A utilização de soluções SIG em empresas concessionárias de serviços públicos, tais como energia elétrica, telecomunicações, saneamento e abastecimento de águas, avança para além dos tradicionais espaços relacionados com a engenharia e a operação, que constituem o ramo de negócio da empresa.

São destaques as iniciativas para dotar as soluções SIG com funcionalidades, máquinas de Estados, integrações e mobilidade, as quais permitem às empresas acompanhar a construção e a evolução da infra-estrutura que suporta a expansão dos negócios, não apenas sob a óptica da engenharia e operação, mas também sob o ponto de vista dos custos de manutenção, dos investimentos em obras civis, e na necessidade de acompanhar e monitorar o ciclo de vida dos projetos. Esses avanços são conquistados com a evolução funcional das soluções e com um nível cada vez maior de integrações, em especial com sistemas ERP. Por conseqüência, as soluções SIG passam a ter maior presença no centro das decisões empresariais. A análise seguinte aborda a evolução das soluções SIG, sob a perspectiva das facilidades disponibilizadas ao longo do tempo para a gestão das obras e serviços de infra-estruturas.

Gestão de infra-estrutura, construção e acompanhamento

Desconsiderando as particularidades de cada ramo de negócio, as atividades desenvolvidas pelos usuários de SIG nas empresas perfaz sempre o ciclo planejamento – projeto – construção – manutenção – operação – venda. Entendemos como usuários de SIG, não somente aqueles que visualizam mapas e imagens, mas todos que fazem uso de informações contidas nas bases de dados do SIG.

Em especial, para projeto, construção e manutenção de infra-estruturas, os avanços são notórios e podem ao longo do tempo serem descritos em cinco fases:

Fase 1 – Funcionalidades de desenho e regras de engenharia

Inicialmente as soluções SIG ofereciam funcionalidades de desenho (similar aos CADs) para realizar projetos, e conceitos refletindo as regras de construção da infra-estrutura. Por exemplo, na construção de uma rede de elétrica, ao inserir um cabo aéreo, devem existir os postes, sobre os quais os cabos são fixados, e deve haver uma associação lógica entre os cabos e os postes.

Fase 2 – Facilidade para gerar relatório de material e mão de obra

Com o desenvolvimento dos relatórios automáticos de material e mão de obra, um grande avanço operacional foi obtido e refinamos as estimativas de custos. Sobretudo para projetos de maior complexidade, muita agilidade foi agregada ao projeto. O projetista, ao inserir um novo elemento em seu projeto, já estava considerando também todos os insumos e as classes profissionais necessárias para tornar real o elemento de seu modelo. As soluções GIS foram dotadas de facilidades para cadastrar a relação dos materiais e classes de mão de obra, permitidos sob uma óptica corporativa, garantindo maior qualidade na elaboração dos projetos.

Fase 3 – Versionamento e máquina de Estado para acompanhar o ciclo de vida do projeto

A evolução tecnológica dos SIG permitiu a edição de projetos sobre os dados da infra-estrutura existente, criando diferentes versões de projeto sem alterar as informações vivas do cadastro. Os projetos passaram a ser elaborados sobre os dados do cadastro existente, sem que houvesse impacto para as operações empresariais ou alteração do mesmo.

Adicionalmente, os projetos puderam ser divididos em seqüências de serviços. Esse foi um grande facilitador para acompanhamento de grandes obras. Ao agregar a máquina de Estado refletindo o ciclo de vida da obra, os elementos do cadastro passaram a ter status, tais como: em elaboração, em contratação, em construção, existente e outros mais, que refletem as regras de acompanhamento de projeto de cada empresa.

Fase 4 – Integrações sistêmicas e ERP

No estágio atual as soluções SIG estão amplamente integradas aos demais sistemas empresariais, sobretudo aqueles relacionados às operações das empresas. Mais uma vez um grande passo ocorre quando integramos o SIG com o ERP.

A integração com ERP significa mais automação de processos e avanços administrativos em procedimentos que sempre foram críticos na execução dos projetos. Um bom exemplo são as freqüentes discrepâncias entre as quantidades previstas em projeto e aquelas apresentadas na prestação de contas do serviço realizado. Quando o SIG está adequadamente integrado ao ERP, as quantidades de material e mão de obra são naturalmente informadas pelo SIG ao módulo de projetos do ERP e mitigamos erros de estimativas e custos associados à obra. Assim sendo, o projeto e a construção previstos no SIG terão suas informações contábeis atualizadas no ERP. Nos projetos e obras de maior complexidade, envolvendo seqüências de serviços, medições e pagamentos por serviços executados, a integração traz maior agilidade e confiabilidade administrativa.

Ademais, a integração SIG-ERP é também motivada pela crescente necessidade de uma gestão eficiente dos ativos físicos. Nesse caso a integração entre os ativos físicos e contábeis é mandatória. Outras motivações são, por exemplo, de origem regulatória, tais como a Regulamentação Aneel 234, Regulamentação Anatel 396 e a SOX.

Fase 5 – SIG com Mobilidade

As soluções SIG em dispositivos móveis e dotadas com facilidades que permitam a gestão de obras de infra-estrutura não é uma demanda recente. No entanto, é recente a disponibilidade dos meios para utilizar as soluções móveis de forma produtiva. São marcantes também a evolução dos equipamentos (PDAs, celulares e outros), a oferta de serviço de comunicações sem fio de alta velocidade e a expansão das áreas de cobertura. O ambiente propício ao uso das soluções SIG com mobilidade já é uma realidade.

A expectativa é dotar o profissional de campo com soluções SIG e mobilidade on line, que permitam a edição de dados no dispositivo móvel e a atualização dos dados no servidor do SIG corporativo em tempo real. Ainda existem limitações aos processos de edição, download, upload e a questão do sincronismo nas bases de dados. Porém, as limitações estão sendo superadas e certamente a adoção da mobilidade será mais uma grande conquista rumo à gestão eficiente das obras de infra-estrutura.

Visão corporativa única

A evolução tecnológica das soluções SIG traz um grande avanço na administração dos projetos e das obras de infra-estrutura de serviços. Independentemente da complexidade dos projetos, a realidade das obras de infra-estrutura pode ser integralmente projetada para dentro das bases de dados das soluções SIG, provendo uma visão corporativa única, que permite acompanhar todas as etapas das obras sem que haja qualquer impacto nas atividades de engenharia e operação das empresas. Ademais, a integração com os sistemas de ERP aproxima cada vez mais as tecnologias SIG do centro das decisões empresariais, criando uma nova fase na gestão das empresas usuárias de soluções SIG. Finalmente, a adoção das soluções SIG com mobilidade traz para os processos de gestão das obras uma agilidade extra nas atividades de manutenção e expansão da infra-estrutura e dos negócios das empresas.

Rogério OliveiraRogério Caporali de Oliveira
Atua no CPqD, onde é gerente de negócios e soluções de mercado
rogerioc@cpqd.com.br