Diversas maneiras de enfrentar o trânsito, principalmente o das grandes cidades, já existem para diminuir o tempo gasto pelos motoristas. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Inrix (www.inrix.com), principal fornecedora de informações históricas e preditivas em tempo real sobre o trânsito, facilita a vida dos usuários com estratégias diferentes das usuais, por meio da utilização do celular.

A Inrix foi criada em abril deste ano pelo Homeland Security Departament e a Microsoft. Dados de movimentação de usuários começaram a ser analisados por meio de rastreadores instalados em caminhões, carros com GPS e, principalmente, em celulares com GPS, com o intuito de mostrar o efeito real sobre o tráfego. Após alguns dias de uso, o resultado obtido auxiliou motoristas com informações detalhadas ao redor do lugar onde se encontravam, mostrando possíveis desvios baseados em dados históricos.

A técnica utilizada pela Inrix é chamada de “Reality Mining” e trata-se do estudo das informações de comportamento humano baseado no uso de celulares e outros dispositivos móveis. Esses aparelhos estão quase sempre ligados e em constante contato com as estações de bases de celulares. Isso permite extrair informações dos locais freqüentados pelos usuários, quanto tempo costumam ficar nesses locais e com quem se comunicaram. Quando equipados com GPS, o celular desses usuários pode gerar localizações precisas no mapa e esse tipo de sistema é mais preciso que os relatos de pessoas dizendo quem entrou ou saiu de determinado lugar.

O produto está sendo desenvolvido em diversos países, por meio de parcerias que a Inrix faz com os principais serviços de assistência, frotas de veículos comerciais, empresas de pesquisas e operadoras de celulares.

Nos Estados Unidos, a Inrix monitora 750 mil veículos ao longo de 100 mil quilômetros de vias, em mais de 129 cidades. A rápida valorização desse programa fez com que a expansão ocorresse em diversos países da Europa, ampliando também as aplicações. Em uma empresa de vendas, por exemplo, já é possível saber se o vendedor está certo sobre o que está falando, medindo apenas o tom de voz, mudanças na expressão facial e pela linguagem corporal.

As aplicações possíveis derivadas dessas informações vão muito além do usual. Em algumas cidades, por exemplo, podem ser utilizadas para se prepararem para possíveis ataques terroristas e catástrofes naturais, mostrando onde existe uma maior concentração de pessoas e indicando caminhos alternativos, em caso de bloqueio de regiões. Funciona também como um planejamento para cidades que queiram saber as melhores localizações para a construção de escolas, hospitais, centros de convenções, além de possuir tamanha importância para as companhias telefônicas, auxiliando no crescimento de serviço ao cliente.

No entanto, as informações sobre o proprietário do telefone ou com quem ele mantém contato são sigilosas. As operadoras de celulares incentivam as empresas e lojas locais a oferecerem benefícios para os usuários que permitirem uma análise de onde seus celulares estão, de onde as chamadas são efetuadas e com quem eles se relacionam, armazenando todos esses dados com confidencialidade. Esse tipo de tecnologia abre caminhos para o progresso de novos métodos como o controle de doenças e o gerenciamento dos usuários que mudam de operadoras e, com isso, influenciam os demais familiares e amigos.

Agora fica mais fácil entender o porquê de empresas como o Google e o Yahoo! estarem focadas em ganhar cada vez mais acessos por meio de celulares modernos, que possibilitam uma rica coleta de dados sobre os usuários. Aparelhos que informam não somente sua localização, mas também suas ações, comportamento social e até mesmo a sua influência diante dos membros de sua comunidade.

Rafael SiqueiraRafael Siqueira
Formado em engenharia mecatrônica pela Poli/USP
CTO do Apontador MapLink (www.apontador.com.br/www.maplink.com.br)
rafael.siqueira@lbslocal.com