologia para recobrir áreas maiores (cerca de 1600 hectares nas três reservas), com o cultivo de mudas em tubetes em vez de saquinhos plásticos. Dá pra se produzir 10 mudas em tubetes no espaço ocupado por uma muda em saquinho, mas a mortalidade nos tubetes é de 10 a 20% e exige plantio em dias de chuva. Em vez de covas, os técnicos fazem canteiros na terra revolvida.

A capacidade de produção nos dois viveiros da SPVS vai de 300 mil a 400 mil mudas por ano, de 30 espécies diferentes. As sementes usadas são coletadas na floresta. São necessários 3 a 4 meses para que a planta alcance 30 a 40 cm de altura quando cultivada em um tubete, ou 4 a 5 meses para alcançar 1 metro em saquinho plástico.

Para fazer o manejo de cada área, são utilizadas fotos aéreas, imagens de satélite, ortofotos e amostras de campo. Com o planejamento em mãos, os técnicos responsáveis pelo plantio vão cumprindo o cronograma e ao mesmo tempo "prestando contas" sobre a produtividade, o crescimento das plantas, etc.

As áreas prioritárias para recuperação são margem de rios, áreas erodidas, e locais com graus mais severos de degradação. As mudas que estão sendo plantadas agora "puxarão" o crescimento da floresta, com a regeneração natural em alguns locais. Por isso, na verdade só haverá plantio em 30% da área degradada, pois o resto nascerá naturalmente.

Resumo das etapas:

1. Coleta de dados físicos
2. Processamento dos dados em GIS,utilizando um sistema de projeção
geográfica
3. Pesquisa técnica de plantio: a planta X precisa do solo tipo Y para se desenvolver, com umidade Z, declividade W etc.
4. Definição dos lotes ("polígonos") a partir dessas regras.
5. Parte operacional – o plantio em si, orientado pelos mapas e com coleta de dados para análise de produtividade e reavaliação dos métodos
6. Monitoramento e manutenção.


Imagem 1: Mapa das áreas de restauração florestal da Reserva Natural do Cachoeira


Imagem 2: Cada polígono de plantio faz link com o Banco de Dados através de sua identificação.

+ Informações: www.spvs.org.br